CAPÍTULO QUATRO

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Lauren tamborilou os dedos no balcão. Era um daqueles dias em que devia ter ficado em casa. Nada parecia dar certo. As lojas estavam cheias demais e ela era muito impaciente para suportar a espera.

Lançou um olhar furtivo na direção de Camila. Ela se esforçava para exercer com competência seu papel de decoradora. Examinava as amostras de tecido, combinava, comparava e fazia escolhas que submetia à sua apreciação. Mas seus pensamentos não estavam realmente concentrados na decoração da casa. O que a fazia reagir com indiferença ao entusiasmo dela.

Ela procurava ocultar sua frustração mantendo-se um pouco mais rígida, mais distanciada. O que era ótimo! Já vivera o suficiente para deixar de ser doida. Não queria complicações, queria sossego. Tudo fácil, sem armadilhas, sem complicações sentimentais. Um relacionamento de parentes, amigas. Nada mais. Queria ficar em paz com a sua consciência.

Mas aquele beijo...

A verdade era que não podia olhá-la como antes. Não depois daqueles momentos de completa loucura. Agora que sentira seu perfume, seu calor, queria mais. E sabia que, se ela também quisesse, não resistiria, apesar de todos os seus escrúpulos.

A atração que sentia por ela vinha de longe. Vinha dos anos de sua juventude, quando uma jovem sonhadora a perseguira até colhê-la. Mas o que aconteceu na noite anterior fizera-lhe ver que a Camila mulher era infinitamente mais desejável do que aquela adolescente do passado. Era a tentação em pessoa.

Tinha que reconhecer, porém, que essa nova mulher não parecia muito interessada nela. Deixara isso perfeitamente claro. Fora uma "criancice", ela dissera após aqueles instantes de paixão. Um momento de loucura. Nada mais.

O jogo invertera-se e havia uma espécie de justiça nisso. Mas, mesmo assim, não conseguia dominar-se. Só de acompanhar os movimentos, vê-la inclinar-se para a frente, correr a mão sobre o tecido do sofá e sorrir, sentia o desejo crescer. E atravessar o dia naquele estado de excitação sexual...

Estava cansada. Quase não dormiu aquela noite e não sabia se conseguiria aguentar aquela tensão.

Após oito horas de shopping, Camila estava a ponto de explodir. Elas tinham gostos completamente diferentes, em matéria de decoração. Conseguiu impor-se em algumas coisas, mas tudo levou o dobro do tempo necessário. Além disso, seu desinteresse a pegou de surpresa. Havia sido frustrante escolher tudo sob o seu olhar crítico.

Contudo, apesar dessas diferenças, tinham tido um dia bastante produtivo. Quanto ao resto era como se, por um acordo tácito, ambas pretendessem que nada mudara, como se o beijo que haviam trocado fosse apenas algo inocente. Uma criancice, como ela mesma dissera e nada mais. Talvez fosse porque Lauren se mostrava tão à vontade e tão dona de si como sempre. Ao contrário dela, que fazia questão de evitar os olhos verdes quando ela lhe dirigia a palavra.

Ao fim do dia, a maior parte dos móveis já escolhidos, Lauren propôs:

— Você está exausta. Mas, o que acha de jantarmos fora?

— É muita gentileza sua, mas será que não podemos deixar para outra ocasião? Não estou com a menor vontade.

— Então passarei no Stage e comprarei alguma coisa.

— Está certo.

Anoitecia, quando chegaram em casa. Lauren foi logo esvaziando a sacola de compras em cima do balcão.

— Agora, vamos comer. Estou faminta.

Camila sentiu a boca encher-se de água com os odores maravilhosos dos sanduíches de carne e dos pastrami.

— Vou preparar a mesa.

Pôs mãos à obra e em poucos minutos, tudo estava pronto. Comeram em silêncio, famintas demais para perderem tempo com palavras. Enquanto tomavam café, Lauren suspirou.

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