Everglow || André Silva ✔️

2.

O treino tinha terminado, já tinha tomado banho e já estava vestido pronto para ir embora para almoçar com o meu irmão. Saí do balneário e lá estava ela.

- Finalmente, pensei que não ias sair hoje. - falou desencostando-se da parede.

- Precisas de alguma coisa?

- Vejo que te esqueceste. - encarei-a confuso, esquecer de quê? dificilmente me esqueço das coisas. - É hoje que vais conhecer o menino da Make a Wish e já estas atrasado.

- Esqueci-me completamente, vamos. - disse admirado comigo mesmo por ter me esquecido de tal coisa.

O caminho até a sala onde ia conhecer o menino ainda era um pouco longe, decidi então fazer conversa.

- Com que então tens namorado. - foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

- Alguém já andou coscuvilhar o meu instagram. - disse olhando para mim. Nem sei como é que pensei que uma mulher como ela estaria solteira. Seria bom demais.

- À quanto tempo se conhecem, namoram? - nem sei porque é que lhe estou a perguntar estas coisas. Uma confirmação que o namoro era sério talvez?

- Namoramos à 5 anos, mas conhecemo-nos desde da escola primária. - ela respondeu sem qualquer problema.

- Ah típica história dos amigos de infância que se tornam namorados. - Não acredito que acabei de dizer isto.

Ela sorriu e disse - É mais ou menos. E tu?

- Eu o quê? - fiz-me de desentendido.

- Não há namorada? Ninguém especial?

Pensei um pouco na minha resposta - Não! Neste momento a minha prioridade é o futebol e uma namorada não esta nos planos. - ela não respondeu, apenas olhou para mim, mas diferente das outras vezes ela não sorria. É uma imagem estranha, porém mesmo séria ela é igualmente bonita.

- Espera aqui! - falou parando em frente de uma porta, abriu-a, espreitou, falou alguma coisa que não consegui perceber e voltou a olhar para mim. - Já podes entrar.

Fiz o que ela mandou e entrei vendo uma menino pequeno, com cerca de 6/7 anos com uma camisola do Porto, acompanhado pelos pais, pelo que me disseram ele tem leucemia.

- Então campeão! - disse abaixando-me para ficar do tamanho dele. O menino, que se chama Luís, começou-me a contar que sonhava um dia ser jogador do Porto e que eu era o seu jogador preferido, pediu-me também que assinasse a sua camisola e que tirasse uma foto com ele. Para uma criança que sofre com uma doença tão terrível, ele era muito alegre e bem disposto.

Quando me levantei para tirar a foto com o Luís aproveitei para olhar para ela, e agora sim ver o que já era habitual, ela a sorrir. Pergunto-me como seria acordar todos os dias e ver aquele sorriso. Desviei o olhar dela e abanei levemente a cabeça afastando o pensamento. De que vale pensar nestas coisas se nunca irão acontecer.'

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