PARTE 1 - A chegada

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1996,

O grito abafado da garotinha jogada no chão frio de madeira falsa tomou conta da cena de horror que seus olhos presenciavam. Suja de sangue e exausta, de vagar, ela se deita. Sua última lembrança da cena foi ver um homem de barba e cabelos negros morto há 3 metros de distância. Vagarosamente seus olhos de fecham. A sirene da polícia soava ao lado de fora, vizinhos se reuniam por todo canto da rua para saber o que acontecia ali. Ao adentrar na casa, o choque estava escrito no rosto dos policiais.

- Xerife, acho que precisamos de mais viaturas e ambulâncias aqui. O senhor precisa ver isto. - disse um dos oficiais, comunicando ao seu chefe.

"Estarei ai em poucos minutos" soou do rádio transmissor a voz do Xerife.

Tais minutos se passaram. O homem de aparentemente 50 anos saiu de seu carro. Ajustou seu cinto com a arma pendurada na cintura e foi até a cena.

- Que merda aconteceu aqui? - indagou ao policial que o havia chamado.

- Parece que o homem e a garotinha foram mortos aqui na sala, e tem mais um corpo na cozinha e outro no quarto. - complementou o policial.

O xerife prosseguiu por toda a casa analisando o que poderia ter ocorrido ali, abriu a porta do banheiro e estava todo ensanguentado. O espelho estava borrado de manchas vermelhas, a banheira vazava água que pareceu ter sido colorida com corante, e um movimento na água vinha a partir do fundo.

Chegando cada vez mais perto, viu uma pequena mão que saiu da água se debatendo. Logo o homem pega do fundo da banheira, um bebê. Não sabia o que pensar a não ser gritar por alguém.

- Preciso de um paramédico aqui! - exclamou alto.

Ele deu um olhar de pena para a criança, já sabendo que poderia ter um futuro traumático. Pensava até que já estava morto ao pega-la em seus braços, estava fria e sem reação. Mas o suspiro de vida surgiu, e logo um choro agudo da criança. Literalmente havia voltado da morte. Neste momento a sorte sorriu para ela.

***

2017.

(Pumped up Kicks - Foster the People).

O carro em uma velocidade considerável, passou com o pneu por cima do cartaz quase deteriorado na estrada seca e árida em que seguia. Nele, a imagem de um desaparecido. O homem de aproximadamente 25 anos, cabelos claros e meio queimado do sol estava estampado em quase toda folha.

O som estava alto e a garota dublava a música jogando seus cabelos negros para o lado, seus dedos batiam no volante conforme o ritmo. "Zzzzzt, zzzzt" vibrou o celular ao lado. Tentou se esticar para alcançar o celular ao lado, porém, o cinto de segurança atrapalhava. Finalmente o agarrou com a mão direita e deu uma rápida olhada. Seu reflexo foi atento e ligeiro, conseguindo parar a tempo de não atropelar o felino de pelos preto e olhos amarelos âmbar que estava parado no meio da estrada.

- Droga, que susto gatinho! - disse se acalmando da freada de pouco impacto.

O bichano sai do caminho e ela prossegue. Ligando o celular, a voz de uma mulher atende.

- Oi mãe. Desculpe não atender. - explicou, deixando o smartphone de lado ativado no viva voz.

"Pensei que chegaria para o almoço" disse a voz, deixando o tom de mãe querendo uma explicação implícito.

Tome Minha AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora