Capítulo 4

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Vocês reclamaram muito do último capítulo, tá aí a mea culpa.

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Amanda

A ligação veio pouco tempo depois que eu cheguei em casa, Davi me esperava sem camisa e de braços abertos, mas o telefonema veio nos separando, era a Beca e eu mal conseguia ouvir o que ela dizia, "eu não consigo respirar" soou como um sopro, um suspiro baixo, me atingindo direto no coração.

Eu gritei algo às pressas para o Davi e saí de casa, cheguei ao andar dela antes que um minuto se passasse no relógio, Davi me seguiu. A porta estava aberta. Meu coração pulsava na garganta.

Beca estava no sofá, roxa, os olhos vidrados, a cabeça meio abaixada entre as pernas, fazia um esforço descomunal pra respirar.

- Pega gelo! – gritei para o Davi. – Beca, olha pra mim, eu estou aqui, está tudo bem. – ela olhava, mas em desespero. – Respira comigo, vai, puxa, solta. – eu estava desesperada também, ela tentava me copiar, mas com muita dificuldade. – Isso. É fácil. Respira, solta. – Davi chegou ao nosso lado com o gelo. – Bota na nuca dela. – pedi. – Tá tudo bem, tudo vai ficar bem.

Ela estava com medo de morrer, eu via nos olhos dela, ela tentava respirar, mas ar nenhum entrava nos pulmões. Eu estava com medo também.

Eu insisti, segurei nas mãos dela e garanti que ela não tirasse os olhos de mim.

- Eu estou com você, Beca, nada vai acontecer. Só calma e respira. – eu tentava transparecer uma calma que eu não tinha, mas parecia dar certo.

O tom de pele dela foi aos poucos saindo do roxo para o vermelho, a respiração dela ainda era entrecortada e difícil, mas a expressão que ela tinha no rosto foi amenizando.

- Muito bem, meu amor, você está conseguindo. – eu sorria pra ela, de alívio.

Me sentei ao lado dela no sofá e a abracei de leve, sem a sufocar e alisei os braços dela com carinho. Davi observava tudo em silêncio.

- Pega água pra ela, Bonito. – pedi e ele foi na mesma hora. – Eu num disse que ia ficar tudo bem. – repetia pra ela.

- Murilo foi embora. – ela praticamente suspirou, mas eu estava próxima o suficiente pra entender o que ela dizia.

- Vou te levar pra minha casa e eu vou cuidar de você.

Meu coração doeu ao ouvir o que ela disse. Eu já tive perdas sucessivas na minha vida e isso te sufoca a ponto de você duvidar da sua capacidade de sobreviver a elas.

Beca tinha perdido tudo. Tinha sido humilhada e mal tratada no dia do nascimento e morte da própria filha e na busca para preencher esse vazio ela estava perdendo o grande amor da sua vida.

E eu me sentia culpada.

Eu tentei ser o que ela precisava, tentei apoiá-la, tentei com que ela mudasse de ideia, torci pra que ela conseguisse a guarda da Preta e ela melhorasse.

Mas ela tinha visto o Murilo ir embora. Falhei.

Ela bebeu a água que o Davi trouxe e depois a coloquei em pé.

- Ela vai pra casa com a gente, ajuda ela? – falei para o Davi e ainda em silêncio ele a carregou no colo até o nosso apartamento, a deixou deitada no sofá. – Eu vou pegar uns travesseiros pra você, Beca, espera só um pouquinho. Ouviu.

Davi me seguiu até o quarto.

- Ela não precisa ver um médico? – me perguntou.

- Não, ela teve uma crise de ansiedade grave, não é a primeira vez, mas não se preocupe eu vou ligar para tia Vânia.

Amanda - livro trêsOnde histórias criam vida. Descubra agora