01 - chamado

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Às vezes me pergunto o que as pessoas tanto temem na Floresta Negra, já ouvi diversas histórias sobre o lugar porém nenhuma delas pareceu fazer sentido para mim. Sou o garoto estranho que todos evitam, pelo simples motivo de eu ser o morador mais distante da vila, minha casa fica próxima à Floresta Negra e embora ela esteja logo ali nunca ousei atravessar as cercas feitas pelos próprios moradores daqui.

Sempre que ando pelas ruas vejo pessoas me lançando olhares estranhos, alguns até me encaram com medo, porém nunca fiz questão de me importar, meus pais diziam que essas pessoas eram os únicos que tinham culpa por me encararem daquele jeito. Porém a situação piorou após a morte deles, eu era realmente muito próximo a meus pais, eles eram tudo o que eu tinha, nunca tive contato algum com o resto da família, nem sequer sabia se existia algum tio distante.

Com os anos que se passaram após a morte de meus pais eu consegui me restabelecer, meus amigos me ajudaram nisso, eles sempre permaneceram ao meu lado, mesmo que seus pais os proibissem de me ver ou falar comigo.

Sou um garoto simples, que vive distante do resto do vilarejo mais pobre desse reino que nem ao menos se ouve falar do rei.

Algumas vezes me pego perguntando a mim mesmo o motivo de sermos a vila mais ignorada do reino, cada morador tenta viver do seu jeito, o que é realmente muito difícil, eu mesmo já passei por poucas e boas depois de meus pais me deixarem.

Por ser o garoto mais estranho, muitas vezes foi negado comida e água a mim, coisas que acho extremamente inadmissível, eu sou humano não sou? Então porque me tratam de tal forma tão grotesca?

Às vezes me olho no espelho e fico procurando algo de diferente em minha aparência, porém não vejo nada de incomum. Tenho a pele mais clara que qualquer pessoa do vilarejo, mas não vejo isso como um defeito, a única coisa que acho estranho é a cor verde de meu cabelo, eu nasci assim, nunca vi ninguém com uma cor de cabelo tão peculiar como meu, seria esse o motivo para eu ser ignorado e até temido?

Quando eu era pequeno sofri todo tipo de violência na escola, me davam diversos apelidos estranhos e às vezes até me agrediram fisicamente, as coisas mudaram um pouco depois que fiz amigos, Namjoon é um desses amigos, sempre que alguém queria fazer algo comigo ele os intimidava, sou grato a ele por isso. Logo após a quinta série nossa dupla aumentou e nos tornamos um quarteto, eu, Namjoon, Taehyung e Jimin.

Éramos inseparáveis, até o dia que a mãe de Taehyung o proibiu de falar comigo, fiquei realmente muito triste com isso, nos afastamos, porém ele sempre dava um jeito de conversar comigo sem ninguém saber. Na sétima série nosso quarteto expandiu novamente, Seokjin se juntou a nós, ele era um dos garotos que me xingavam quando eu estava na terceira série, de começo não gostei de sua aproximação, mas depois ele me pediu desculpas e se mostrou um ótimo colega.

Jungkook foi o último a se juntar ao grupo, ele é o primo mais novo de Jimin e estava na sexta série enquanto nós estávamos no nono ano, eu já não sofria mais na escola, embora ainda recebesse alguns olhares desconfiados de alguns pais dos alunos e até mesmo de alguns professores.

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Eu estava com 17 anos quando o pior dia da minha vida aconteceu. Estava voltando da escola, foi um dia legal pois todos pudemos conversar tranquilamente, até Taetae conseguiu se juntar a nós. Caminhava tranquilamente pelo caminho silencioso até minha casa, a terra molhada pela chuva recente, moro em um lugar onde raramente faz sol.

Assim que pisei na escada de dois degraus da sacada de casa senti um calafrio percorrer meu corpo e já fiquei desconfiado. Estava silencioso demais e isso é estranho, meu pai sempre estava na rua quando eu voltava da escola, principalmente quando chovia, pois ele tinha que cuidar de nossa pequena plantação de verduras, já minha mãe sempre estava fazendo a janta. Porém hoje nada disso parecia estar sendo feito, entro em casa lentamente onde está tudo escuro pela noite chegando, um pequeno papel em cima da mesa de jantar me chamou a atenção, pela caligrafia era um bilhete de mamãe.

The Boy Of The Red CapeOnde histórias criam vida. Descubra agora