O Cara da estação

Um dia qualquer

   Mas uma semana começando com muito trabalho, chego na estação de trem as 05:30 da manhã e no decorrer do dia vejo muitos rostos desconhecidos, no meu quiosque vendo bebidas, balas, biscoitos e afins, levo todo tipo de cantada e vez ou outra flerto com alguém. Na terça-feira a tarde um homem me chamou a atenção, seu corpo era todo trabalhado com os musculos em evidência, não era aquele corpo de academia, era do tipo que se consegui com exercicio bruto, seu rosto parecia ser talhado em pedra, com uma barba bem cuidada, cabelo muito curto estilo militar e olhos negros como a noite. Que homem! Não conseguia tirar os olhos dele e certo momento ele me olhou e sorriu com o cantinho da boca, o trem das 16:30 chegou e aquele deus do Olimpo embarcou.
  A quarta chegou e eu louquinha pra rever aquele homem com cara de malvado, e mais uma vez às 15:00 horas ele chegou, como não olhar aquela criatura? Respirei fundo e me concentrei no trabalho, enquanto estava de cabeça baixa preparando o lanche de um cliente uma voz grave me faz saltar de susto derramando suco no balcão e na bermuda do dono daquela voz, sem levantar a cabeça peguei varios papel toalha e tentei limpar a sujeira sem me dar conta que estava perto demais das suas partes íntimas, só me dei conta quando uma mão firme segurou a minha e uma gostosa gargalhada se fez ouvir. Enfim levantei a cabeça e me deparei com a unica pessoa que eu não queria, ELE.
Queria que a terra me engolisse! Queria chorar de vergonha! Ah Deus! Queria morrer. Como eu era a única dentro do quiosque botei meu melhor sorriso e pedi desculpas. "Melhor tomar mais cuidado Letícia" disse num tom de reprimenda.
"Como sabe meu nome" perguntei séria.
"Bem, costumo saber tudo sobre a mulher que pretendo levar pra cama." falou e deu as costas, indo rumo as catracas enquanto eu fico com a cara no chão. "Quem ele pensa que é? Pode ser lindo mas depois dessa nem amarrada eu dou pra ele."