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Soojin resolveu passar o dia inteiro comigo. Procuramos filmes para assistir, bagunçamos a cozinha enquanto fazíamos alguns doces, tudo isso para tentar me distrair. Do que adiantaria pensar nele, e nos meus sonhos, o dia inteiro, se não sabíamos o que fazer?

Depois da tarde agitada, resolvemos subir para o meu quarto. Me joguei em minha cama, assim que me aproximei dela, e caí de cara no travesseiro. Fiquei imóvel.

- Finalmente compraram a casa da frente - ouvi Soojin dizer. - Já conheceu seus novos vizinhos?

- Não - levantei minha cabeça e observei Soojin. Ela estava debruçada sobre a janela e olhava diretamente para a casa vizinha. - Na verdade, eu vi uma garota de manhã.

- Uma garota? - ela me olhou com uma das sobrancelhas arqueada.

- Sim, ela estava observando a casa quando a vi - me sentei. - Depois ela pegou uma caixa que estava no calçamento e entrou na casa.

- Você deveria ir recebê-los - ela disse e sorriu. - Desejar boas-vindas nunca é demais.

- Não - fiz careta e balancei a cabeça. - Deixe minha mãe fazer isso.

- Não está curiosa? - ela perguntou e eu imediatamente neguei com a cabeça. - E se tiver outra pessoa além da garota? Digo, um garoto.

- Quem está curiosa aqui, hein? - pude ver a mesma fazer uma careta, gargalhei com o ato. - Quando eu descobrir, pode ter certeza que irei avisar.

- Boba - ela sorriu e se afastou da janela. - Preciso ir, já está ficando tarde.

- Tudo bem, eu te acompanho até a porta - me levantei e caminhei em direção ao corredor.

A parte térrea da casa estava completamente escura. Tivemos que atravessar a sala na escuridão para alcançarmos o interruptor. Depois de acender as luzes, caminhamos em direção à porta.

- Obrigada pela companhia - disse ao abraçar Soojin.

- Sou eu quem deve agradecer - ela sorriu, mas seu sorriso se desfez rapidamente. - Não se esqueça do que eu te disse. Anote tudo o que você sonhar, cada detalhe - assenti. - Só assim saberemos o que fazer.

- Anotarei, pode ficar tranquila.

Fechei a porta assim que Soojin desapareceu do meu campo de visão. Sozinha novamente, pensei. Olhei para o relógio digital que havia na sala e o mesmo marcava oito horas da noite. Minha mãe chegaria logo. Então, subi para o meu quarto.

Depois de tomar um banho quente, me deitei e tentei relaxar. Ouvi duas batidas na porta e, logo em seguida, ouvi minha mãe desejar uma boa noite. Depois de um breve minuto de silêncio, pude ouvir a porta do quarto ao lado bater. Me virei para o lado esquerdo e fechei meus olhos.

"Abri meus olhos e me assustei ao me deparar com uma árvore. Eu estava deitada entre suas raízes, com diversas folhas cobrindo meu corpo. Me levantei com dificuldade e observei o lugar.

O terreno era enorme, com inúmeras folhas secas cobrindo a grama. Um pouco mais à frente havia uma casa. Sua parte térrea estava bem iluminada e vozes podiam ser ouvidas, mesmo com a distância em que eu me encontrava.

Caminhei lentamente pelos fundos da casa e foquei meus olhos na janela mais próxima. Ao me aproximar da mesma, olhei com cuidado para seu interior.

Várias pessoas estavam reunidas na cozinha, algumas comendo desesperadamente e outras apenas conversando.

De um grupo de mulheres, surgiu uma garotinha. Ela vestia uma jaqueta jeans, por cima de sua camiseta branca, e uma saia florida. Em suas mãos havia um prato recheado de doces. Ela se aproximou da porta que dividia os cômodos e sumiu do meu campo de visão.

Me afastei e corri na direção da próxima janela. Meus olhos logo encontraram a garotinha novamente. Ela estava agachada atrás de um móvel e segurava firmemente o prato em suas mãos, parecia estar se escondendo de alguém.

Então, um garotinho, um pouco maior do que ela, surgiu de uma das portas do corredor. Ele passou correndo pelo móvel, e pareceu não notar nada de diferente ali. Quando ele entrou na cozinha, a garotinha rapidamente se levantou e correu para o próximo cômodo.

Acompanhei seus passos, observando todo o interior da casa através das janelas. Parei quando ela se aproximou de alguns garotos. Eles estavam jogando vídeo game e conversavam entre si.

- Meninos, eu trouxe doces - a garotinha disse ao parar em frente à televisão.

- JUNGHEE! - o garoto que estava jogando gritou. - SAI DA FRENTE.

- Não grita comigo! - ela disse com voz de choro. - Eu só queria te dar alguns doces.

- Sai logo - ele disse e a empurrou.

Ela caiu e levou os doces consigo. Uma variedade de doces estavam espalhados pelo chão. E então, ela começou a chorar.

- Viu o que você fez, Jeon? - um outro garoto surgiu no meu campo de visão. - Não precisava empurrar ela.

- Ah, tanto faz - Jeon gesticulou com as mãos, como se o garoto fosse uma mosca que o estava incomodando.

- Você está bem? - o garoto se aproximou de Junghee e estendeu seu braço, para ajudá-la a levantar. Ele aparentava ser alguns anos mais velho do que ela. Seu cabelo era do tom castanho e era completamente liso. Ele sorria na tentativa de encorajar a menor.

- Eu não gosto dele - ela dizia enquanto tentava se livrar das lágrimas que escorriam pelo seu delicado rosto. - Ele é um péssimo irmão.

- Não sou, não! - Jeon pausou o jogo e se levantou. - Ninguém mandou você entrar na minha frente - ele olhou com raiva para a irmã.

- Já chega! - o garoto de cabelo castanho segurou a mão de Junghee. - Jeon, pegue os doces e continue o jogo. Eu vou levar sua irmã para a cozinha - em seguida, começou a andar na direção da porta, levando a garotinha junto.

- Eu não vou pegar nada - Jeon sentou-se novamente e pegou o controle do vídeo game. - Você não manda em mim, Ta...... - ele foi interrompido por outro garoto que estava na sala. O mesmo apontava para mim, com os olhos arregalados, e estava muito assustado. Imediatamente, todos olharam para mim.

Eu estava tão desesperada que não consegui pensar em nada. Apenas me afastei da janela e corri na direção da árvore.

O que aconteceria quando eu chegasse lá? Será que eles iriam me alcançar? Mas eles são apenas crianças.

Quando eu me aproximei da árvore, tentei subir nela, mas foi em vão. Eu era pequena demais para alcançar algum galho.

Espera, pequena demais?

Estendi meus braços e analisei meu corpo. Eu realmente estava pequena. Eu também era uma criança?

Olhei para trás e vi dois garotos correndo em minha direção. Dei meia volta na árvore e vi que, um pouco mais à frente, havia um portão. Corri na direção do mesmo.

Quando eu estava na metade do caminho, tropecei e acabei caindo.

Tentei me levantar, mas não consegui. Olhei novamente para trás, mais dois garotos apareceram em meu campo de visão. Olhei para o céu e implorei para que aquilo acabasse logo.

E então, tudo ficou escuro."



(HIATUS) O Encontro dos Sonhos ♥ kthOnde histórias criam vida. Descubra agora