Só um grande amor resiste ao tempo e as tormentas do destino.
Mesmo que ele ultrapasse as fronteiras do impossível.
Em um lugar que desconhece a noção de tempo-espaço, Plínio e Serena são protagonistas dessa história de paixão, vida e morte.
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Era meados do outono de 1979 e já passava das sete da noite. As luzes do escritório indicavam a presença insistente de Plínio no velho prédio da Antônio de Godoy.
_ Doutor Plinio, o senhor ainda vai precisar de mim? Tenho de ir embora! Interrompeu a secretária.
Plínio voltou-se para a funcionária e com um pequeno gesto indicou que ela já poderia sair. Antes, porém, que a moça deixasse a sala, Plínio a interpelou mais última vez:
_ Você ainda tem algum daqueles analgésicos na sua bolsa?
_ Tenho sim. Respondeu a jovem.
Em seguida, ela voltou com um comprimido e copo d'água.
_ Obrigado, Lourdes, agora você já pode ir embora. Preciso que chegue cedo amanhã.
_ Desculpe, senhor Plínio, mas essa é a terceira vez que o senhor me pede um analgésico hoje. O senhor não está se sentindo bem?
_ Está tudo bem Lourdes, é só uma enxaqueca que não quer passar.
Assim, mais uma vez, Lourdes deixou o escritório depois do horário habitual. De certo que isso estaria prejudicando sua vida social e, principalmente, seu desempenho nos estudos; mas ela dependia daquele emprego para custear seu curso de publicidade e, quem sabe, futuramente, ascender profissionalmente dentro da agência.
A secretária deixou o prédio, e logo se deparou com uma amiga que bebia em um bar nas proximidades. Lourdes viu ali uma boa oportunidade para deixar extravasar suas emoções e desabafar um pouco sobre os seus problemas.
_ Então, Lourdes, mais um dia de aula perdido? Questionou Mariana.
_ Nem me fale, amiga! Foram duas faltas só essa semana...
_ Esse seu chefe é um grande filho da puta!
_ Você acredita que hoje ele conseguiu acabar com todo o meu estoque de analgésicos?
_ Logo vi que esse cara tinha problemas... Comentou a amiga.
Enquanto elas conversavam, Plínio deixou a garagem do prédio em seu conversível. Pouco depois, Lourdes despediu-se da amiga e partiu.
No dia seguinte, aconteceria uma reunião com executivos de uma importante indústria farmacêutica, cuja campanha estava sob os cuidados de Plínio. Lourdes sabia de antemão que aquele expediente iria lhe sobrecarregar de tarefas, e por conta disso decidiu chegar mais cedo ao trabalho.
Antes das oito ela chegou ao escritório. A reunião estava prevista para acontecer somente as dez. Havia a confirmação da presença de todos os sócios da agência, e Plínio era a pessoa encarregada pela redação final do material publicitário.
