Capítulo 1

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— Sim, Kate, eu já entendi. — reviro os olhos devido ao longo  discurso de Kavanagh. Apesar de ser por volta de onze da noite em Seattle,  Kate parece não estar nem um pouquinho cansada. — Eu vou pegar o avião  sexta a tarde e sábado a tarde estou aí. — completo, ajeitando meu  batom em frente ao espelho.

Ok, ok, só não esquece de me ligar quando for pegar o avião e quando pousar pra eu te encontrar no aeroporto. — mesmo que eu não a veja, posso apostar que está sorrindo. — Até sábado! Amo você.

Também amo você, Kate. — sorrio sozinha antes de desligar o celular e avaliar uma última vez a minha imagem refletida.

Posso dizer que mudei consideravelmente meu estilo e visual. Dou uma volta avaliando meu uniforme, uma  saia colada de cor vinho com um único babado na altura dos joelhos, uma blusa social branca com a gola, o caminho dos botões e  as mangas se destacando por terem a mesma cor da saia. Nos pés, saltos  baixos pretos de bico fino e no rosto, uma maquiagem básica nos olhos,  finalizada em um batom cor de chocolate nos lábios.

Sorrio para o  espelho e caminho pelo meu pequeno quarto em direção a cama. Pego minha  echarpe branca e minha bolsa, que eu revisto verificando se tudo que eu  preciso se encontra ali. Saio do cômodo em direção a sala, pegando  minhas chaves em cima da mesinha de centro e parto para fora do  apartamento seguindo minha rotina matinal.

Tranco a porta e me encosto contra a parede,  guardando as chaves na bolsa de ombro caramelo. Ajeito minha roupa e finalmente volto minha atenção ao meu relógio de pulso, no  exato momento em que ele marca sete e quarenta e cinco.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove...

—  Está dez segundos atrasado. — desvio minha atenção do relógio para a  porta do apartamento da frente, que se abre, e encaro Richard, que me olha  frustrado. — O café é por sua conta hoje. – sorrio vitoriosa me dirigindo para o elevador.

Ouço-o  bufar e fechar sua porta antes de me seguir. Assim que as portas se  abrem, entramos e eu balanço a cabeça negativamente notando uma peça de  roupa a mais nele, que assim como eu, está devidamente  uniformizado. A única diferença é minha saia, que nele vira uma calça.  Fora isso, nós dois estampamos a sigla da SIP do lado esquerdo do peito.

—  Onde pensa que vai com essa jaqueta? — arqueio uma das sobrancelhas mas  assim que vejo um sorriso presunçoso se abrir em seu rosto, já imagino  sua resposta.

Trabalhar. — responde ao mesmo tempo em que as portas se fecham.

Rich  não é exatamente o funcionário do mês quando se trata de uniforme. Um exemplo  disso são seus sapatos, que deveriam ser sociais pretos mas na verdade  são tênis Under Armour pretos com detalhes brancos.

— E você  quer falar de quem? Eu tenho certeza que não existe esse seu lencinho cafona  no uniforme. — ele provoca assim que as portas se abrem no térreo.

—  É uma echarpe, idiota. — reviro os olhos, seguindo-o para fora do  prédio em direção ao pequeno estacionamento improvisado.

Rich e eu não nos tornamos melhores amigos de infância, mas a convivência entre nós tornou nosso relacionamento maleável. Apesar de não gostar de sua personalidade insuportável, passei a tolerar sua presença constante ao meu redor. Ele me ajudou bastante e tem todo o crédito por isso, mas não posso fingir que concordo com suas atitudes irresponsáveis. E infelizmente não posso fingir que não vejo as besteiras que ele faz, já que vivemos no mesmo prédio.

Nós não moramos em  apartamentos luxuosos, mas felizmente conseguimos lugares que oferecem o  mínimo de conforto necessário em um pequeno prédio no subúrbio da  cidade. Moramos no terceiro de cinco andares, não é exatamente a casa  dos sonhos da Barbie, mas pelo menos temos onde cobrir nossas cabeças.  Assim que chegamos a vaga não posso evitar fazer meu costumeiro  comentário sobre seu carro.

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⏰ Última atualização: Mar 15, 2017 ⏰

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Cinquenta Tons Mais Escuros - INEVITÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora