Untitled Part 1

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Em uma manhã de inverno, charlote resolve que vai acabar com tudo.


Ela não aguenta mais sua vida, o desprezo  da sua mãe e os abusos de seu padrasto. 

Estava ela em cima daquele viaduto imaginando, como poderia ter sido a sua vida se ela tivesse uma família normal.

Aos 16 anos ela se via sem saída,  olhou para o seu corpo cheio de marcas,  seus pés surrados, e não pôde deixar de olhar a sua barriga, dentro dela um ser crescia.

Ela pensou nessa criança que era tão vitima quanto ela, em desespero lembrou como ela fora concebida, nas noites em que seu padrasto embriagado invadia seu quarto e entre xingamentos e porradas a molestava.

Charlote lembrou daquela manhã ter passado mal, e sua mãe a levou ao médico; ao descobrir a sua gravidez a espancou até a rua, depois que ela disse dos abusos do padrasto sua mãe a proibiu de voltar a sua casa até mesmo para buscar as suas coisas; disse não ter mais filha e que nunca mais queria vê-la.

Os carros passavam apressados, ninguém tinha noção do seu desespero...

Ao subir na mureta, com os olhos banhados em lagrimas, Charlote abre os braços em busca da tão sonhada liberdade.

Ao passo do que seria seu alento, Charlote sente em sua cintura dois braços puxando-a de volta.

Com o susto ela cai para trás por cima de um corpo, histérica Charlote começa a gritar:  Por favor não, me deixe ir, preciso ir.

Os braços a envolvem com força e uma voz também em lagrimas tenta acalma-la : calma, calma, vai ficar tudo bem, eu estou com você, por favor calma...

Charlote não sabe o que fazer, se deixa ficar nos braços da desconhecida.

Charlote chora por si, chora pela criança, chora pela coragem perdida de salvar por meio da morte a vida das duas.

Sara não sabe o que fazer, vendo aquela criança em total desespero prestes a cometer um ato tão vil, sua unica reação é protege-la, quer por um instante arrancar toda a dor que parece torturar aquela pobre alma.

Devagar Sara consegue levantar aquele corpo frágil, e aos poucos a encaminha até seu carro, depois de gentilmente senta-la no carona, Sara dirige até sua casa.

Ao entrar percebe a jovem ainda em crise, presa em uma espécie de transe com largas lagrimas sobre o rosto; o corpo tremulo em o que parecia uma convulsão; Sara a leva para o banheiro, liga o chuveiro e ainda abraçada a jovem em baixo da água quente deixa que ela despeje toda a sua dor.

Charlote sente a água caindo em sua cabeça, percorre seu corpo, molhando a sua roupa e desintegrando cada partícula de sentimento que dilacerava seus sonhos, sentidos e toda e qualquer emoção.

Depois de um tempo Sara desliga o chuveiro, despe charlote e ao envolve-la em uma toalha a leva ao seu quarto, a veste com um camisão e um short folgado, depois de deita-la em sua cama a cobre, deixa o quarto na penumbra e deita com a jovem;  com carinho alisa seus cabelos, falando baixinho palavras de alento, fazendo com que o corpo que a poucos parecia em transe adormecesse.

Era Uma Vez O Destino...Onde histórias criam vida. Descubra agora