Capítulo 6

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[Yuri]

No final do treino eu tive que aguentar a Isadora de cara fechada até em casa. Não ousei perguntar o motivo daquilo, pois eu já sabia que era o lance do intervalo. E partindo do princípio que eu achava aquilo uma idiotice, achei melhor não discutir o assunto.

No dia seguinte cheguei atrasado à escola e fui direto para a sala de aula. Só consegui ver a Isadora na hora do intervalo e eu tinha certeza que ela ficaria mais puta se eu fosse atrás da Vivian hoje, mas eu iria. Nem que fosse pelos últimos dez minutos. Assim que o sinal soou, eu saí ao lado do Rodrigo para o pátio e logo avistei a loira conversando com outras duas meninas. Quando ela me viu, se despediu e veio em minha direção.

– oi – falei olhando-a e me inclinei para lhe dá um selinho – cheguei atrasado hoje.

– eu notei mesmo – ela sorriu e me abraçou.

– vamos lanchar? – eu perguntei olhando para baixo, encarando-a.

– não estou com fome – a Isa fez uma careta.

– você nunca está – eu rolei os olhos e a passei para meu lado, andando abraçado nela.

– eu tomo um bom café da manhã – ela respondeu indignada – e vocês sempre tem mais fome.

– vou lá pegar algo então – eu falei sem dar confiança para a resposta dela, pois começava a parecer que ela tinha algum problema.

Andei em direção a fila enquanto ela se dirigia para uma mesa, onde estava o Rodrigo e mais duas garotas que era da sala dela. Enquanto meu pedido não chegava, eu fiquei pensando sobre esse lance da Isadora. Durante todo esse mês que estivemos juntos, eu nunca a via realmente comer. A única vez foi um misto quente no dia que encontramos a Vivian na lanchonete do sr. Silvio. Na escola ela não comia, ou era uma fruta pequena ou uma caixinha de chá pronto, desse tipo chá matte, que vendia na cantina. E quando saímos do treino juntos, ela nunca tinha fome. Não aceitava comer comigo e quando íamos, não queria nada. Analisando sua imagem dali, era fácil saber o porquê dela ter o corpo esguio. A menina não se alimentava. Mordi meu lábio inferior, pensando se aquilo era um problema ou era natural dela, mas acredito que se fosse um problema, ela não me contaria. Teria que saber de outra forma.

Quando o misto quente me foi entregue, eu pedi uma fanta laranja e discretamente saí dali rumo aos corredores. Eu iria passar na sala da Vivian rapidamente, nem que fosse apenas para checá-la, mas para minha surpresa, ela não estava ali. Caminhei de volta para até a mesa da cantina e me sentei ao lado do Rodrigo. Mandei uma mensagem no whatsapp para a Vivian, mas ela não me respondeu, só que quando acabou o intervalo, estava seguindo pelo corredor e avistei a Vivian vindo em outra direção para a sala de aula. Cruzei meus braços e fiquei em seu caminho, fazendo-a parar em minha frente.

– olá – ela disse sem sorrir.

– oi – falei e bufei um riso, sem saber como exigir isso dela – desculpa perguntar, mas onde você estava?

– na biblioteca – ela respondeu como se fosse obvio.

– você passou o intervalo todo lá? – questionei incrédulo.

– sim, passei – ela assentiu – por quê?

– hã, nada... Eu vim te procurar e... – comecei a falar, mas apertei os lábios e respirei fundo – você estava fugindo de mim, né? – perguntei estupefato.

– Yuri... – ela tomou uma respiração antes de continuar – a Isadora não gostou do que aconteceu ontem, e sinceramente, eu estava sim fugindo de você, pois não quero brigar com ela, por tua causa.

A beleza do amor (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora