As luzes falham por um instante. O silêncio evidencia a chegada de alguém.
Todos no bar estavam paralisados, curiosos… olhando para o vulto que aparecera em frente à porta.
Ele vestia um longo cachecol marrom que se tornava uma capa. Seu tecido movia-se devagar. Indo e vindo, conforme vento e névoa saíam de seu corpo. Suavemente, sua presença trazia um frio tremendo.
O sangue de Oda congela. Ele olha para os ossos expostos em seu punho direito. A antiga ferida começa a latejar.
Era a criatura.
O recém-chegado observa a sala devagar. Vasculhando-a com os olhos. Seu olhar encontra o de Oda por um instante, e depois passa para o próximo como se nada tivesse acontecido.
Sem dizer nada, ele começa a andar pela sala. Ele caminha em silêncio pelas mesas, estudando cada rosto, cada expressão.
Vários caçadores sentiam vontade de se levantar, mas mantinham-se sentados em suas cadeiras de madeira.
Suas pernas tremiam de excitação e suas mãos pairavam sobre suas armas. Eles queriam interrogá-lo e expulsá-lo, mas não o faziam. Isso porque sabiam… sabiam que haveriam conseqüências. O inimigo era forte demais.
Oda continuava observando seu assassino sem nem piscar. A criatura estava diferente. Definitivamente diferente. Parecia mais forte e saudável. Em forma. Parecia… humano.
Sua pele estava mais branca e seus músculos mais desenvolvidos. A criatura com aparência raquítica que o havia atacado era apenas uma sombra perto dessa que estava em sua frente.
Mas sua presença e olhos eram os mesmos. Por isso tinha certeza…
- O que você quer, estranho?
A criatura para e olha para Barbas.
O homem barbudo estava de pé. O único no bar que era mais alto do que o intruso.
- Barbas, cuidado. - Fala Naomi.
- O que você quer? - Repete Barbas, sem vacilar.
A criatura apenas inclina a cabeça para o lado, como um cachorro que não compreende uma ordem.
Logo depois, ela volta a ignorá-lo e continua andando.
- Eu lhe fiz uma pergunta, sua marionete estúpida!
A criatura para e se vira novamente para Barbas. Com seus olhos bem abertos, sorri. Seus dentes alongados e afiados eram exatamente como Oda lembrava.
- Eu não tenho nada a tratar com você, Caçador de Adagas.
Sua voz era sibilante e fria. Tão fria, que alguns caçadores puxam seus casacos conforme ela falava.
- Tem certeza? Então por que está aqui?
- Tenho minhas ordens… Só isso. Deixe-me em paz e não o farei mal.
- E quais são suas ordens?
- Eu já lhe disse o bastante, Caçador… Recolha-se.
Há um silêncio. Os olhos de Barbas pareciam arder em chamas.
- O que disse?
Naomi e alguns caçadores se levantam e correm para segurar Barbas.
- O que você disse seu desgraçado? - Grita Barbas sendo segurado por Naomi e mais dois homens. - Acha que pode entrar na nossa casa e sair dando ordens, hein? Quem você pensa que é?
A criatura apenas sorri para o homem furioso e começa a caminhar em direção as escadas.
- Você está aqui por minha causa não é? - Fala Oda, levantando-se.
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O Bar de Adagas
FantasíaUm grupo de amigos se encontra no famoso Bar de Adagas para falar sobre vida, morte e, é claro, tudo que vem depois.