Agora observo você passar por mim da mesma forma de quando chegou, agora seus olhos do qual ainda não sei identificar a cor estão muito mais próximos de mim, e não é só a sua tonalidade que eu não sei, também não sei durante quanto tempo eles estarão aqui e o que vai acontecer depois que não estiverem mais ao meu alcance.
Amava seu perfume e amava muito mais quando nossos aromas se misturavam e exalavam algo totalmente nosso, não tanto quanto o ato de seus dedos acariciarem meus lábios, e muito menos que o fato de que as minhas mão sempre encontravam seus braços, traçando minuciosamente suas curvas, seus músculos torneados, seus grossos pêlos e aquela pinta que você tem no braço direito. Sempre passei meus olhos sob você, mesmo quando jamais passaria pela minha mente lhe pertencer e agora ligo seus pontos, decoro cada sinal que seu corpo me dá; como a forma que você ajeita seu cabelo agressivamente, como o seu furinho no queixo ou a velha cicatriz na sua exagerada testa, conheço cada gesto e os estudo na esperança de que me digam qual direção seguir ou apenas guardá-los em mim. Adoro a forma como os seus olhos quase se fecham quando você ri, apesar deles serem lindos abertos, odeio a forma como você come, mas esqueço disso quando a sua mão segura a minha e vejo aquele conjunto de veias saltadas fazerem minha mão parecer minúscula.
Ah sim, e também tem seus olhos, sei que já os citei repetidamente, mas é que eles tem aquilo de mudarem de cor conforme o clima, ou como eles possuem aqueles riscos dourados e como parecem estrelas junto com as constelações de pintinhas no seu cangote e costas... E sobretudo, como faço questão de me perder nesse universo.
- Ingrid Amaral
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Suspiros
PoetryHá dias que você sente aquele aperto e sabe que sua hora de transbordar chegou, escrevo sobre aquela comédia romântica que me fez repensar sobre os meus conceitos de amor, sobre aquele casal de sorriso largo que andavam de mãos dadas na praia, sobre...