12. Entrevista com um Vampiro

6.6K 522 60
                                    

“Uma prisão com as portas abertas...”

Mudei o canal da TV pela vigésima vez naquela manhã sentindo-me completamente entediada. Meus olhos tentavam prestar atenção no filme estrangeiro que passava embora não conseguisse entender uma palavra que falavam.

Suspirei deixando o controle de lado no sofá.

— Papai deve esta preocupado. – pensei em voz alta o imaginando andando de um lado para outro ligando para varias pessoas — Quero voltar para casa.

Ouvi o barulho de chaves, virei o rosto olhando a porta se abrir.

— Querida cheguei. – disse Matt e levantou a mão mostrando uma sacola de papel.

Rolei os olhos ignorando seu sarcasmo.

— Me leve para casa. – pedi — Por favor.

— Trouxe seu café da manha. – disse ele ignorando meu pedido e deu alguns passos em direção a cozinha.

— Matt, por favor. – pedi o seguindo, porém mantendo uma certa distancia.

O vi colocar a sacola sob o balcão tirando alguns sanduíches e um copo.

— Devo repeti algo novamente. – ele virou seu rosto para mim — Não quero sua agradável e deliciosa companhia, porém nenhum de nós tem escolha.

—Matt...

— Venha e tome seu café. – disse ele me interrompendo e apontou para os sanduíches no balcão — Você é uma humana fraca, não deveria pular nenhuma refeição.

Matt abriu a geladeira pegando uma garrafa e caminhou até o armário.

Me aproximei do balcão com um certo receio.

— Ainda com medo? – disse ele sem me olhar enquanto despejava o liquido escuro em um copo — Não teria a mínima graça para mim “bebe” o sangue de alguém como você.

Ele virou seu rosto para mim com um olhar cheio de sarcasmo e um toque de malicia e em seus lábios um sorrisinho de lado.

— Agora sente-se e coma. – ordenou ele.

Sentei sem dizer uma palavra.

Ele se aproximou deixando o copo sob o balcão e abriu a geladeira colocando a garrafa de volta.

Levantei meu olhar para ver que liquido era aquele não acreditando que ele me roubaria também o apetite enquanto se deliciava com sangue em minha frente.

— Não é sangue. – ouvi sua voz e abaixei a cabeça rapidamente — Você realmente é bem curiosa.

— Imaginei que pudesse apenas viver de... sangue. – comentei num tom baixo.

— Teoricamente sim. – disse ele sentando-se — Mas nem tudo que se ouvi sobre vampiros é verdade.

— Tipo? – incentivei a falar.

Ele levou o copo a boca tomando um gole.

— Como agua benta, crucifixos, sol e mais um monte de idiotices. – disse ele num tom tedioso.

— Então o sol não pode queima-lo? Assim como crucifixos e agua benta? – quis saber.

— O que isso? Entrevista com um vampiro? – ele me olhou e deu uma risada sarcástica e incrivelmente sexy. O que há comigo? — Sou mais interessante que Tom Cruise ou Brad Pitt.

— Como você disse sou alguém curioso. – ignorei seu comentário sobre o filme.

— Tome seu café ao invés de fazer perguntas tolas. – ele olhou para os sanduíches e tomou mais um gole de sua “bebida”.

— Me responda primeiro, ou não como. – o chantageei.

Matt me olhou e riu.

— Faça como desejar. – disse ele tranquilamente e levantou-se.

O observei caminhar em direção a pia e deixar o copo.

Peguei o sanduíche percebendo que não iria responder minhas perguntas de forma alguma.

— Enquanto leio meu jornal deixarei que faça-me suas perguntas tolas. – disse ele sentando-se novamente e pegando um jornal próximo a mim — Porém continue comendo.

Assenti agradecendo mentalmente por ele voltar atrás.

— Respondendo suas perguntas anteriores, tanto agua benta quanto crucifixos não tem nenhum enfeito sobre nós. São apenas mentiras que os religiosos inventaram acreditando que somos demônios. – disse ele folheando o jornal procurando algo — O que de fato de alguma forma somos.

— E o sobre o sol? – quis saber o olhando atenta.

Ele baixou o jornal e olhou minhas mãos.

— Não vejo nenhuma mordida. – se referiu ao sanduíche.

Mordi o sanduíche sendo observada por ele.

— O sol de alguma forma pode afetar alguns vampiros, mas não transforma-los em cinzas. – voltou sua atenção ao jornal — Apenas faz com que a pele brilhe feito diamante quando expostos ao sol. Ridículo.

— Já te vi durante o dia e nunca vi isso em você. – dei outra mordida antes que ele olhasse para se certificar.

— Como disse “alguns vampiros”. – disse ele com um certo deboche em seu tom de voz — O sol não causa nada a mim, não tem enfeito algum em meu corpo.

— Por que não? Não consigo compreender, por que é diferente em você. – comentei e tomei um pouco do liquido no copo, percebendo que era café.

— Direi apenas que sou uma “espécie” diferente. – ele me olhou abaixando o jornal — Mas alguma outra perguntar?

— Então todas aquelas lendas de vampiros são mentiras?

— Grande parte delas. – disse ele e deu uma risadinha vendo algo no jornal, isso me tirou o ar dos pulmões.

— Até mesmo sobre as estacas de madeira? – quis saber com um certo receio.

— Garota esperta. – comentou ele ainda lendo — Esta procurando por uma fraqueza, certo?

— N-não... Eh... Apenas curiosidade. – me voz me traiu deixando-me preocupada.

— Sei que você não é burra o suficiente para usar nada contra mim. – disse ele e deu outra risadinha — Estaca é boa arma contra minha “espécie”, mas aviso que você tem apenas 10 segundos para acertar o coração e matar caso contrario esta morta.  

Engoli em seco o vendo ri novamente.

Definitivamente não iria arriscar minha vida fazendo isso.

— Nunca me canso desses quadrinhos. – comentou ele e jogou o jornal no lixo — É a única coisa que presta nos jornais.

— Matt...

— Acabou sua entrevista. – avisou ele levantando.

— Mas... – minha boca foi tapada com sua mão rapidamente.

— Não faça barulho e fique aqui. – pediu ele antes de sair com uma velocidade anormal.

Mantive-me sentada sentindo o medo me invadi e desejando que ele voltasse logo, mesmo sendo um vampiro me sentia mais segura com ele que sozinha.

Companhia do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora