Her Brother's Wife

CAPÍTULO SETE

Camila abriu os olhos para a luz do sol que se derramava sobre o tapete e chegava até a cama. Tornou a fechá-los, ainda sonolenta, relutando em sair daquele torpor doce e prolongado. Quando a lembrança da noite anterior lhe aflorou à mente, enterrou a cabeça no travesseiro e a custo resistiu ao impulso de cobrir a cabeça com o lençol. Agira como uma doida!

— Ah, dane-se! — Jogou as cobertas para um lado.

Levantou e sentiu no mesmo instante uma dor aguda nas têmporas. Foi cambaleando para o banheiro e examinou a prateleira de remédios do armário. Pegou o frasco de aspirinas e engoliu duas. Antes de ir para o chuveiro, parou diante do espelho, procurando alguma evidência de seu estado de espírito abalado. Não havia nada. Ao contrário, sua pele estava luminosa e perfeita, a testa alta e lisa era a mesma de sempre, assim como os cabelos castanhos e a boca generosa.

"Sou a mesma", pensou, totalmente inconsciente dos olhos inchados pelas lágrimas que derramara.

Entrou debaixo do chuveiro e abriu a água ao máximo, encontrando prazer num banho que afugentava para longe as lembranças desagradáveis. Fez uma rápida toalete e se sentou na cama, esperando que a aspirina acabasse com a sua dor de cabeça. Depois tratou de arrumar tudo. Recolheu e dobrou as roupas espalhadas pelo quarto, deixando de lado a camisola azul. Cuidaria dela mais tarde.

Enfiou uma calça jeans e um suéter folgado que pertencera a Chris, achando que era a coisa mais certa a fazer. Sentia-se tão próxima dele naquela manhã como se sentira em certa manhã de tantos anos atrás, após o rompimento com Lauren. Chris permanecera ao seu lado então, confortara-a, se mostrando o amigo de que precisava.

Era estranho, mas o suéter lhe dava a mesma sensação de bem-estar. Havia, porém, alguma coisa diferente desta vez. Não era mais aquela adolescente. Deixara de ser quando se casou com Chris. Estava mais controlada agora e mais determinada a não se deixar levar pelas emoções.

Não sabia ao certo o que devia esperar, mas dessa vez estava preparada para lutar. Lutar contra o passado, lutar contra Lauren e até consigo mesma, se preciso fosse. Com essa disposição de ânimo, desceu para a cozinha. Estava vazia. Olhou para o relógio. Passava das dez. Lauren já devia ter saído para o trabalho. Sentiu a tensão interior ressurgir e achou que um café ajudaria. Preparou um bem forte e o tomou fumegante, bem devagar, e sentiu-se melhor.

Serviu uma segunda xícara e, com ela na mão, se dirigiu para o escritório de Lauren. Encontrou-o como o deixara na véspera. Arrumou rapidamente tudo. Não restava agora o menor indício do que se passara ali. Ia fechar a porta, quando se deu conta de que o sofá havia desaparecido. Onde poderia estar? Lauren não iria carregá-lo nas costas...

Movida por uma energia mental que desafiava sua lassidão física, mudou de roupa e fez a maquiagem cuidadosamente, procurando apagar os vestígios de sua extravagância. Era o seu primeiro dia de trabalho no escritório e queria se apresentar da melhor maneira possível. Na noite anterior, após a discussão final com Lauren, decidira adiar a sua estreia. Mas, agora, estava bem decidida a ir. O destino do sofá intrigava-a. Não podia esperar até a noite para saber o que havia sido feito dele.

A caminho da porta, apanhou a jaqueta de couro. O sol estava a pino e o céu azul, completamente sem nuvens. Mas havia no ar um prenuncio de inverno. Sentou atrás do volante e deixou que seus olhos vagassem pelos arredores. Os carvalhos tinham adquirido um novo colorido. Mais um tom juntara-se às folhas mutantes, aprofundando os dourados e os avermelhados, concedendo à manhã um toque de magia.

Tinha a sensação de que alguma coisa estava para acontecer, algo de vivo e estimulante pairava, subitamente, no ar. Aspirou fundo, compreendendo, talvez intuitivamente, que haveria uma reparação de algum tipo entre ela e Lauren, algo que lhes desse a segurança de que teriam um futuro calmo pela frente.