Um.

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Oi. Essa é a minha primeira adaptação, eu adoro essa obra e quis adaptar para Camren. Se sair com algum erro, perdão. Vou ter mais atenção isso.

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Foi ideia da namorada da Vero fazer os picolés de cerveja, não minha. Vamos começar por aí.

Foi um acaso ter sido eu quem saiu perdendo por causa disso. Sabe, sempre achei que mais cedo ou mais tarde eu ia crescer, mas isso ainda não tinha acontecido. Simplesmente era assim. Para ser sincera, eu me perguntava se algum dia chegaria a hora de Camila Cabello (essa sou eu) se dar bem. Imaginara um eu diferente. Era diferente porque, naqueles momentos, eu achava que realmente me tornaria uma vencedora. A verdade, porém, era dolorosa. Era uma verdade que me dizia, com uma brutalidade interna contundente, que eu era eu e que vencer não vinha naturalmente para mim. Era algo pelo qual tinha que lutar, nos ecos e nas pegadas trilhadas da minha mente. De certo modo, eu tinha que garimpar esses momentos de satisfação.

Eu me masturbava.

Um pouquinho.

Certo. Certo.

Muito. (Já me disseram que não se deve admitir esse tipo de coisa muito cedo, porque as pessoas podem se ofender. Bem, tudo que posso dizer é: por que diabos não? Por que não dizer a verdade? Caso contrário, isso tudo não tem sentido, tem? Tem?)

Eu queria apenas ser tocada por uma garota, um dia. Queria que ela não me olhasse como se eu fosse uma perdedora imunda, rasgada, meio risonha e meio carrancuda que tentava impressioná-la.

Os dedos dela. Na minha cabeça, eles eram sempre suaves, descendo pelo peito até minha barriga. As unhas correriam por minhas pernas, bem de leve, enchendo minha pele de arrepios. Eu sempre imaginava isso, mas me recusava a crer que fosse pura questão de vontade. E posso dizer isso porque, nos meus devaneios, as mãos da garota paravam sempre no meu coração. Todas às vezes. Eu dizia a mim mesma que era ali que queria que ela me tocasse.

Havia sexo, é claro. Nudez. Sempre presente, entrando e saindo dos meus pensamentos, mas, quando acabava, era pela voz murmurante dela que eu ansiava, e por um ser humano enroscado em meus braços. Só que, para mim, não era apenas uma porção de realidade. Eu estava engolindo visões e me espojando em minha própria mente, com a sensação de que poderia me afogar, satisfeita, dentro de uma mulher. Como eu queria isso. Queria me afogar dentro de uma mulher, no sentimento e no enlevo do amor que poderia lhe dar. Queria que a intensidade da pulsação dela me esmagasse. Era isso que eu queria. Era isso que eu queria ser, mas não era.

As únicas provinhas que eu conseguia eram uma olhadela aqui e outra ali, e minhas esperanças e visões dispersas.

Os picolés de cerveja. É claro. Eu sabia que estava esquecendo alguma coisa. Tinha sido um dia quente para o inverno, embora o vento continuasse frio. O sol estava quente e meio pulsante. Estávamos sentadas no quintal, ouvindo o programa das tardes de domingo sobre futebol americano e, com toda a franqueza, eu olhava para as pernas, os quadris, o rosto e os seios da namorada mais recente da minha irmã. A irmã em questão é a Vero (Veronica Cabello) e, no inverno de que estou falando, ela parecia ter uma nova namorada a cada poucas semanas. Às vezes, eu escutava, quando estavam no nosso quarto - um chamado ou grito, um gemido ou até um sussurro de êxtase. Eu tinha gostado da última namorada dela desde o começo, lembro bem. O nome dela era bonito: Lauren. Era artista de rua, além de simpática, comparada a algumas das garotas que a Vero havia levado para casa. Nós a conhecemos no porto, em uma tarde de sábado no fim do outono - ela estava tocando gaita, com uma jaqueta velha estendida a seus pés na qual as pessoas jogavam trocados. Havia um monte de dinheiro nela, e Vero e eu ficamos assistindo, porque ela era muito boa mesmo e arrebentava com aquela gaita. Às vezes as pessoas ficavam por perto e aplaudiam quando ela terminava. Até a Vero e eu jogamos dinheiro na jaqueta a certa altura, logo depois de um velhote de bengala e pouco antes de uns turistas japoneses. Vero olhou para ela. Ela olhou para Vero. Em geral, era só o que precisava, porque aquela era a Vero. Minha irmã nunca tinha que realmente dizer nem fazer nada. Bastava ficar parada em algum lugar, ou se coçar, ou até mesmo tropeçar no meio-fio, e alguma garota começava a gostar dela. Era assim com todas, e foi assim com a Lauren.

A garota que eu quero (Camren | Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora