7ºCapítulo

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O meu corpo não parava de termer. Como é que ele tinha o meu número? Como é que ele sabia sequer o meu nome? A minha cabeça estava-me a dizer para eu desligar a chamada mas eu não o fiz. És tão estúpida, Emely. "Quem é?" pergunto-lhe fazendo-me de desentendida. Ele começa-se a rir da minha pergunta. "Tu sabes quem é. Não te faças de burra." Eu encosto-me à parede do quarto numa tentativa de parar o meu corpo. Uma lágrima começa-me a cair dos olhos. Como é que ele tinha esta informação? De certeza que foi o Harry. Mais ninguém me conhecia. "Houve eu sei tudo sobre ti. Eu sei onde vives, o número do teu telemóvel... Podes ter escapado ontem mas não me voltas a escapar." Depois de dizer isto, desliga a chamada. Eu fico a olhar para o monitor com os olhos embaciados das lágrimas. Como é que isto aconteceu? O que é que eu fiz de mal? Sento-me no chão lentamente. Quando já estou totalmente sentada, ponho a cabeça entre os joelhos e começo a chorar. Outra coisa que eu não percebia era porque é que o Harry tinha dito quem eu era. Bastava o Harry ter dito como eu me chamava que de certeza encontraram todas as minhas informações pessoais. O meu corpo começa a tremer e começo a soluçar. Mas porque é que o Harry me ajudou se agora o ajudou? Cada vez estava mais confusa. De repente ouço a porta do quarto abrir. "Já tenho as pipocas! Que filme é que esco... Em? Está tudo bem?" Pergunta-me a Martha quando se apercebe que eu estou a chorar. Eu abano negativamente a cabeça. Ela pousa as taças com pipocas na cama e ajoelha-se ao meu lado. "O que é que se passou?" Pergunta-me pondo a mão no meu ombro. Eu tiro a cabeça de entre os joelhos e olho para ela. Os olhos dela estão abertos de preocupação. Fico em silêncio a olhar para ela. Não sei se hei de dizer. Inspiro e limpo as lágrimas dos olhos. "O Eric... Telefonou-me" digo-lhe com uma voz fraca. De repente os olhos dela encheram-se de medo. "Como é que ele tem o teu número?" "Não sei" respondo-lhe sentando-me melhor no chão. " Ele disse que sabia onde vivia e que desta vez não lhe ia escapar." Quando lhe digo isto um arrepio de medo percorre o meu corpo. Ela fica pálida como a parede atrás dela. "Eu não quero andar pela escola com medo. Eu vou à polícia." Digo-lhe antes de pensar direito no assunto. Mas eu tinha razão. Não ia viver com medo só porque um tarado quer-me assustar. "NÃO!" Ela grita logo a seguir eu ter falado. Estava confusa. " não ? porque não ?" pergunto-lhe franzindo a testa. "Tu não podes, Emely. Por favor, promete-me que não ligas à polícia." Diz-me com um ar assustado. " Mas porquê?" pergunto-lhe curiosa. "Tu sabes que eu não te posso contar... Tu não vais querer saber. Prometes que não ligas?" diz-me num

Sussurro. A raiva começou a crescer dentro do meu corpo. Eu não posso ligar à polícia por uma razão que ela não me diz e eu que seja violada. "Não." Digo-lhe levantando. Ela franze a testa confusa. "Não o quê?" pergunta-me. "Não, eu não prometo. Eu não vou andar aí com medo de ser violada por uma razão que tu não me dizes. Ou me dizes ou eu telefono à polícia." Ela levanta-se ao ouvir a minha "ameaça " . Eu sei que não devia ter dito aquilo. Eu estava a abusar e ia acabar sem amigos. Mas eu não queria saber. Eu não ia andar aí com medo de ser violada só para ter amigos. " Porque é que estás a ser egoísta? tu sabes que eu não te posso contar. Faz isto por nós." egoísta? a serio que ela me acabou de chamar isso? " Eu ajudo-vos se vocês me contarem. Se não me contam eu vou à polícia. Eu não quero andar com medo de um ganzado que me quer violar. Contas ou não?" Ela fica a olhar para mim com um ar assustado e enervado ao mesmo tempo. " Bem, se não me vais contar, Boa tarde." Digo-lhe e saio do quarto dela pegando na minha mala e fechando a porta com força.

Saio da casa dela sem me despedir da mãe dela e começo a descer a rua até ao autocarro. Começo a descer mais rapidamente. Porque é que estou com pressa? Não está ninguém à minha espera. Eu sai de casa sem dar explicação nenhuma à minha mãe e ela nem me ligou para saber onde é que ia. Suspiro. Começo a andar mais devagar e viro à esquerda em vez de continuar em frente para a paragem de autocarros. Eu nem sabia muito bem onde estava mas também não me importava muito. Tinha 15 libras na carteira, tinha dinheiro suficiente para comer num restaurante Take away qualquer. A rua estava cheia de pessoas o que fazia com que fosse mais complicado andar a um passo aceitável. Andei sempre em frente e depois virei à direita e fui parar a uma rua menos movimentada. Comecei a olhar à volta à procura de um restaurante mas não havia nenhum. Só havia lojas de roupa e de calçado. Continuo a andar em frente sem saber a onde é que estava a ir. De repente vejo um starbucks ao fundo da rua. Um sorriso aparece na minha cara e começo a andar mais rápido. Entro no starbucks e peço o habitual. Enquanto como penso no que disse à Martha. Fui muito dura? Não acho que não. Não era ela que estava com medo de ser violada. Bebo o meu café enquanto penso em ir à polícia. Nunca fui à polícia. Nunca. Eu não podia contar aos meus pais, eles iam passar-se. Acho eu. Ou então iam dizer: "podes ir, a esquadra é no final da rua." Ainda não sei o que vou fazer. Agora vou focar-me no meu almoço e em chegar a casa sem ser violada por ninguém.

