Naquela janela do ônibus lotado, através do vento quente que bate no rosto e por meio dos fones de ouvido que nos teletransportam de repente nos deparamos com o pensamento seguinte pensamento de que era naquele momento de que deveríamos ter levantado e ido embora, mas as obrigações e frequência da vida cotidiana nos puxa e deixamos pra lá, porque não vale a pena. Não mais. E como Marina Colasanti disse: a gente se acostuma, mas não devia. Mas vamos deixando pra lá tudo que nos machucou e os porquês de nos terem machucado, vez ou outra essas feridas, frustrações e decepções tornam a sangrar e trocamos as ataduras rapidamente, com pressa de quem não quer sofrer mais, de quem não quer relembrar de novo e seguimos adiante. Mas ainda dói!
A vida nos deixa cicatrizes, marcas de situações e pessoas que foram mas que ficaram na vida. De fato a vida segue e nada é para sempre, até porque o para sempre é muito tempo e felizmente ou infelizmente o tempo muda as coisas, já citava o filme o cão e a raposa. São tantas as adversidades, os empecilhos, as peças que a vida prega, vezes boas, vezes ruins. No fim ou estagnamos ou tudo muda. Há quem diga que todo esse processo faz parte do que somos hoje, e talvez tenha razão, porém sempre questiono: o que temos hoje? Olho para o passado sinto saudade, tristeza, felicidade, vontade rir e às vezes de voltar, no entanto nem sei se voltaria mesmo; olho para o presente e me senti bem, acho que cheguei lá ou penso que há muito para a chegar, faço promessas sobre meus limites de dignidade, de amor próprio e ética pessoal; por fim, olho para o futuro e sinto medo, ansiedade, vontade de chegar logo e não chegar, de escrever cada detalhe ou de deixar seguir naturalmente, e então penso se lá irei chegar e suspiro: eu quero chegar.
A vida é como andar no barro em linha reta, a gente segue, mas as marcas ficam, acentuadas, denunciando de pisamos mais firme ou mais fraco, se nos desequilibramos ou não. A vida é uma trilha cheia de surpresas, dá medo tem horas, dá excitação e sede saborear tem outras, é... A vida é uma prova, mas saber se somos nós quem a estamos aplicando e fazendo, ou simplesmente permitindo que o outro tome as rédeas do que chamamos de nosso destino e o escrevendo por nós.
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RETALHOS INACABADOS
De TodoEssa não é uma história de grandes heróis, belos romances ou fantásticas aventuras. Aqui há um pouco de cada coisa, especialmente sentimentos que clamam por ser expressados quando foram deixados pelo caminho e que ainda respingam um presente dolorid...