A ESTRADA PARA O TERROR (Continuação)

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O irmão da minha namorada falou "será que tem alguém lá em cima?" mas ninguém respondeu.
Então nós ouvimos um grito estridente, mas não estava vindo de lá de cima, e sim da janela. Era a prima da minha namorada. Enquanto nós fomos ver a escada ela ficou na janela, olhando lá fora.
Ela veio correndo na nossa direção e começou a falar que tinha alguém o lado do carro.
Quando ela falou isso, eu senti o meu sangue esfriar e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.
A minha namorada grudou em mim e tremia toda.
"Você tem certeza que você viu alguém do lado do carro?" o meu amigo perguntou. "Tenho, eu vi.
Eu não vi de onde veio, mas estava parado do lado da porta do passageiro!" Ninguém estava com a mínima coragem de ir ver se realmente tinha alguém lá. Então as luzes do farol começaram a ficar fracas.
"O que é isso? O que está acontecendo?" o irmão da minha namorada perguntou. "Acho que a bateria do carro esta acabando." eu respondi. A minha namorada começou a apertar a minha mão e a chorar falando que aquilo não era hora para a bateria do carro acabar. Nós todos estávamos com medo.

Alguns segundos depois, a luz do farol do carro apagou completamente. Nós cinco ficamos no mais completo silêncio.
Então o meu amigo falou "alguém vai ter que ir lá no carro ver o que aconteceu, ou pelo menos ligar ele, e claro que esse alguém era eu. Algum tempo depois eu resolvi que não tinha outro jeito, eu ia ter que ir lá fora mesmo, no escuro.
Eu falei que eu ia, e que era para eles ficarem onde estavam.
Eu tentei fazer o mínimo de barulho possível, até chegar na janela. Mesmo com os olhos acostumados com a escuridão, eu não conseguia ver nada, só uma sombra mais escura que eu esperava ser o carro, e só o carro. Eu pulei a janela e fui devagar, segurando a chave do carro.
Quando eu cheguei no carro, eu abri a porta e a luz interna acendeu.
Eu achei isso estranho, já que se a bateria tivesse acabado, a luz de dentro do carro não acenderia.
Então eu vi que o farol estava desligado. Aí eu senti aquele arrepio subir a coluna de novo.
Apesar do carro estar destrancado, nós não ouvimos a porta abrir ou fechar, como é que alguém ia conseguir desligar o farol sem abrir a porta? E por que ao invés do farol simplesmente apagar, ele foi ficando fraco até apagar?

Eu acendi o farol e antes que eu pudesse pensar no que estava acontecendo, o resto do pessoal saiu voando pela janela da casa, berrando de pavor. A minha namorada e o irmão dela estavam chorando, a prima deles estava com uma cara de completo pavor e o meu amigo estava mais branco que uma vela. Eles praticamente se jogaram dentro do carro e começaram a gritar para eu trancar as portas e ir embora.
Sem entender nada, mas já completamente apavorado, foi exatamente o que eu fiz. Foi um alívio quando o carro pegou de primeira. Eu fiz a volta e disparamos pela estrada de novo. Eu perguntava o que tinha acontecido, mas a minha namorada só estava tentando acalmar o irmão dela, que estava chorando (assim como ela).
A prima deles estava muda e o meu amigo só falava para eu não parar, para continuar em frente.

Quando todos já estavam começando a ficar mais calmos de novo, a minha namorada e o irmão dela já tinham parado de chorar, a prima deles já estava falando (ela só falava "já estou melhor" e mais nada), eu virei para o meu amigo que estava no bando de trás e perguntei o que tinha acontecido. Quando eu estava olhando para trás, a minha namorada que estava no bando do meu lado berrou "PARA!!!!" Com o susto eu sentei o pé no freio. O carro derrapou um pouco, mas parou.
Todo mundo dentro dele voou para frente. Quando nos arrumamos dentro do carro de novo eu olhei para a minha namorada e perguntei o que era. Então eu vi que ela estava chorando de novo, apontando o dedo para a frente.
A mão dela tremia. Então eu vi o que era. A estrada estava cheia de árvores de novo, tampando o caminho.
"Vocês não tinha tirado as árvores do caminho?" a prima da minha namorada perguntou.
Eu falei que sim, que a gente tinha tirado. Isso foi o suficiente para o irmão da minha namorada começar a chorar de novo.
Eu comecei a olhar em volta, para ver se eu via alguém, ou alguma coisa.
Depois de um tempo eu olhei para o meu amigo e falei "A gente vai ter que sair para limpar a estrada.
Não tem outro jeito." ele falou par eu passar por cima das árvores mesmo.
"Se eu for com tudo, o carro vai bater nos troncos, e ou vai ficar preso e a gente não sai, ou vai furar pneu, ou vai arrebentar alguma coisa e a gente também não vai sair daqui.
A única opção é a gente limpar a estrada. Depois de um tempo em silêncio ele concordou.

