Quando volto minha atenção para o navio em que me encontro, vejo que estou no meio de uma roda e o moreno na minha frente.— Onde conseguiu o colar? Sou seu capitão, agora.
— Sabe tão bem quanto eu que, de acordo com o código, posso te desafiar em um duelo. Se eu ganhar, tenho direito a ser a nova capitã; se eu perder, talvez te aceite como meu comissário — digo sorrindo.
— Acha que uma garota como você pode me derrotar? Não tem medo de quebrar uma unha? — A tripulação ri.
— Me dê uma espada e veremos — falo acima do barulho. — A menos que esteja com medo — eu finalizo, com sarcasmo.
Sua mandíbula se contrai e percebo que acertei um ponto fraco. O antigo lema "não demonstre fraqueza".
— Entreguem a ela uma espada.
Um dos marujos me lança uma espada e eu a pego no ar. Observo a lâmina, ela me é familiar, seu peso, seu comprimento, então observo o cabo, ali está gravado minhas iniciais: J. M.
— Onde a conseguiu?
— Não preciso responder perguntas... querida. — Ele lança a última palavra como uma provocação, sorrindo. — Vai lutar ou quer que eu te ensine a mexer em uma espada?
Corto o vestido na altura dos joelhos e tiro os saltos. Posiciono meu corpo na lateral e levanto a espada na direção dele, assim como meu pai me ensinou tanto tempo atrás.
Ele parece achar graça. Avanço sobre ele, o pegando meio desprevenido. Com isso, minha espada faz um leve corte em seu peito, o traço vermelho aparece. Ele fica alguns segundos em choque, assim como toda a tripulação, que se silencia. Porém, ele se recupera rápido. Só tenho tempo de jogar meu corpo para trás e ver a sua espada passar a poucos centímetros do meu peito.
Recupero meu equilíbrio rapidamente, a tempo de minha espada bloquear o golpe que vem na direção do meu pescoço. Recuo o necessário para poder mexer meu braço e dar um golpe que ele intercepta. Levanto o joelho e acerto seu abdômen. Sinto a dor em minha perna, devido aos anos que fiquei sem treinar, mas funciona, ele está dobrado em dois e buscando ar, de joelhos. Uso meu pé e chuto a mão dele, sua espada voa para longe. Coloco minha própria lâmina em sua garganta.
Minha respiração está descompassada. Pelos deuses! Estou fora de forma. Os olhos azuis do capitão expressam surpresa e outra coisa que não consigo descobrir. Ele faz sinal para a tripulação não avançar.
— Estou cada vez mais curioso sobre você.
Ele se move rapidamente, segura minha mão com a espada e me gira, me prendendo contra seu próprio corpo e o mastro. Com a mão livre, ele consegue prender minhas duas mãos nas minhas costas. Estamos tão próximos que consigo sentir sua respiração irregular em minha nuca.
Tento me mexer, porém, ele me prende contra seu corpo forte e o mastro.
— Onde conseguiu o colar?
Quando ele fala, sinto o seu hálito fresco, uma mistura de canela com menta.
Não o respondo e sinto minha própria lâmina contra meu pescoço.
— Onde o conseguiu? — ele silaba mais devagar, seu tom é o de um líder, sem deixar margem para qualquer outra resposta, a não ser a certa. Ele aperta meus punhos e a espada em minha garganta, sinto quando um pequeno filete de sangue escorre em meu pescoço.
— Eu o achei. — Não é uma mentira, mas também não é totalmente verdade.
Percebo que ele espera mais explicações, mas permaneço calada, não vou entregar minha única moeda de troca.
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Crônicas dos Descendentes: A Herdeira (DEGUSTAÇÃO)
FantasyO LIVRO APENAS PARA DEGUSTAÇÃO Jade Montnegro é filha de dois famosos piratas, e quando ambos são mortos na sua frente, vê sua vida ter uma enorme reviravolta. Adotada por um almirante da marinha real, ela cresce para novamente ver sua vida mudar...