Quando saio do café apercebo-me que fui estúpida. Eu não sei onde estou, tou completamente perdida. Suspiro e começo a tentar-me lembrar do caminho que fiz. Mas não me lembro de nada. Quando estava a andar só me lembrava da discussão que tive com a Martha. Começo a ficar com medo. Nunca estive perdida, esta sensação é nova para mim. Eu queria perguntar a alguém o caminho mas agora estou com pavor de ser violada. Eu sou tão estúpida. Decido continuar a andar para ver se encontro alguma paragem de autocarro. Respiro fundo. Não posso parecer perdida. Alguém me pode assaltar e depois não consigo voltar para casa. Eu fui tão estúpida! Eu devia ter ido logo para casa!

Continuo a andar e andar mas não encontro nenhuma paragem de autocarro. Pego no telemóvel e decido ligar ao meu pai para ele me vir buscar. O telemóvel da dois bips e ouço uma voz a dizer: "está sem saldo. Carregue o telemóvel para poder estar contactável." Ugh. Hoje o dia não me está a correr nada bem.

Continuo a andar pelas ruas que agora já não estão tão movimentadas. Já são cinco da tarde e eu ainda aqui. Mas porque é que os meus pais/ irmã não me ligam? Pois, não querem saber mim. Que bom. Vejo finalmente a casa da Martha e uma onda de alívio percorre o meu corpo . Começo a correr para a paragem de autocarros. De repente vou contra uma pessoa. "Desculpe." Digo e continuo a andar. Uma mão agarra-me o braço e o meu corpo congela de medo. "Olá."Diz uma voz grossa, rouca e grave. Eu olho para a pessoa. Era o Harry. O medo que eu sentia começa a ser substituído por raiva. "Adeus." Digo-lhe e continuo o meu caminho para a paragem. "Hey! Isto agora é assim? Eu ajudo-te e tu nem me agradeces e depois nem me dizes olá?" Ele diz num tom irônico. Pois, agora está a gozar comigo. " Porque é eu te devia agradecer? oh, obrigada por teres dito ao tarado como eu me chamo! Agora ele foi investigar onde eu vivo e o meu número de telemóvel e agora anda atrás de mim. Obrigada, a sério." Digo num tom irônico. Os olhos dele passam de irônicos para preocupados. "Como assim?" Ele pergunta-me. Eu suspiro e encolho os ombros. "Nada. Esquece. Boa tarde." Digo-lhe e continuo a andar para a paragem de autocarro. Ouço-o a seguir-me e começo a andar mais rápido. Ele começa a correr e apanha-me facilmente agarrando-me o braço. " O que querias dizer com isso?" pergunta-me outra vez com um olhar mais sério. "Nada. Larga-me o braço." Respondo-lhe já com raiva a crescer dentro de mim. "Eu não te largo até me dizeres o que se passou." eu suspiro. "Porque é que tu queres saber?" pergunto tentando afastar a raiva e a vontade de me atirar à cara dele. "Não perguntes. Não estou com paciência para isso. Eu já estou atrasado para uma cena. Diz-me" olha-me com um olhar irritado. " Então vai para essa "cena" que eu também tenho de ir. Larga-me o braço." "Então diz-me." Eu fecho o punho do braço que eu tinha livre, irritada. "Ele ligou-me. Agora larga-me." Ele larga-me o braço mas de seguida agarra-me o outro. "A dizer o quê?" Eu já sabia que ele não me ia largar o braço até eu dizer o que o Eric me tinha dito. "Ele disse que sabia onde vivia e que desta vez eu não lhe escapava." Digo quase num sussurro. Ele fica parado a olhar para mim mas depois larga-me o braço e começa a andar como nada tivesse acontecido. Eu fico preplexa a olhar para ele a continuar o caminho que eu tinha interrompido. O que é que acabou de acontecer? Abano a cabeça confusa e continuo o meu caminho. Hoje o dia estava a ser tão confuso e mau que eu só queria chegar a casa e dormir.

***

Abro a porta de casa lentamente. Os meus pais estavam sentados no sofá a ver televisão. "Olá querida. Tudo bem?" pergunta-me o pai com um ar pacífico. Eu fico espantada a olhar para ele. Sim, tudo óptimo. aliás perfeito. melhor dia de sempre. Limito-me a responder um "Sim." e a subir as escadas para o meu quarto. Quando entro no meu quarto vejo a minha irmã deitada em cima da minha cama a mexer nas minhas coisas. eu fico preplexa a olhar para ela. "O que é que estás a fazer?" pergunto-lhe pousando as minhas chaves de casa na mesa de cabeceira. Ela vira-se na cama para mim com um sorriso de orelha a orelha e diz-me: " Temos de falar."

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(N/A) Espero que tenham gostado do capítulo! Votem e comentem por favor :)

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