I - Plano de Vôo

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O voo de Los Angeles para Phoenix demorou cerca de uma hora. Uma hora que eu tinha a desculpa perfeitamente legítima para desligar meu celular.

O que dizer sobre meu trabalho quando viajar era a única parte aproveitável? Passei somente uma semana em Los Angeles ajudando o nosso mais novo cliente de hotelaria na transição de dados para o software de contabilidade da minha empresa.

Na semana seguinte, eu faria a mesma coisa para outro cliente em Las Vegas. Entre essas cidades e Phoenix, eu estava lidando com seis clientes em diversos estágios do processo de transição. Todos eles pareciam inclinados a me chamarem todas as horas. E então lá estava meu chefe.

A ligação começou às seis horas e, normalmente, acabou às dez horas da noite. Embora eu não acreditasse que o meu celular, realmente apresentasse qualquer ameaça para o equipamento da aviação moderna, fiquei muito feliz em cumprir a regra da Força Aérea de mantê-lo desligado durante o voo.

Mas logo estávamos pousando em Phoenix, e meu alívio acabou. Enquanto seguia até o bagageiro, liguei meu celular e de imediato fui informado que havia quatro mensagens de correio de voz. Quatro em uma hora? Respirei fundo. Mais um ano ou dois nesta posição e eu seria elegível para uma promoção. Tentei manter o foco no prêmio.

Ainda assim, quatro mensagens em espera para mim foi um sinal definitivo, de que minha chegada em casa não seria o fim da minha semana de trabalho, mesmo que fosse tarde de sexta-feira. Antes que eu pudesse ouvir a primeira, meu telefone tocou. "Merda! Aqui vamos nós outra vez." - Pensei.

- Aqui é Jonathan.

- Jonathan! Onde diabos você está? - Era Marcus Barry, meu chefe.

- Estou no aeroporto. Há algo de errado?

- Uma mulher do Clifton Inn está tentando contatá-lo a uma hora.

Eu só tinha deixado o Clifton Inn em menos de quatro horas atrás. O que poderia ter surgido neste tempo que era tão urgente?

- Eu estava no avião. - Disse eu, tentando não deixá-lo notar minha frustração.

Ele suspirou.

- Bem, ela está levando todo mundo aqui a loucura. Ela quer respostas agora.

- Eu vou ligar pra ela imediatamente.

- Ótimo. - Disse ele e desligou sem se despedir.

Não que eu me importasse. Consegui chegar à esteira de bagagens e confirmei que ainda tinha que esperar minha bolsa. Fiquei ali observando enquanto eu ligava para Sarah, a gerente de contas no Clifton. A chamada caiu direto no correio de voz. Deixei uma mensagem dizendo que eu estava em Phoenix e era para ela me retornar.

Antes de poder desligar, meu celular soou outra vez. Cinco mensagens de voz agora. Ótimo. Eu vi minha bolsa deslizar pela rampa; fui abrindo caminho com o ombro em meio à multidão a minha frente para eu conseguir agarrá-la quando chegasse a mim e estava prestes a alcançá-la quando meu telefone tocou.

- Aqui é Jonathan.

Houve um meio segundo de silêncio, e então uma voz que não reconheci, disse:

- Tão formal, não é, querido? Eu não estava esperando isso. Aqui é Cole. - A voz era leve, num tom de zombaria. Definitivamente, uma voz masculina, mas com sonoridade muito feminina.

- Sinto muito. - Eu disse. - Quem... merda! - Porque percebi naquele momento que, no processo de atender a chamada, eu perdi minha bolsa e agora teria que esperá-la fazer outro circuito antes de poder recuperá-la.

Morangos Para Sobremesa (Série Coda - 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora