Bom

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Fernando

Saí mais algumas vezes esses dias com a Fabiana, mas sinceramente, não consegui me concentrar nela. Minha cabeça não saía do sorriso da Clara, nos passeios que tive com a Clara, em tudo relacionado à Clara. Venho saindo com ela e a filha esses dias e tem me feito muito bem. Todas as tarde arrumo algum programa para ficar com as duas. A princípio ela relutou um pouco, como sempre muito fechada, também não a culpo aquele marido filho da puta que ela teve a deixou assim, mas depois se acostumou a sair comigo Estou encantado com a Mayara. Uma menina, educada, um anjo e muito carinhosa. Nunca tive contato com nenhuma criança, mas estar com a Mayara e a Clara é como se eu me completasse e ficasse inteiro como nunca estive.

Minha mãe, meu pai e meu avô ainda estão insistindo nessa historia de casamento com a Fabiana e estou me esquivando o quanto eu posso. Não quero contrariar meus pais e nem brigar com a minha família, mas também não vejo como isso possa ser possível se eles continuarem com essa ideia fixa. A única, fora a Dri, que me defende é a minha avó que também acha que eu tenho que casar por amor e não por convenções. Mas verdade seja dita, nem por amor eu pensava em me casar. Apesar de ter mudado um pouco isso depois de conviver mais com a Clara e com a Mayara.

Hoje mais cedo a Fabiana me ligou, dizendo que ela também está sofrendo pressão dos pais dela e que por ela marcaríamos logo esse casamento só para parar de ouvir tanto enchimento de saco, pensei que ela também está passando para o lado negro da força. Acho que vou precisar parar de ver a Fabi. Na verdade, não sinto vontade de vê-la mesmo, a única que não sai da minha cabeça desde a primeira vez que a vi é a Clara.

Está quase na hora de abrir a Angels e estou dando uma volta antes que as portas se abram e lotem a casa, já que como sempre, já temos fila na porta. O Show das meninas com as garrafas é sucesso, elas até foram apelidadas de anjas, e toda sexta é isso, filas gigantes para vê-las. Ainda mais hoje, que anunciamos uma apresentação nova, a casa vai ferver. Enquanto caminhava pela Angels estava com os olhos frenéticos procurando por Clara. Por mais que eu tente ficar longe, eu não consigo, porque meu instinto protetor fica sempre em alta quando estou próximo a ela. Principalmente hoje, que é dia de apresentação nova e tenho certeza que ela deve estar em algum canto surtando.

— Ei Laura. Onde está a Clara?

— Ah ela esta lá no estoque surtando como sempre, mas nem me abalo, sei que quando tiver de ser, ela vai dançar e arrasar.

— Isso não tenho duvida. — Respondi para Laura que sorria.

— Mas vai lá no estoque, ela deve estar querendo conversar, principalmente conversar com você.

Ergui uma sobrancelha meio confuso para a Laura. Sei que ela meio que torce para acontecer algo entre mim e a Clara. E ultimamente tenho pensado tanto nela que acho que é bem provável que aconteça. Laura sorriu e indicou o estoque com a cabeça encerrando a conversa. Fui até lá e assim que entrei, a vi sentada no sofá com os ombros tensos e de cabeça baixa. Como ela é linda. A assustei sem querer, quando interrompi uma oração que ela fazia em voz alta e me aproximei dela. Peguei a sua mão, na tentativa de acalma-la, mas só o que eu conseguir foi fazer com o que o meu coração saltasse disparado, apenas por sentir o toque da mão macia dela na minha. Olhei para os lábios dela e aquela vontade de beija-la que me atingia todas as vezes que eu ficava ao seu lado, me atingiu novamente. Das outras vezes, eu não pude beija-la, pois estava na frente da filha dela, mas agora... Nada me impede agora. Vi que ela também estava afetada e senti nossa respiração acelerar, até que no instante seguinte quando eu ia beija-la, fomos interrompidos pelo segurança que me avisou que o João estava me procurando. Cassete! Afastei-me da Clara e vi um largo sorriso que o tal do Cassio segurança lançou para ela. E aquilo não me agradou nada, porque a vi retribuir. Será que eles têm alguma coisa? E eu estou aqui, esse tempo todo de idiota, achando que ela não tem ninguém. Bem vi lá de cima do escritório, algumas vezes eles conversando quando a Angels estava vazia. Mas será? Não. Não pode ser. Saí do estoque e passei bufando pelo Valmir e pedi para que ele mandasse o Cassio para o posto dele, não queria que ele ficasse sozinho com a Clara.

Subi para o escritório bufando e encontrei os outros Angels me esperando.

— Qual é? — Perguntei.

— Está de TPM hoje? — Rodrigo me perguntou.

— Não, quero agilizar. E você esta bem? — Perguntei para o Gu.

— Melhorando.

— Bom te ter de volta. — Falei e ele me respondeu com um aceno de cabeça e deu uma encarada no João. Gu estava abatido e parecia miserável. Ele realmente ama a Lívia, nunca o vi assim por mulher nenhuma.

Fizemos uma reunião rápida, decidimos o que cada um faria para manter a ordem da Angels hoje e em seguida desci para esperar para a apresentação. Sentei no balcão do bar principal e vi a Angels encher enquanto eu esperava. Logo o Dj anunciou as anjas, fez a contagem regressiva junto com todos que estavam ali e as luzes se apagaram. Quando se acenderam novamente, lá estavam as duas, uma de costa para outra e entre fumaça e nuances de luzes brilhantes. E lá estava ela. Clara!

Gritos romperam o espaço entre palmas, assobios e os acordes da música que começava a soar nos autofalantes. Eu estava hipnotizado olhando o desenho do corpo cheio de curvas da Clara e o quadril que mais parecia uma das curvas do Oscar Niemayer, de tão perfeito e estava perfeitamente abraçado pela calça preta justa.

As duas foram andando até o balcão, pegaram cada uma garrafa de Chandon, como dizia na musica, e começaram fazer passos, jogar garrafa e usar a coqueteleira.

Eu só faltava babar assim como todos os outros homens ali presentes.

Relaxa que eu quero você
Relaxa que eu quero prazer
Relaxa que a noite promete e naturalmente vai acontecer

Eu tô ficando louca, arrepiando toda
Eu tô querendo te pegar gostoso
Fazer você pirar daquele jeito
Bom, bom, bom, bom, bom...

Ela dançava provocante, passava a mão pelo corpo e eu tive certeza que era ela que eu queria naquele momento. Ela me olhou várias vezes durante a apresentação e isso me deixou louco. Ela nunca me olhou.

Elas terminaram o numero brindando com a bebida que haviam feito e a oferecendo para o público, mas o olhar da Clara pertenceu somente a mim quando ela terminou.

DEGUSTAÇÃO Meu anjo meu heroiOnde histórias criam vida. Descubra agora