Fred e Emma voltaram á Saepe.
-Não queres vir comigo?-perguntou o rapaz, apontando para a porta de entrada.
-Não. Acho que vou para casa. Ou para o serviço. Preciso de algum dinheiro.
-Tudo bem. Até logo.
Emma deu um sorriso de despedida e foi-se embora em direção á sua casa.
Fred entrou, cumprimentou novamente Louise e subiu. Eram 6h57m. Tinha chegado 3 minutos adiantado quando bateu á porta.
Charlie abriu e voltou a fechar a porta assim que o rapaz entrou.
-Bom dia. Cheguei mais cedo, como pediu.-disse Fred.
-Eu falava de chegar ás 5. Mas não estás atrasado. Por isso, vamos começar já.
-Vejo que é um homem madrugador. Lamento desiludilo mas eu não sou.
-Para começar, precisas de esquecer tudo á tua volta e tudo o que sabes.
-Limpar a mente?-perguntou Fred.
-Depois, tenta pensar em alguma coisa da Natureza. Alguma memória em que á tua volta só tenhas Natureza.
-Sabe, professor, isto parece o filme Doctor Strange, não acha? Esquecer o que sei, concentrar-me em coisas bonitinhas.
-Já estás concentrado? -ignorou-o professor Charlie.
-Sim, senhor.
Fred achou melhor parar de o picar mas estava a divertir-se.
-Agora desenha o símbolo que está no meu tapete na tua cabeça. Depois abre os olhos lentamente.
-Mas, professor, eu tenho os olhos abertos.
-Então fecha-os.-disse o homem, com rigidez.
Fred fechou. Recordou o dia em que ele fez cinco anos e os pais levaram-o a passear num campo perto de casa. Depois começou a representar o símbolo na mente. E finalmente, abriu os olhos levemente.
-Wow!
-O que é que viste?
-Eu vi o símbolo. Aqui. No ar. Como... como se estivesse suspenso. Wow!-gaguegou o rapaz.
-E á volta do símbolo?
-Uma chama. Do lado direito. Uma gota de água do lado esquerdo. Um ciclone em cima. E... um pedaço de terra com erva em baixo.
-Ok. Agora, volta a fechar os olhos e imagina um desses elementos na tua mão.
"Isto é ridículo" pensou Fred.
-Imagina, Frederick. -disse o professor, como se tivesse lido os pensamentos do rapaz.
Ele imaginou. Imaginou uma gota de água perfeita. Como aquelas que se desenha no papel. E depois abriu os olhos, como da primeira vez. E lá estava ela. A gota de água. Na mão dele. Uma gota de água na mão dele. Frederick estava boquiaberto.
-Uma gota de água? A sério? -o professor parecia desiludido.
-É um elemento.
-Não preciso que me ensines isso.-respondeu, rispido.
-Desculpe.- Fred baixou o olhar.
-Pensa em algo melhor e maior.
O rapaz assim fez e uma chama enorme saiu da sua mão como um raio que atingiu uma prateleira de livros.
-Porra!-exclamou ele.
-Olha a linguagem e pára. Pára de pensar! -o professor gritava mas, indescritívelmente, parecia calmo.
Frederick parou e olhou para o professor.
-Não foi muito bem, foi?
-Foste completamente um desastre.-o homem mostrava desprezo na voz.
-Posso tentar outra vez? Penso em algo menos perigoso desta vez, prometo.
Fred fechou novamente os olhos e pensou em algo. Quando os abriu um pequeno tornado girava, alegremente, na sua mão. Sem saber como, utilizou a outra para aumentar e diminuir o tamanho daquele fenómeno.
Ainda com o elemento na mão, olhou para o professor. Ele não parecia contente, nem desiludido. Era como se fosse a coisa mais normal do mundo, o que na verdade era, para ele era, não para Frederick.
-Muda de elemento.
O tornado evaporou-se e flores começaram a sair pelos dedos do rapaz como se fossem garras, só que mais bonitas e sensiveis.
-Ok. Podes parar. Acabamos por hoje. Os teus amigos deviam vir contigo, apartir de amanhã.
-Com certeza, senhor.
Fred estava espantado com o que tinha conseguido fazer. Mal podia esperar para mostrar aos outros.
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O Caminho Para A Meia-Noite-A Revolta Da Luz
FantasiaHistória escrita em português de Portugal. Frederick é filho de Anne, uma pintora de prestígio e de Draco, um homem que se diz caçador de Domi-Qualemen. Fred acha o pai um homem preguiçoso e que diz ser o que diz para não ter de trabalhar. No ent...