Hoje era simplesmente o dia mais insignificante de todos: o meu aniversário. Eu estava fazendo de tudo para neutralizar os efeitos que isso teria nos meus amigos.
"Seu primeiro aniversário no hotel! Êêêê! Vamos comemorar um dia mais próximo do Ragnarok!"
Suspirei. Não queria sair da cama. Ainda não. Olhei para a escultura de barro ao meu lado. Ela era estranha e abstrata. Nunca seria entregue. Não por mim.
Alguém bateu na porta.
— O quê? — Grunhi.
— Uh... Alex, está na hora do café da manhã. — Disse Magnus. Eu rapidamente me sentei e respirei fundo.
— Ainda não estou pronto! — Só então percebi a palavra em conotação masculina saindo da minha boca.
— Tudo bem, estamos esperando você.
Me arrastei para fora da cama e tomei um banho relâmpago e me vesti rapidamente. Tempo recorde.
Saí e fui até o salão. Sentei ao lado de Magnus e quando estava prestes a começar a comer, quando uma valquíria vinha trazendo um pequeno bolo de aniversário. Corri e arrastei-a para fora.
— Por favor, não leve isso até lá.
— Mas... — a valquíria tentou argumentar, parecia meio decepcionada.
— Olhe... leve para o meu quarto. Não diga a ninguém que hoje é o meu aniversário. Por favor. - Ela me olhou um pouco confusa, mas assentiu.
Eu voltei para a mesa correndo e fingi que nada havia acontecido.
— Está tudo bem? — Magnus perguntou.
— Sim, sim.
Ele não pareceu muito convencido disso, mas uma das coisas que eu admirava em Magnus (não que ele tivesse muitos atributos para se admirar...), era seu respeito por limites. Ele nunca forçaria a barra.
Depois do café, eu voltei ao quarto e o bolo estava lá. Exatamente em cima da minha cama.
Coloquei-o na mesinha. Era um bolo muito bonito, com cobertura de morango e detalhes em glacê e chantilly verde.
Levantei-me e decidi sair para as atividades antes que alguém batesse na porta ou entrasse inesperadamente e descobrisse meu bolo.
Para a minha surpresa, dei de cara com minha irmã, Samirah.
— Sam?!
— Alex! — Ela me abraçou. — Hoje é um dia especial, não?
Puxei-a para dentro do quarto. Se alguém nos ouvisse, seria um pesadelo.
— Por favor, não conte a ninguém. Seria terrível.
— Bem... se você não quer, eu não conto.
— Obrigada.
— Amir mandou isso pra você, de qualquer forma. — Ela me deu uma quentinha. — E desejou um feliz aniversário.
— Isso sim é um presente. — Falei.
Ela riu.
— Não posso ficar por aqui. Estou no meio de uma missão. Eu também te trouxe um presente. — Ela me deu uma caixinha e me abraçou novamente. — Feliz aniversário, querida.
Depois da batalha diária, Mestiço e Mallory foram a um encontro e T.J. foi fazer algo com o seu rifle (?), não entendi bem o que ele quis dizer, sobrando apenas eu e Magnus.
— O que você vai fazer agora? — Perguntou ele.
— Provavelmente dormir ou... Esculpir.
— Posso ficar com você? Não tenho nada pra fazer agora.
Arqueei uma sobrancelha.
— O que você está planejando, Magnus Chase?
Ele levanto as mãos em sinal de rendição.
— Eu juro que nada.
Entramos no quarto e só então lembrei do bolo, mas era tarde demais, Magnus já o vira.
— Não sabia que era o seu aniversário.
— Eu sei, estávamos indo bem até agora. — Tentei me concentrar em outras coisas.
— Você não gosta de aniversários, não é? — Seus olhos cinzentos se cravaram em mim.
— Não. — Admiti.
— Desculpe, eu não tenho um presente, não sei o que fazer.
— Improvise. — Voltei meus olhos pra ele, com diversão.
Magnus me encarou por alguns segundo e então me beijou. Um beijo doce, lento e romântico.
Durou por algum tempo antes que nos afastássemos ofegantes.
— Feliz aniversário. — Disse ele, sorrindo.
Senti vontade de bater nele e depois beijá-lo mais. E foi o que fiz.
— Feliz aniversário pra mim!
