Capítulo seis

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No final da tarde, Sara e Charlotte foram na casa dessa última buscar seus documentos.
Rodaram de carro por volta de uns 40 minutos.
Charlotte estava apreensiva e se mantinha calada, apenas falava pra indicar o caminho a sara; essa por sua vez tentava respeitar esse momento, em silêncio fez uma prece para que seu mentor e os espíritos de luz as acompanharem, silenciosamente ela rogava a Deus para que tudo se resolvesse da melhor forma possível.
Chegaram enfim em uma rua sem asfalto, crianças corriam na Rua, mulheres sentadas na porta de casa, pareciam paradas no tempo; via-se em seus rostos a falta de expectativas, o cansaço, o desleixo para consigo.
Sara pensou que não poderia julgar, e quis muito que essas mulheres pudessem ter uma chance na vida.
Desceram do carro, Sara pôde olhar de perto aquelas crianças, descalças, sujas, algumas já grandinhas apenas de calcinha e cueca.
Olhou ao redor, os barracos cobertos com lonas preta;  parando de divagar olhou para Lote, que de cabeça baixa seguia parando em frente a um dos barracos.
Sara se aproxima, coloca as mãos no ombro de Lote como a encorajar.
Charlotte bate na porta e espera um momento, nada de ninguém aparecer, bate novamente, até que escuta uma voz gritando.

- Calma Caralho, vai derrubar a porra da porta?

Sara se assusta e Charlotte apenas baixa a cabeça, morta de vergonha.
A porta se abre, nela aparece uma mulher, com o rosto marcado por rugas, descabelada, faltando alguns dentes, ve-se na face desta qual ingrata tem sido a  vida e ela mesma com sí própria.
- O que você está fazendo aqui vagabunda? Já não lhe disse que não queria ve-la nunca na minha frente?

- Mas mãe ...

Charlotte se assusta com um tapa forte em seu rosto.
Os vizinhos começam a se aglomerar para ver o que está acontecendo.

- Não me chame de mãe sua piranha, comeu meu macho e agora vem na minha porta me chamar de mãe? Desapareça daqui.

- A senhora sabe que não foi assim, sabe que eu não queria, ele abusou ...

- Cale a boca sua remeira, o Ruan sempre te tratou como pai, você só quer desgraçar com nossa vida, desapareça daqui.

Nisso Sara se aproxima.

- Senhora, podemos por favor conversar com calma?

- Quem é você pra querer conversar comigo, se está acoitando essa vagabunda Boa coisa não deve ser, cuidado madame, essa daí vai acabar comendo seu macho também, depois não diga que não avisei.

Sara olhou para Charlotte que só chorava, viu que não daria pra conversar com a mãe desta, e resolveu tomar uma atitude.

- Meu nome é Sara Almeida, sou Advogada, e não sei se a senhora lembra sua filha ainda é menor, por tanto ainda é sua responsabilidade, e está grávida do padrasto, a senhora tem certeza que quer que eu chame a Polícia pra investigar se realmente esse bebê foi feito de forma consensual?
Nisso um homem negro, forte e visivelmente embriagado se aproxima.

- Que isso madame, eu vou assumir a criança, eu e a lolo vamos cria-la juntos.

Nisso ele tenta passar os braços em volta de Charlotte, que se assusta e começa a gritar.

- Tire a mão de mim vagabundo, nunca mais encosta em mim.

- Cala sua boca sua piranha - fala Ruan.

- Cale a boca o senhor -rebate Sara. - Estou com nojo de vocês.
A única coisa que viemos buscar aqui, foi as roupas e documentos de Charlotte, e quanto a senhora, vou preparar um documento, trate de emancipar Charlotte.
Se a senhora não tem mais filha, ela também não precisa de pais como vocês.
Um Advogado irá procura-la, garanto que Charlotte estará melhor em qualquer outro lugar longe daqui.

- Acho bom mesmo madame - fala a mãe de Charlotte jogando uma sacola plástica com os documentos da mesma.

- E quanto às roupas, daqui ela não leva um palito de fósforo; se eu pudesse a faria vomitar toda a comida que ela comeu às minhas custas todos esses anos, maldita a hora que eu tive você Charlotte, desapareçam as duas da minha porta, que o diabo as carregue pra bem longe; e mande o maldito documento o quanto antes, não quero nada que ainda me ligue a essa maldita.

Com um estrondo a mãe de Charlotte bate a porta, as deixando do lado de fora arrodeadas de curiosos.
Com carinho Sara conduz Charlotte ao carro, esta parece convulcionar de tanto chorar.

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⏰ Última atualização: Oct 25, 2017 ⏰

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