No dia seguinte, me levantei bem cedo, estava muito ansiosa e queria resolver logo as coisas no escritório. Ainda não acreditava que o Sergio havia me dado férias, sem nem ao menos dar a louca. Ele raramente soltava o osso sem rosnar. Vesti um vestido leve, com a saia rodada, florido, e uma sandália aberta rasteira. Até mesmo meu cabelo havia resolvido cooperar, e caía em camadas até o meio das minhas costas.
Decidi ir caminhando até a editora, olhando os pássaros nas árvores, eles sempre cantaram lindamente assim? O sol parecia muito mais amarelo e quente, e o céu mais azul, com umas poucas nuvens. Passei por uma hort-frutti e comprei algumas frutas para o café da manhã. A uva estava tão doce, que senti até cócegas no céu da boca. Quando cheguei a editora, cumprimentei a recepcionista e lhe entreguei uma maça. Ela ficou me olhando como se eu estivesse doente, mas a ignorei. Ninguém precisava saber o motivo de minha alegria.
- LAURA! Isso são horas de chegar? – Eu havia acabado de colocar um pé no escritório, sorri para Sergio enquanto ele gritava comigo.
- Bom dia chefe, gostaria de uma maça? – Ele emudeceu. Entreguei-lhe uma mesmo assim e caminhei rumo a minha mesa.
Não era típico de mim provocar a fúria de meu chefe, principalmente quando o indivíduo tinha uma garganta tão potente. Mas ainda não havia caído a ficha que ele me deixara sair de férias assim tão fácil. E detalhe, sem que eu tivesse pedido nada. Então fui eu mesma tirar a prova dos nove. Sergio mal olhara na minha cara quando fui assinar minhas férias. Eu simplesmente entrei na sala, entreguei o papel que viera na caixa, a ele e, perguntei o que mais eu precisava assinar. Depois de me mandar ir para o RH dá empresa e de me dispensar com alguns chacoalhões de mão indicando a porta de saída. Resolvi não provocar mais sua fúria. Afinal eu sabia que ele deveria estar se remoendo por dentro. E agora também tinha certeza que ia mesmo estar de férias dali dois dias.
Comecei a sonhar acordada imaginando como meu romeu seria. Não queria idealizar o homem perfeito, afinal que homem perfeito em sã consciência olharia para alguém tão desconectado do mundo como eu. Mas então me lembrei de Miguel, da forma intensa como seus olhos me encaravam. Ele parecia despir minha alma e enxergar meu eu. Aquele que eu tanto lutava para esconder. Balancei a cabeça tentando tirar da minha mente aqueles olhos castanhos intensos.
Os dias passaram sem muitas surpresas. Nada mais chegou nos correios, que aplacasse minha ansiedade. Eu contava as horas como se minha vida dependesse disso. E no fundo as vezes achava que ela quase dependia mesmo.
Arrumei minha mala, com um pouco de cada coisa. Algumas peças de roupa de frio, outras de calor. Apertei um pouco as coisas, para caber pelo menos três livros ali dentro, como iria viajar, mesmo que de carro, sem um livrinho para me fazer companhia.
Não pude mais olhar dentro da caixa, pois elas vieram com instruções claras de que só poderia abrir a próxima carta, quando chegasse ao próximo destino. Aquilo era mistério demais para meu frágil coraçãozinho.
***
O dia tão esperado enfim havia chegado. Acordei com uma diarreia horrível, mas dá mesma forma que veio do nada, também passou. Quando cheguei na locadora, a moça que me atendeu sorria de um canto a outro, achei que seu rosto fosse se partir ao meio. Ela me acompanhou até o carro, seus pés não ficavam parados, e por várias vezes a imaginei dando pulinhos de alegria. Ela realmente não batia muito bem das ideias. Quando entrei no carro, a moça loira abaixou até estar de frente para mim, e ainda muito excitada disse:
- Lhe desejo uma ótima viagem Laura, boa sorte... - E após uma pausa dramática acrescentou - Seja feliz!
Ela se afastou ainda praticamente saltitando, me deixando muito confusa. Mas depois de pensar bem, resolvi não me ater a isso. Liguei o carro, e o ronco do motor era reconfortante. Nessa hora agradeci o fato de minha mãe ter insistido para que eu tirasse minha carta de motorista. Engatei a marcha e acelerei, no radio tocava "Jason Mraz - Love someone" e pensei que nada poderia ser tão ideal quanto aquela musica. Meu coração deu um salto, imaginando que em poucas horas, eu estaria ao lado do meu grande amor.
***
O prédio do hotel não era exatamente luxuoso, mas tinha uma fachada bem confortável e familiar. Me lembrava muito aquelas pousadas de interior, com uma decoração mais rústica, dirigida por velinhos que já estavam casados a anos. Claro que, essa regra não se aplicava a todas as pousadas desse estilo, e quando entrei para dar meu nome a recepcionista, uma loira, de no mínimo 1,75 de altura me atendeu, com seus cabelos brilhando, em contraste com a pele bronzeada.
- Ola em que posso lhe ajudar? - Ela perguntou, me medindo de cima a baixo, e pousando seus olhos por mais tempo que o devido em minha mala de viagem. Eu sei que ela estava um tanto quanto velinha, mas poxa, não dava pra disfarçar não?
- Oi... Me chamo Laura e... - Comecei a dizer, sem graça. Mas assim que disse meu nome, os olhos da loira falsa saltaram de sua cara e rapidamente ela saiu de trás da recepção.
- Mas é claro, queira me desculpar. Seu quarto já foi reservado, aqui estão as chaves. Este é Juan, e ele irá levar sua bagagem e acompanha-la. Se precisar de alguma coisa, só discar o nove, no telefone do seu quarto.
A recepcionista, falou tudo isso muito rápido, enquanto um homem gigantesco se aproximava. Ele era musculoso, moreno e alto, com um sorriso simpático no rosto. Fomos de elevador, apesar dá pousada só ter dois andares, além do térreo. Assim que foi aberta a porta, fiquei sem fôlego com a vista. Após uma pequena sala, vinha uma sacada, de frente para o mar. Ela continuava para o lado, em direção a dois aposentos, um de cada lado, mas de primeira não podia ver, pois eram separados por portas camarão. Me virei para o ajudante, ele ainda tinha um sorriso esplêndido no rosto.
- A senhorita precisa de mais alguma coisa? - Ele me perguntou com um sotaque carregado, mas que não consegui identificar dá onde era.
- Não, muito obrigada.
Ele acenou com a cabeça e saiu porta a fora, me deixando sozinha com minha expectativa crescente. Passei pela pequena sala, e fui até a porta a esquerda do quarto, abri aos poucos a porta, esperando por algo que em meu âmago, já imaginava que não iria encontrar. E de fato, o quarto estava vazio.
Tentei não me sentir decepcionada. Afinal ainda havia mais uma porta. Mas quando a abri, o quarto também estava vazio. Entrei caminhando lentamente, absorvendo o ambiente. A cama coberta por uma colcha branca. O pequeno armário de madeira clara. A continuidade dá sacada, com aquela vista de tirar o fôlego. Mas nada disso me importava, pois afinal, esperava encontrar quem me fizera ir até lá. Mas seria bom demais se ele realmente estivesse. E a vida nunca era tão boa assim.
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Olá pessoal, demorei mas voltei, e prometo não demorar mais tanto rsrs
A continuação sai entre hoje ou amanhã, sem falta. Então não deixem de dar aquele votinho maroto pra tia sah ficar feliz ❤Um beijo e um cheiro
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Ass; Romeu!
Roman d'amour"A primeira carta chegou pouco depois que eu havia completado 15 anos, a princípio estranhei, mas elas vinham todo mês, e passei ao invés de estranhar; desejar, e ficar esperando que elas chegassem. Até que um dia elas vieram com uma proposta que po...