하나

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Dean olhou para a linha amarela no chão à frente de seus pés

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Dean olhou para a linha amarela no chão à frente de seus pés. Seus olhos pareciam piscar mais lentamente que os de qualquer outra pessoa na estação, sua expressão aparentando estar mais cansada que a do o homem de quarenta anos ao seu lado com olheiras e cabelo desarrumado, que provavelmente não sabia o que era ter oito horas de sono regulares.

Não é como se Dean tivesse ficado acordado por causa de algum trabalho que decidira terminar de madrugada, ou como se ele tivesse insônia ou algum outro problema do tipo, nada disso, ele conseguia dormir muito bem e seus trabalhos nunca eram um problema, a verdade era que Dean estava sempre cansado, não porque seu dia era preenchido com coisas a se fazer, mas porque parecia estar vivendo em um loop onde nada de interessante acontecia a ele. Tentou se acostumar com isso, de verdade, mas a situação simplesmente sugava-lhe a energia e excitação que um adolescente era esperado ter.

Olhou para seu relógio em seu pulso e viu que faltava poucos minutos para o metrô aparecer diante dele e seu dia começar exatamente como começou no dia anterior, e no anterior, e no anterior. Respirou calmamente, esperando, sabendo que seu rosto gritava tédio.

O metrô finalmente apareceu e parou, abrindo as portas por onde várias pessoas saíam as pressas, e várias entravam com a mesma velocidade, o som totalmente mudo para Dean por causa da música que tocava no volume máximo nos seus fones de ouvido, quem quer que fosse sentar ao seu lado hoje ouviria a letra claramente, mas isso não era importante o suficiente para Dean se importar.

Sentou centímetros ao longe de uma mulher idosa, que o olhou com uma careta quando ele tentou se fazer confortável, provavelmente pelos instrumentos altos e violentos de AC/DC em seu ouvido, ou pelas suas roupas pretas com uma camisa que tinha uns dizeres não muito educados, Foda-se, eu não me importo escritos em letra branca e maiúsculas.

Dean retirou o celular do bolso para não sentar em cima do aparelho e escolheu outra música, guardando-o em sua palma logo após. Alguns segundos olhando para os próprios sapatos, ergueu seus olhos e encontrou algo que lhe chamou a atenção imediatamente.

Um garoto de cabelo castanho tão escuro que poderia ser confundido com preto, não fosse a luz do sol que entrava pela janela e batia exatamente contra os fios, criando um destaque claro e meio avermelhado, a pele tão branca quanto a camisa grande demais em seu corpo que ele usava, o jeans escuro e rasgado nos joelhos que deixava muito bem visível as curvas de suas coxas contra o assento e panturrilha.

Dean estudou seu rosto e pareceu ignorar todos ali, mais do que já fazia todos os dias. Ele parecia ter não mais que dezenove anos, lábios grossos e em um tom muito claro de rosa, quase sendo brancos como sua pele, os cílios que batiam contra o começo de sua bochecha por causa de seus olhos fechados. Ele dormia com a boca entreaberta e a cabeça jogada por cima do próprio ombro, assim como sua mão descansava por cima de sua mochila como se tivesse sido colocada ali de repente.

Dean tentou imaginar como ele era com os olhos abertos, e não precisou de muito tempo para saber, uma vez que em um milésimo de segundo, o rapaz abrira os olhos de uma vez, sem nem ao menos piscar como alguém que estava acordando de uma longa noite de sono fazia. Dean continuou o fitando, e não esperava nem um pouco a surpresa que tivera ao seu coração apertar quando duas íris azuis bateram contra seu rosto.

Olhos tão cansados quanto os seus, fazendo Dean se perguntar se ele caíra no sono por não ter dormido muito à noite, ou simplesmente também estava cansado de viver a própria vida.

Os dois continuaram se olhando por algum motivo ainda desconhecido, Dean sendo o primeiro a cortar o momento ao olhar para seu celular novamente. Sentia ainda o fitar do outro, mas não ergueu o rosto, apenas permaneceu naquela posição até chegar ao seu destino.

