“Uma prisão com as portas abertas...”
Mudei o canal da TV pela vigésima vez naquela manhã sentindo-me completamente entediada. Meus olhos tentavam prestar atenção no filme estrangeiro que passava embora não conseguisse entender uma palavra que falavam.
Suspirei deixando o controle de lado no sofá.
— Papai deve esta preocupado. – pensei em voz alta o imaginando andando de um lado para outro ligando para varias pessoas — Quero voltar para casa.
Ouvi o barulho de chaves, virei o rosto olhando a porta se abrir.
— Querida cheguei. – disse Matt e levantou a mão mostrando uma sacola de papel.
Rolei os olhos ignorando seu sarcasmo.
— Me leve para casa. – pedi — Por favor.
— Trouxe seu café da manha. – disse ele ignorando meu pedido e deu alguns passos em direção a cozinha.
— Matt, por favor. – pedi o seguindo, porém mantendo uma certa distancia.
O vi colocar a sacola sob o balcão tirando alguns sanduíches e um copo.
— Devo repeti algo novamente. – ele virou seu rosto para mim — Não quero sua agradável e deliciosa companhia, porém nenhum de nós tem escolha.
—Matt...
— Venha e tome seu café. – disse ele me interrompendo e apontou para os sanduíches no balcão — Você é uma humana fraca, não deveria pular nenhuma refeição.
Matt abriu a geladeira pegando uma garrafa e caminhou até o armário.
Me aproximei do balcão com um certo receio.
— Ainda com medo? – disse ele sem me olhar enquanto despejava o liquido escuro em um copo — Não teria a mínima graça para mim “bebe” o sangue de alguém como você.
Ele virou seu rosto para mim com um olhar cheio de sarcasmo e um toque de malicia e em seus lábios um sorrisinho de lado.
— Agora sente-se e coma. – ordenou ele.
Sentei sem dizer uma palavra.
Ele se aproximou deixando o copo sob o balcão e abriu a geladeira colocando a garrafa de volta.
Levantei meu olhar para ver que liquido era aquele não acreditando que ele me roubaria também o apetite enquanto se deliciava com sangue em minha frente.
— Não é sangue. – ouvi sua voz e abaixei a cabeça rapidamente — Você realmente é bem curiosa.
— Imaginei que pudesse apenas viver de... sangue. – comentei num tom baixo.
— Teoricamente sim. – disse ele sentando-se — Mas nem tudo que se ouvi sobre vampiros é verdade.
— Tipo? – incentivei a falar.
Ele levou o copo a boca tomando um gole.
— Como agua benta, crucifixos, sol e mais um monte de idiotices. – disse ele num tom tedioso.
— Então o sol não pode queima-lo? Assim como crucifixos e agua benta? – quis saber.
— O que isso? Entrevista com um vampiro? – ele me olhou e deu uma risada sarcástica e incrivelmente sexy. O que há comigo? — Sou mais interessante que Tom Cruise ou Brad Pitt.
— Como você disse sou alguém curioso. – ignorei seu comentário sobre o filme.
— Tome seu café ao invés de fazer perguntas tolas. – ele olhou para os sanduíches e tomou mais um gole de sua “bebida”.
— Me responda primeiro, ou não como. – o chantageei.
Matt me olhou e riu.
— Faça como desejar. – disse ele tranquilamente e levantou-se.
O observei caminhar em direção a pia e deixar o copo.
Peguei o sanduíche percebendo que não iria responder minhas perguntas de forma alguma.
— Enquanto leio meu jornal deixarei que faça-me suas perguntas tolas. – disse ele sentando-se novamente e pegando um jornal próximo a mim — Porém continue comendo.
Assenti agradecendo mentalmente por ele voltar atrás.
— Respondendo suas perguntas anteriores, tanto agua benta quanto crucifixos não tem nenhum enfeito sobre nós. São apenas mentiras que os religiosos inventaram acreditando que somos demônios. – disse ele folheando o jornal procurando algo — O que de fato de alguma forma somos.
— E o sobre o sol? – quis saber o olhando atenta.
Ele baixou o jornal e olhou minhas mãos.
— Não vejo nenhuma mordida. – se referiu ao sanduíche.
Mordi o sanduíche sendo observada por ele.
— O sol de alguma forma pode afetar alguns vampiros, mas não transforma-los em cinzas. – voltou sua atenção ao jornal — Apenas faz com que a pele brilhe feito diamante quando expostos ao sol. Ridículo.
— Já te vi durante o dia e nunca vi isso em você. – dei outra mordida antes que ele olhasse para se certificar.
— Como disse “alguns vampiros”. – disse ele com um certo deboche em seu tom de voz — O sol não causa nada a mim, não tem enfeito algum em meu corpo.
— Por que não? Não consigo compreender, por que é diferente em você. – comentei e tomei um pouco do liquido no copo, percebendo que era café.
— Direi apenas que sou uma “espécie” diferente. – ele me olhou abaixando o jornal — Mas alguma outra perguntar?
— Então todas aquelas lendas de vampiros são mentiras?
— Grande parte delas. – disse ele e deu uma risadinha vendo algo no jornal, isso me tirou o ar dos pulmões.
— Até mesmo sobre as estacas de madeira? – quis saber com um certo receio.
— Garota esperta. – comentou ele ainda lendo — Esta procurando por uma fraqueza, certo?
— N-não... Eh... Apenas curiosidade. – me voz me traiu deixando-me preocupada.
— Sei que você não é burra o suficiente para usar nada contra mim. – disse ele e deu outra risadinha — Estaca é boa arma contra minha “espécie”, mas aviso que você tem apenas 10 segundos para acertar o coração e matar caso contrario esta morta.
Engoli em seco o vendo ri novamente.
Definitivamente não iria arriscar minha vida fazendo isso.
— Nunca me canso desses quadrinhos. – comentou ele e jogou o jornal no lixo — É a única coisa que presta nos jornais.
— Matt...
— Acabou sua entrevista. – avisou ele levantando.
— Mas... – minha boca foi tapada com sua mão rapidamente.
— Não faça barulho e fique aqui. – pediu ele antes de sair com uma velocidade anormal.
Mantive-me sentada sentindo o medo me invadi e desejando que ele voltasse logo, mesmo sendo um vampiro me sentia mais segura com ele que sozinha.
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Companhia do Lobo
Fanfic||Irei reescrever em breve|| Quando era criança acreditava em contos de fadas, na magia que os finais felizes possuíam ao concluir mais uma história provando que, embora tudo tenha sido difícil, no final todos viveram felizes para sempre. Eu realmen...