CONTO III - Minha vida, no universo, e tudo mais...!*

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*[1] Referência ao terceiro livro da série O guia do mochileiro das galáxias – "A vida, o universo e tudo mais". 

- Onde estamos? – Manu Pasquini não estava com medo. E se perguntava pela localização, era porque arquitetava, em seus pensamentos, estratégias de comportamento para uma situação delicada. Ela era delicada – a situação, e Manu também -, mas era também muito corajosa!

- Não sei... – André Maya estava atônito. Seu bom humor habitual não conseguia entender o que estava acontecendo.

Gu Bettini permanecia calado. Desde que haviam entrado na sala, não se mexeu um centímetro de onde havia parado. Também não disse nada. Esperava. Esperava.

- Alguma coisa muito ruim vai acontecer com a gente! – Laura Carbonari gostava de entender sua vida de forma bem realista. – Vocês não repararam? Primeiro a Rúbia, depois o Miguel, do B. Eles desapareceram e até agora ninguém tem notícias do paradeiro deles!

- Você acha que agora é a nossa vez? – Lorena perguntava em tom de choro. Não queria desaparecer. Não agora, não ali, não pra sempre...

Júlia Mendes abraça Lorena. – Calma: vamos sair dessa!

Não. Eles não sairiam.

***

- Manu você escutou a playlist do professor Alê, que está no Moodle? – Fernanda, a mãe de Manu, perguntava pra filha, naquela manhã de segunda-feira, antes de saírem pra escola.

- Escutei.

- Gostou? – The Cure e Smiths foram a trilha sonora da adolescência de Fernanda. Estava curiosa para saber o que a filha tinha achado de Boys don't cry e There is a light that never goes out.

- Um pouco. Ainda prefiro Ed Sheeran. – Manu não estava mentindo. Gostava muito de Ed Sheeran. Era inegável, contudo, que aqueles sons esquisitos, da década de 80, tinham mexido um pouco com ela.

- Mãe, você acha que a gente precisa ser obediente o tempo todo?

Fernanda surpreendeu-se com a pergunta à queima roupa da filha.

- Por que você está perguntando isso, minha filha?

- Sei lá... estava pensando... na segunda guerra mundial, muita gente acreditou em Hitler, por exemplo, e foi obediente aos seus comandos...

Fernanda parou de passar manteiga no pão da filha. Com frequência, Manu dizia coisas absurdamente incríveis. Emocionou-se ao constatar que sua filha estava crescendo...

***

- Qual o sentido da vida?

Pedro Sgarbi, Inácio Pegoretti e Miguel Moura não estavam acostumados com esse lado de filósofo de André. Ao ouvirem a pergunta do amigo, desataram-se a rir da seriedade com a qual o garoto havia feito a pergunta.

- Sério! Vocês não se lembram da aula que tivemos? De acordo com Carl Sagan, se a vida do universo pudesse ser comprimida em um ano, numa espécie de calendário cósmico, o homem moderno teria surgido no dia 31 de dezembro, às 23 horas e 52 segundos...! A humanidade, o homem, nós... não somos absolutamente nada...

Depois de todas aquelas informações, Pedro, Inácio e Miguel pararam de rir. Era impossível não se impressionar.

- E por isso eu pergunto: - André seguia com seu discurso filosófico. – Qual o sentido da vida, do universo e tudo mais?

Contos pra acabar - 6º ANO 2017 - O ano que não vai terminar...!Onde histórias criam vida. Descubra agora