Capítulo 10

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Postado em:
Ter, 18/04/2017 às 08h34

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Depois daquele dia difícil com a volta das minhas aulas, a confusão na minha cabeça pra tentar explicar a Sophia que superei o que sentia, eu finalmente tive paz. Hoje eu tinha que ir a escola e não quer ir é bem óbvio, mas disse a minha mãe que iria pra compensar as duas semanas que faltei. Então, eu acordei, tomei um banho e desci pra tomar café.

- Olha quem caiu da cama está manhã. - Debochei do meu irmão, Mett, ele era mais velho e tinha voltado das férias que foi passar com a nossa avó.

- Engraçadinha. Acordei cedo porque preciso de um emprego e o papai disse que a única maneira de conseguir um é começar espalhando cedo o meu currículo. - Ele mastiga seu cereal enquanto mexe no celular.

- E como foi em Kansas com a vovó? - Perguntei enquanto colocava meu café.

- Foi legal.

Mett não gostava muito de dialogar. Por isso fazia coisas sem a sua vontade. Ele era o segundo motorista da casa.

Ele termina seu cereal, e pega a chave do carro. - Eu tô de saída, quer uma carona?

- Quero, vou pegar minha mochila. - Termino meu café e vou até meu quarto. Pego minha mochila e ao olhar pra minha cama vejo em cima do travesseiro uma carta. Acho muito estranho, mas meu tempo era curto e eu tinha que ir. Então, coloquei na mochila e sair.

A Caminho da Escola

Estavamos a caminho da escola e Mett coloca uma música pra tocar e em meio ao começo da música ele se pronuncia tirando os olhos da direção e tocando meu ombro de leve. - Então como está na escola?

- É faculdade. - O corrigir.

- Tanto faz. Como tá indo?

- Tirando as pessoas metidas, os nerds, os descolados, os populares e os professores, eu tô indo bem. - Fiz uma pausa e lembrei da menina - Olha, Mett, se não se importa... eu não quero falar sobre isso. - Eu não tava de mal humor, só tinha que ficar focada e não cair na depressão.

- Como quiser. - Mett sorriu de canto e suspirou como se me entendesse e voltou a olhar para a direção. Essa era uma das coisas que eu gostava nele, o jeito que me entendia quando eu não queria conversar. As vezes, eu me dava conta de que meu irmão sabe mais desse lance de amor do que muitos homens por aí. Ele só teve uma namorada, a Kira, e sempre do que eu acompanhava ele era um cavalheiro e respeitava o espaço dela, eu diria que respeitava até demais: Ela o traiu.

- Prontinho. - Disse Mett parando o carro perto de uma arvore em frente a faculdade. Eu olhei pra ele e pude notar que seu rosto exalava uma expressão triste e preocupada.

- Obrigada. - Agradeci e desci do carro. Encarei aquela faculdade enorme e azul e ao dar o primeiro passo Mett se pronuncia.

- Escuta, eu vou entregar uns papéis por aqui...se quiser eu te espero pra irmos juntos.

- Não precisa, eu combinei com uma galera de ir caminhando. - Eu mentir. Mett já tinha me dado uma carona, eu não queria abusar e ainda tinha aquela carta que achei no meu quarto.

- Tem certeza? É um pouco longe de casa.

- Tenho, não esquenta. - O encarei até ir embora.

Na Escola

Depois que Mett foi entregar seus papéis, eu entrei na faculdade depois de duas semanas sem vir. Se ninguém me conheceu no primeiro dia é claro que não ia conhecer agora.

- Ai! - Fui interrompida em meio aos meus pensamentos quando esbarrei em alguém no corredor e sentir meu corpo bater contra o chão.

- Desculpa! Eu ajudo você. - Uma desconhecida começa a pegar meus livros e estende sua mão para me levantar. - Eu não vi você, me desculpa. - Ela me entrega meus livros.

- Tudo bem, é de se esperar no primeiro dia de aula. - Pego meus livros e arrumo meu cabelo.

- Seu primeiro dia? - Ela pergunta assustada - O meu também. Me chamo Mariana. - Estende a mão na esperança de que eu a cumprimentasse.

- Legal, Mariana. Eu tenho que ir pra sala agora e estou um pouco perdida. -    A olhei como quem não quer nada, sorrir e continuei andando.

- Espera! eu... eu não sei seu nome. - Ela começa a me acompanhar.

- Brenda. Eu me chamo Brenda e estou mesmo perdida - Olho meu relógio - e atrasada por sinal.

Era meu primeiro dia e ela seria a menina com quem eu iria interagir todos os intervalos?!

- Legal, belo nome. A propósito qual é a sua sala? - Seu olhar procurar por um papel com os horários que eu segurava junto com os livros.

- 30001A, sabe onde fica?

- Que legal a minha é bem ao lado: 30002A. Podemos ir juntas!! - Seu rosto exalava felicidade. Ela é sempre empolgada assim?!

Na Sala de Aula

Aquela aula de gramática tava me matando, eu não conseguia me concentrar pensando em que tipo de pessoa ainda escreve carta hoje em dia e como foi parar na minha cama. Eu gostava do meu curso e sempre me dediquei, mas de uns tempos pra cá, quando a minha vida, literalmente, virou de cabeça pra baixo eu não sabia mais em quem pensar, no que pensar e por que pensar. Se talvez eu controlasse meu coração, meus sentimentos... Pra começar eu não teria ferido o coração da minha doce Sophia. Ainda estaríamos juntas, eu estaria na mesma faculdade e com a cabeça literalmente no lugar. Felizmente a aula tinha terminado e eu finalmente podia abrir a carta, e torcia plenamente pra não me esbarrar com Mariana no corredor. Mal a conheci e nem queria que isso acontecesse. Fui pro lugar mais vazio da faculdade, a última mesa da lanchonete. Me sentei e coloquei a mochila sobre a mesa, abri e quando procurei pela carta, ela não estava lá.

- O quê? - Disse indignada.

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