Quando adentrei aquele casarão, não tinha ninguém para me recepcionar. Não tinha nenhum som de outras crianças, apenas tinha seus móveis bem conservados. Em sua quietude. A estrutura interna estava em plena conservação. Nada tão novo, nada tão velho. A escada caracol de madeira era impressionante, ainda mais pela sua largura. Confesso que fiquei hipnotizado. Até que...
–Meu querido sobrinho! Não fique aí babando. – Despertou-me com sua voz suave. –Vamos conhecer seu quarto –sorriu. O seu sorriso era idêntico ao da minha mãe. A vontade de chorar subiu novamente, mas a suprimir com minhas forças restantes, deixaria para derramar as lágrimas sobre o travesseiro, somente pela noite. Geralmente, é o momento em que todas as memorias passa pela sua consciência como uma faca de dois gumes. Até chegar no presente.
Me preparei para subir as escadas.
–Onde você vai querido? Seu quarto vai ser aqui embaixo – Em vez de um sorriso, seu rosto obscureceu.
–Os quartos não ficam no segundo andar? –perguntei indeciso.
–Sim! Mas terá um especialmente para você, para o filho da minha irmã, que procurei por tanto tempo, tem que ter um tratamento diferenciado.
–Ah! Muito obrigado tia – abrir um sorriso forçado – Mas onde estão todas as pessoas daqui? Está tão quieto.
– Alguns estão na parte dos fundos no pequeno parquinho. E outros na escola. Hoje é o último dia de aula antes das férias. Que na minha opinião nem deveria ter, as aulas deveriam ser diretas até o final do ano. Agora chega de falação e me acompanhe, antes que a assistente social e a psicóloga te vejam. Segui seus passos, mas fiquei desconfiado da sua última frase. Zilda mais na frente tirou um colar de chaves de seu pescoço e abriu uma porta que rangeu fortemente. Me aproximando vi que era uma pequena escada que dava em outra porta adiante. Nesse momento, meu coração entrou em alerta. Se alguém estivesse do meu lado escutaria o som das batidas similar as dos tambores.
Entramos em uma sala escura e cheirava a mofo. O reino da poeira, a qual eu era alérgico até a alma. Zilda acendeu uma vela sobre uma mesa de madeira redonda antiga.
–Joe se quiser dormir ainda hoje, pegue a vassoura que está atrás da porta e comece com a limpeza. Se tiver sorte aquela mini geladeira está funcionando – comentou apontando para um canto da parede. – Vou pegar um colchonete e trazer logo mais. – Seu rosto estava mais sério do que nunca. O fogo em seus olhos apagou. Entendi que seu comportamento anterior foi uma fachada. Meu subconsciente me alertava que estava encrencado. Quando eu queria paz.
–Não precisa Zilda; trouxe comigo meu futon que ganhei no abrigo anterior, é mais confortável – respondi escondendo meu descontentamento.
–Se você quer assim... Então deixe-me ir, tenho que trazer algumas coisas para suas necessidades fisiológicas, principalmente ao cérebro. Ah! Antes que eu esqueça, melhor dormir bem, pois amanhã, lhe educarei de uma forma única, totalmente para seu bem. –Disse virando as costas e saindo com pressa. Enquanto, eu segurava meus espirros.
Não mais tardou Zilda voltou com uma bandeja de comida e com algumas peças de roupas. Enquanto olhava ao redor.
–Joe! Está vendo aquela porta de madeira velha –Apontou para atrás das minhas costas. Forcei a vista e vi que era realmente uma porta e não uma parede, pois a poeira a deixou no tom amarelado. O que segurava aquela porta era a corrente grossa com um cadeado do tamanho da minha mão que dava volta na maçaneta. –Nunca a abra, somente com minha permissão–sussurrou com o rosto soturno.
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O Orfanato: O começo do sofrimento
ParanormalJoe, um garoto órfão, solitário e desesperançoso após uma tragédia ocorrida, passa a viver em um orfanato, onde é maltratado física e psicologicamente. Consequentemente, é obrigado a lidar sozinho com todas as desventuras de sua vida. Mas diversos a...