Nós dois saímos e fomos em direção às árvores tombadas no chão. A minha namorada fechou a porta do carro e as trancou (e ainda por cima com a chave dentro, legal ela, né?).
Dessa vez tinha muito mais árvores do que antes. Com muito cuidado e prestando atenção em tudo em volta nós começamos a arrastar as árvores para fora do caminho. Quando finalmente limpamos o caminho, olhamos um para o outro, com um olhar no rosto que dizia, vamos embora daqui.
Quando estávamos voltando para o carro, nós ouvimos um barulho no mato.
Nós paramos no lugar e olhamos à nossa esquerda. Não dava para ver nada, ainda mais com o farol do carro na nossa cara.
Então de repente alguns passarinho saíram voando de onde o barulho estava vindo.
Isso foi o suficiente para nós dispararmos em direção ao carro. O pior foi que quando chegamos lá, ninguém queria abrir a porta para a gente. A gente ficou batendo na janela, mas o pessoal dentro do carro só estava chorando e berrando.
Eu e o meu amigo já estávamos quase entrando em pânico, ele já estava procurando uma pedra para quebrar a janela para entrar no carro quando a prima da minha namorada finalmente destrancou a porta.

O meu amigo entrou pela porta do motorista mesmo e se jogou no banco de trás e eu fui atrás dele.
Mal eu sentei no banco já meti o pé no acelerador, a porta fechou com o carro disparando.
Mas apesar da velocidade com que a gente saiu, nós ainda conseguimos ver, saindo do meio do mato, alguma coisa, parecia uma mancha escura com formato humano. E era muito alto aquilo, parecia ter mais de 2,5 metros.
A minha namorada e a corajosa família dela se desesperaram quando viram aquilo. Começaram a chorar feito bebê assustado.
Desde aquele ponto até chegar na estrada de terra eu não diminui a velocidade, estava indo com o pé no fundo.
O carro estava pulando mais do que boi bravo, naquela estrada esburacada e mal conservada.
Quando chegamos na estrada de terra melhor conservada, eu entrei com tudo e também não diminui a velocidade.
Chegando na estrada de asfalto, já estávamos um pouco mais calmos, e eu finalmente relaxei o pé no acelerador.
Ninguém falou nada até chegarmos na cidade.

Quando chegamos fomos direto para a casa da minha namorada. Os pais dela tinham saído.
Enquanto ela, o irmão dela e a prima deles entravam na casa, eu puxei o meu amigo para o canto e perguntei o que tinha acontecido dentro da casa para eles saírem correndo daquele jeito.
Ele falou que quando eu estava lá fora no carro eles ouviram mais alguns passos no andar de cima.
Eles ficaram prestando atenção se conseguiam descobrir o que era, quando de repente veio um som, do topo da escada, de como se alguém estivesse segurando a respiração e soltasse de repente.
Ele falou que depois disso veio um cheiro de podridão, como se tivesse algum bicho morto lá a mais de uma semana.
O barulho daquela respiração estranha já tinha assustados eles o suficiente para saírem correndo, mas bem nessa hora eu liguei os faróis do carro, então eles viram uma coisa meio sem forma que estava saindo da cozinha, mas parece que quando eu liguei o farol do carro, a luz assustou ela, por que ela voltou para a cozinha na hora. Foi ai que eles entraram em pânico e saíram correndo.
Ele falou que não deu para ver o que era direito, eles praticamente viram um mancha preta voltando para a cozinha só.

Até hoje eu não sei no que foi que a gente esbarrou. O irmão da minha namorada tem pesadelos até hoje com aquela noite e não gosta nem um pouco de falar no assunto. A minha namorada fica muito brava se eu tento fazer ela falar algo sobre aquela noite.
A prima deles é a única que fala alguma coisa mas também não gosta de falar muito no assunto.
Eu sei que além do susto todo que a gente tomou, a suspensão do meu carro ficou completamente arruinada depois da nossa fuga. Eu tive que mandar refazer ela toda.

Eu nunca mais voltei para aquele lugar e nunca mais quero voltar.
As vezes me perguntam onde é que fica, por que ninguém acredita na minha história, mas eu não falo.
Se aquela estrada estava bloqueada, deve ser por um bom motivo.

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