Capítulo 5

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Acordo cedo no outro dia e com bom humor, sem pesadelos ou depois de gritos no meio da noite.

Subo ao convés com um sorriso no rosto. Logo que coloco o pé no local, o capitão vem em minha direção, com uma expressão de fúria.

— Bom dia, capitão — cantarolo.

— Você! Sua cobra, manipuladora. Sua...

— Não acha que está muito perto?

É verdade. Em um momento durante o ataque de fúria, ele agarrou meu braço e acabou me puxando para perto, tão perto que posso sentir sua respiração sobre meu rosto.

Porém, ele não tem tempo de me responder. Um dos homens grita que avistou um navio se aproximando rápido. Ele me solta.

— Chris, leve-a para dentro.

— Não, obrigada — digo antes de ele me tocar.

Tiro o cinto da cintura e com um movimento rápido o coloco sobre meus seios, em seguida pego o chapéu de Chris, faço um nó no cabelo e o coloco dentro do chapéu. Arrumo as mangas para elas cobrirem todo o meu braço. Os dois me encaram descrentes.

— O quê?

— Como você aprendeu isso? — pergunta Chris.

— Por que vocês acham que ninguém nunca soube da filha dos Montnegro? Tive que aprender a me misturar.

— Tudo bem — Derek diz. — Se misture e não faça nada estúpido.

— Eu nunca faço — rebato com um sorriso enquanto me afasto.

Ele entende a mensagem das entrelinhas e revira os olhos. Apenas sorrio.

O navio que se aproxima tem o casco negro e as velas brancas, no topo do mastro central a bandeira pirata.

Os navios ficam paralelos e uma tábua serve de ponte.

O homem que pisa no navio faz meu sangue ferver e meus batimentos aumentarem.

Minha mão esquerda aperta o colar em meu pescoço e a outra procura a espada que não está ali. Dou um passo, pronta para fazer justiça com minhas próprias mãos nuas, no entanto, quando tento dar outro, uma mão segura meu braço.

— O que está fazendo? — pergunta Chris.

— Aquele homem deveria estar morto.

— O quê?

— Ele era o imediato do meu pai, o homem em quem meu pai mais confiava. E toda a tripulação morreu. Ele foi o homem que vendeu meus pais. Eu vou matá-lo.

Chris aperta ainda mais meu braço e minha chance de pegar o traidor sozinho acaba. Dois guarda-costas descem do navio e outros dois homens da tripulação de Derek entram na minha frente.

— Capitão Campbell.

O canalha é Capitão? Eu tenho que matá-lo!

— Capitão Evans. Acredito que não recebi minha parte no acordo. Achou a menina Montnegro?

Derek sorri e diz:

— Não encontrei nenhuma jovem com os traços que você descreveu.

— Tem certeza? Os olhos dos Montnegro são inconfundíveis.

— Se a menina estava lá, eu não a vi.

— Nesse caso... — O homem faz sinal para os guarda-costas avançarem. — Terei que pegar minha parte em joias, já que minha ajuda de convencer os oficiais a não levarem armas foi útil.

Crônicas dos Descendentes:  A Herdeira (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora