i can't breathe

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Galerinha, escutem "i can't breathe" da Bea Miller no capítulo todo.

Veronica Iglesias POV

    Sai do hospital, me despedindo das meninas e prometendo voltar amanhã para Lauren, eu precisava ir ver como Lucia estava, ela saiu as pressas e todos me encararam depois, mas ninguém disse nada e isso me intrigou e eu sei exatamente onde ela está, o que não era um segredo, ela tinha dito que ia para o studio. Entrei no taxi e fui até lá, meu Deus, amanhã vou ir comprar meu carro e mudar de lar, não pretendo mais morar no "Sunflower", não posso nem chegar atrasada.

    Desci do táxi depois de uma meia hora, o trânsito estava horrível. Subi no prédio torcendo para encontra-la lá, sendo que fazia uma hora que ela havia saído do hospital e mais meia até eu chegar aqui. Bati três vezes na porta e nada, resolvi girar a maçaneta e dei sorte, estava aberta. Meu coração gelou, eu sabia que seu noivo estava na cidade, mas não estava preparada para ver eles juntos ainda, não sei se algum dia vou estar, mas não quero descobrir hoje. Respirei fundo e tomei coragem para seguir em frente, rezando eu abri a porta a coloquei a cabeça para dentro do cômodo.

-Lucia? – Chamei.

-Aqui. – Ela respondeu de imediato, sua voz saiu fraca.

    Entrei e fechei a porta, deixei a minha bolsa na primeira cadeira que eu encontrei e tirei meus saltos, eles estavam me matando! Caminhei até o sofá e encontrei Lucia encarando a grande TV desligada, ela estava jogada no sofá, com uma coberta fina e uma taça de vinho na mão, vazia. No chão estavam seus sapatos e uma garrafa de vinho, também vazia. Tirei minha jaqueta e coloquei na poltrona, silenciosamente me sentei ao seu lado no sofá e tirei a taça de suas mãos, ela não me olhava apenas encarava a TV. Cobri minhas pernas com a coberta e coloquei meu braço em seu pescoço a puxando lentamente para se encostar em mim. Ela me abraçou de lado e eu fiz o mesmo.

    A luz estava apagada, o studio era apenas iluminado pela luz vinda da janela, que era pouca sendo que era noite, então apenas a luz do poste. Eu podia vê-la perfeitamente, mas no momento eu não a encarava, meu queixo estava apoiado em sua testa, meus olhos fechados e minha narina apreciava o cheiro de seu perfume. Eu sabia que ela estava mal, mas ver ela nesse estado ara algo raro, até mesmo pra mim, que já fui sua namorada por anos, só tinha visto-a assim duas vezes, sem contar com essa.

-Veronica eu.. – Ela cortou o silencio e meus pensamentos, mesmo com seu tom baixo e choroso. Ela colocou sua face na curva do meu pescoço e se permitiu chorar, mas tentava dizer algo.

-Ei.. Shh.. Calma, tudo vai ficar bem. – Apertei ela em meus braços, eu nunca fui a porra da namorada perfeita ou a amiga perfeita. Nunca fui de chorar atoa, nunca fui tão sensível a visão de alheios, mas ver Lucia assim me fazia querer mudar todo o mundo para que ela ficasse bem, me fazia querer chorar com ela e depois ajuda-la a se levantar.

-Eu.. – Ela se soltou do nosso abraço rapidamente, para poder colocar as mãos em meu rosto e me puxar para um beijo. Por mais que eu estivesse confusa pra caralho, coloquei meus braços em torno de sua cintura e retribui. – Eu amo você Veronica.

-Lucia.. – Nos desvencilhamos. Ela se arrastou um pouco longe de mim e me encarou. – Eu também amo você, mas o que esta..

-O que está acontecendo é que eu estou perdida. – Suas lágrimas aumentaram. – Eu não sei o que fazer, eu.. Veronica, eu... – Ela soluçava entre as palavras. – Eu vou me casar e.. Eu não sei se é isso o que eu quero, eu não sei o que vai ser de mim.. Eu estava tão certa de tudo e

-Lucia... – Fui chegar perto dela mas ela me parou.

-Eu tentei acreditar que o que aconteceu com a gente, o que está acontecendo, é uma despedida, sabe? Uma despedida decente, uma despedida onde tudo ia ficar bem, diferente de como foi quando eu te contei que ia estudar fora. Uma despedida diferente de quando eu ouvi você falando pra Lauren que você me amava, quando eu ouvi você dizendo para Camila, para Erica, para todo mundo, menos pra mim. Uma despedida diferente de quando depois da nossa grande briga, eu perguntei para você o que você sentia, mas você não foi capaz de responder...

    Lucia vomitava palavras e eu só conseguia chorar, eu estava pouco me fodendo para meu ego, que sempre me atrapalhou, para meus erros, para mim. Eu me sentia um lixo, parecia que todo meu coração, que demorou para colar todos os cacos, havia quebrado novamente. Suas palavras me destruíam a cada virgula, mas eu sabia que ela estava destruída por dentro, eu sabia que ela precisava pelo menos uma vez explodir comigo.

-Veronica eu te odeio tanto. Odeio a forma de que você me olha, odeio a forma de como cuida de mim, odeio a forma que se preocupa, odeio a forma como demonstra. Odeio o fato de que você faz eu me sentir terrivelmente especial quando você esta triste ou com problemas. Eu odeio o fato de você me amar. Eu me odeio por dizer todas essas coisas pra você, mas eu preciso me libertar. Eu preciso ir, nós duas fomos uma bela e grande história de amor, mas com um fim não tão bom.

    Meu coração se apertou, eu soluçava e o quarto, que antes silencioso, se tornou um lugar de sofrimento e dor. Eu não queria acreditar em meus ouvidos, não queria acreditar que isso estava acontecendo, não queria acreditar que ela me odiava.

-Eu odeio você por me fazer duvidar se eu deveria casar ou não, odeio você por tirar todas as minhas estruturas e pensamentos. Antes de você vir com essa história de que me amava e me provar isso eu estava certa, eu me casaria, teria filhos, casa, eu seria feliz com Friederick, mas não.. Você aparece e muda isso eu.. Odeio amar você tão intensamente ao ponto de apenas me importar com você. Unicamente você, eu od..

-Chega! – Gritei e me levantei do sofá, nós e todo o ambiente chorava. – Eu já entendi que você me odeia Lucia, já entendi que o que aconteceu foi uma despedida, já entendi que você vai casar, já entendi que você me ama, já entendi que você está perdida.

-Eu.. – Ela se levantou e ficou na minha frente.

-Minha vez de falar.. – Limpei minhas lágrimas. – O mais importante é que eu entendi a forma que você me odeia, você me odeia por te fazer sentir especial de uma forma geral. Você não acha justo, você acha que eu deveria ter demonstrado antes, acha que eu deveria ter te valorizado antes, que eu deveria ter dito com todas as palavras, que tudo o que eu fazia e ainda faço não bastava. Entendi que você quer deixar tudo no passado, mas Lucia...

     Me aproximei dela que encarava o chão, ergui sua cabeça com as mãos e a segurei. Limpei algumas lágrimas com o polegar e beijei sua testa. Suspirei e me declarei pronta. Eu estava pronta. A encarei.

-Lucia. – A chamei. – Eu já tive meu coração quebrado quando terminamos e ele só terminou de quebrar quando deixei você ir, eu não posso mudar o passado, mas posso o presente e consequentemente o futuro e foi isso que eu resolvi fazer, foi isso que tentei fazer. Falta uma semana para seu casamento e eu posso dizer que tentei, sei que poderia e posso fazer muito mais, mas a vida é um trem que anda sem esperar pela gente.

-Vero..

-Eu amo você, já te disse isso com todas as palavras e formas. Se o que tivemos foi uma despedia pra você, agradeço por ter deixado eu me redimir e deixar que eu tentasse, infelizmente não consegui, mas vou lidar com isso, só te peço que se for, não volte, mas se não foi te convido para fugir comigo.

-Veronica... – Ela disse braixo.

-Eu só quero saber. – Suspirei. – Foi uma despedida ou não?

-Veronica eu.. – Ela soluçou alto.

-Responde Lucia. – Insisti.

-Você não pode chegar assim e exigir uma resposta, você acha que..

-Eu acho que posso fazer a merda que eu quiser. ME responde de uma vez Lucia.

-Foi Veronica! Foi a droga de uma despedida. – Ela gritou. Gritou tão alto que eu me sentia sufocar.

    Ela soluçava, sem me encarar, ela olhava o chão e cobria os olhos. Eu não conseguia respirar, minha visão estava embaçada, eu só queria me deitar e chorar até a morte. Nunca havia me sentido tão desprotegida, mas eu tinha que sair dali. ME aproximei dela e beijei sua cabeça.

-Era isso que eu precisava saber. – Suspirei. – Te desejo toda a felicidade do mundo Lucia, você merece.

    Caminhei apressadamente até a cadeira, peguei minha bolsa e sapato e sai de lá. Eu podia escutar ela chorando, mas também podia me escutar chorando. Humilhada, desprotegida, triste e sozinha eu caminhei para casa. Um caminho longo, perigoso e também escuro, por incrível que pareça. Mas eu não me importava, nada do que me acontecesse ia me machucar mais do que as palavras de Lucia. Foi uma despedida, a nossa despedida...

Only a Girl.Onde histórias criam vida. Descubra agora