Era uma da tarde quando Dean fizera o mesmo caminho de sempre, esperando novamente o metrô para voltar para o campus, onde ficaria até ter que voltar para o trabalho no dia seguinte. E pela segunda vez, seu coração pulou com a visão de dois olhos azuis o olhando quando entrou no transporte, os olhos que não saíram de sua cabeça enquanto consertava motores de carros na oficina mais cedo. Sem pensar, Dean automaticamente sentou ao lado do dono de tais olhos.

Sentiu novamente o fitar e respirou sete vezes antes de virar o rosto para o lado. Os dois pareciam estudar o rosto um do outro, e quando Dean desceu sua atenção, viu que os lábios rosados e ao mesmo tempo quase brancos se mexeram, significando que algo havia sido falado, mas por causa da música, Dean não havia escutado.

E pela primeira vez, ele retirou um dos fones, usando a outra mão para baixar o volume do celular. "Hum?" Perguntou casualmente.

"Eu disse, Olá." Dean também não esperava aquela voz sair daquela boca.

"Hum, oi."

"Qual o seu nome?"

"Dean." Respondeu rouco, como se fosse a primeira conversa que estava tendo na vida, se bem que era a primeira em que não tinha interesse que terminasse logo.

"Olá, Dean. Meu nome é Castiel."

E antes que Dean pudera responder, Castiel adormecera imediatamente, deixando-o totalmente confuso. Em um minuto Castiel estava se apresentando, e no outro sua cabeça abaixara e seus olhos fecharam, como se estivesse desligado. Dean franziu a testa e esperou alguns segundos, mas ao ver que o outro realmente dormira, colocou o fone de volta em seu ouvido e aumentou a música, olhando agora para sua frente.

Minutos depois, um movimento ao seu lado chamou sua atenção pelo canto do olho e Dean baixou o volume novamente, vendo que Castiel acordara como se nada tivesse acontecido antes.

"Noite difícil?" Dean se pegou perguntando.

Castiel o olhou. "Huh? Oh, não. Isso é apenas como eu sou."

"Você sempre adormece do nada?"

"Sim."

Dean estava mais do que intrigado naquilo. Como alguém simplesmente caía no sono diariamente? "Isso é normal?"

"Não muito." Dean tinha a sensação de que Castiel estava sendo desnecessariamente misterioso, mas decidiu não perguntar sobre aquilo. "É horrível para falar a verdade, eu finjo que já me acostumei, mas na verdade, estou cansado disso." Era uma coisa quase particular para se conversar com alguém que acabara de conhecer, mas Dean não sentiu-se desconfortável.

"Eu entendo."

"Você também tem isso?" Dean nem sabia o que era isso.

"Hum, não, mas eu entendo como é estar cansado."

"Oh." Os dois caíram no silêncio novamente, que durou dois minutos antes de Castiel falar. "Você já ficou pensando em cenários que sabe que nunca vai acontecer?"

"Perdão?"

"Desculpe, eu estou sempre dormindo, então quando estou acordado eu sempre falo o que estou pensando sem perceber."

Dean olhou para seu celular e brincou com o botão lateral antes de responder a pergunta feita anteriormente. "Eu não sei, costumo escutar música para evitar os pensamentos."

"...Posso evitar com você?"

A voz do Castiel soava tão inocente e verdadeira que Dean o olhou com atenção, procurando algum sinal de tédio em seu rosto, com medo de que encontrasse o que sempre via ao se olhar no espelho, mas a visão familiar nunca veio.

"Ok."

Castiel ergueu a mão e pegou o fone, seus dedos tocando calmamente os do Dean, que sentiu-se um pouco desapontado ao toque parar quando Castiel colocou seu fone no ouvido, os dois agora interligados por alguma música aleatória de Pink Floyd ao volume aumentar.

Pela primeira vez Dean não conseguiu ignorar seus pensamentos, e ao sair do metrô, pegou-se desejando pelo próximo dia. 

Tired | Destiel ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora