Crayon Box ↺ taeyoonseok

No

Amores, amores, desculpa eu não ter atualizado antes; novamente eu me atrapalhei com as coisas e demorei pra conseguir escrever. Me perdoem e espero que gostem do capítulo (apontem qualquer erro)

Ah, sim, as atualizações vão ser a partir de sábado agora, tudo bem?

——————————

Não.

Parecia ser uma palavra tão dura e fria naquele momento mas a mesma martelava dentro da cabeça de Yoongi durante a noite, em ritmo da chuva que caía do lado de fora. Ele encarava fixamente o teto branco durante o dia, porém cinza durante a noite. O silêncio era predominantemente e ele encolhia em cima da cama, abraçando os joelhos contra o peito.
Ao seu lado, Seok e Tae dormiam pacificamente, os olhos fechados e as pontas dos lábios sutilmente curvadas para cima; eles estavam tendo um sonho bom.

Não.

Não era a palavra que Yoongi queria dizer nem a que sentia-se dizer mas era a mais certa para sua mente quando olhava por outro lado. Como eles jamais poderiam criar um relacionamento à três? Impossível. Ele nem ao menos sabia porquê eles haviam lhe proposto aquilo; os dois morenos já tinham um relacionamento. Por que me meter no meio disso tudo? Se eles haviam ficado tão íntimos assim nos últimos meses – quase ano –, Yoongi não prestara atenção alguma.

Não.

Ele não iria mentir e dizer que não gostava dos momentos que passava ao lado da dupla e que o incômodo das borboletas em seu estômago já era familiar e bem vindo. Na verdade, isso tudo o menor já sabia, lá no fundo, atrás das não mais tão grossas e impenetráveis muralhas, de tudo isso. Ele apenas não tinha consciência da verdade. Verdade tal que ele queria aceitar o pedido mas tinha medo.

Enquanto a chuva e o vento cobriam a cidade noturna, Yoongi revirava-se na cama, esbarrando vez ou outra nas costas de Taehyung, que resmungava baixinho e apertava-se para o lado, puxando a coberta consigo. O loiro suspirou e tombou a cabeça para trás, mordendo o lábio inferior. Talvez fosse um pouco cedo?

Não.

Quase um ano vivendo juntos. Não era isso. Era a estranheza, o medo e o desconhecido. Yoongi nunca estivera em uma relação antes, nem mesmo entre duas pessoas. Ele tivera apenas ficantes e a maioria desaparecia em questão de poucos dias; então como ele devia agir? Fuck!

Por que? Por que eu aceitei vir morar com eles? Era uma boa pergunta, assim como as que nos fazemos quando apenas não temos ideia do que fazer consigo mesmo. Como quando o silêncio parece sufocante demais. Não devia ser uma pergunta difícil do jeito que estava sendo. Cada pensamento e cada sentimento passava por cima do anterior. 

Não. 

Na manhã seguinte, Yoongi não estava em lugar nenhum a ser encontrado. Seus sapatos e roupas não estavam na soleira e no gancho da parede; seu travesseiro não estava jogado no chão como de costume. Nenhum dos dois outros estava preso pela fina e branca perna do loiro. 

— Caralho, Yoongi! – xingou Taehyung, terminando a ligação que não fora nem ao menos atendida. 

— Deixe quieto, Tae, ele deve ter ido dar uma volta. Ele vai voltar. – falou Hoseok, terminando de arrumar a cama. Ele sabia que Yoongi iria voltar, cedo ou tarde, mas não gostava de pensar na segunda opção. — Deixa ele... – murmurou sob um suspiro fraco

Não.

Realmente, Yoongi havia ido dar uma volta, os fones de ouvidos estourando a música que passava por eles, direto em seu ouvido. Ele gostava dessa sensação; de ser capaz de esquecer os arredores e a si mesmo, apenas continuar andando involuntariamente até que algo o fizesse parar ou até que ele caísse na borda do mundo. Mas este último caso não aconteceu; não, o que – quem – fez Yoongi finalmente parar no meio da rua estava a alguns metros dele, apoiado num poste e com os braços cruzados sobre o peito. A pessoa estava de lado mas Yoongi conseguia reconhecer Sooyoung de longe.

Engoliu em seco e virou, andando em outra direção; aumentou a música e meteu as mãos no bolso, apressando o passo; os ombros tensos. Ele nem deve ter me visto, sem pânico. Mas Soo vira; à princípio apenas uma cabeleira clara, porém familiar. Depois ele teve certeza de que era Yoongi.

Não.

Num segundo, ele já estava entre as pessoas, abrindo espaço.

— Yoongi! – gritara, mas o outro nem ouviu, concentrado no próprio vazio, refletido no céu sem cor da manhã. — Yoongi? – a mão do garoto alto de jaqueta preta encontrou o ombro do menor, parando-o. Por um breve momento, seu corpo apagou e um frio percorreu sua espinha. Ele mordeu o lábio inferior e virou-se. — Sabia que era você – exclamou e sorriu largo.

— Pois é... – murmurou Min, desesperado para sair dali ou simplesmente desaparecer no vácuo do universo. A situação não poderia ser menos constrangedora ou menos estranha dada a última vez que eles haviam se visto. Olhando ao redor, desconfortável, ele podia sentir os olhos abertos de Sooyoung em si, escaneando cada centímetro, como se sua memória não bastasse.

Não.

— O que faz aqui? 

— Hm? – falou, virando a cabeça rapidamente — Ah, não sei; apenas andando, eu acho. – Sooyoung soltou uma risada

— E quanto aos seus amigos, aqueles do casamento? – talvez fosse paranóia, mas Yoongi achava haver uma segunda intenção por trás daquelas palavras e olhares. Mordeu a bochecha com força.

— O que tem? – soltou e Soo fez-se de ofendido com o jeito seco.

— Calma, Yoongi, só perguntei.

Não.

— Hã, foi mal, mas eu tenho que ir. – disse, já andando para o lado contrário.

— Achei que estivesse só andando, sem pressa. – a distância entre os dois diminuía e aumentava a cada passo de cada um. Yoongi engoliu em seco, aquele não era o Sooyoung que ele havia visto duas vezes em festas e transado com.

— Sooyoung, que porra? – o garoto parou e Yoongi revirou os olhos; só podia ser alguma brincadeira doentia.

— Achei que gostasse de mim

Não.

— Só porque transamos? – falou, ríspido e riu, em desdém. — Foi bom, mas eu já tenho namorado.

Yoongi não ficou para ver o rosto de Sooyoung, apenas saiu andando, perdendo-se na multidão mais uma vez. Seu coração batia em seu peito ao ritmo das palavras, ainda frescas em sua língua. Melhor dia, impossível.

Por que você ainda continua fugindo, Yoongi!? Seu subconsciente gritava contra as portas que ele havia posto. Yoongi estava realmente fugindo, incapaz de decidir o que queria. Havia algo fincando-o no lugar; talvez fosse o medo sutil de se machucar e não ser bom o suficiente para Seok e Tae. Talvez fosse o pequeno e frágil pensamento de estar confundindo as coisas com agradecimento.

Não.

O que realmente você quer?

Sim.