Capítulo 1 - O Oppa

176 14 11
                                    

Eu estava pirando. 

Acho que qualquer adolescente como eu estaria assim nesse momento. Afinal, não é todo dia que você se muda para outro país, para viver com outras duas pessoas que você nunca conheceu. Mas era exatamente isso o que estava acontecendo. 

Minha mãe - a linda da dona Fernanda-  uma pesquisadora científica, se apaixonou por um coreano em uma viagem ano passado. E agora eles decidiram morar juntos.
E eu como uma Kpopper* sonhadora, achei que iria para a terra do Kimchi* conhecer meus ídols e viver naquele lugar lindo. O que eu não contava era o fato de que eu levaria um balde de água fria já que o novo projeto do Sung - meu padrasto- era nos Estados Unidos. E adivinha só onde eu estou morando? Isso mesmo, na terra do Tio Sam. E toda vez que eu reclamava, eu escutava
"Nossa, Alicia. Estados Unidos é péssimo mesmo, hein?" cheio de ironia.
Mas não me entendam mal, eu sei que é um ótimo país, mas não é o país em que sonhava morar.

E o que mais me deixava nervosa era o fato de que existia um Sung Junior. Meu futuro padrasto Sung Joon So, tinha um filho. Um filho da minha idade, que estudaria na mesma escola que eu, que moraria na mesma casa que eu. Logo eu, que se via um asiático pelas ruas do Rio de Janeiro só faltava correr atrás dele. Eu me perguntava se ele era bonito, se ele seria tímido, se seria um idiota, se me trataria bem, se me deixaria o chamar de Oppa* .

Confesso que eu até me imaginava como em uma fanfic, onde surgia um meio irmão lindo do nada e que ele era um idiota e no final se apaixonava por mim. 

Mas eu já caí na real e acordei do meu sonho de 12 anos de idade. Eu já tinha 17. Não devia imaginar essas coisas, eu devia apenas ser legal e fazer com que o garoto se sentisse bem. Palavras de Dona Fernanda

Depois de passar horas terminando de arrumar os restos das minhas malas eu deveria estar cansada, mas era exatamente o contrário, eu estava extremamente ativa, mas no fundo sabia que aquilo não era animaçã, era nervoso. Ao olhar o meu pequeno quarto arrumado, reparei que aquilo era real. Eu de fato estava morando em uma casa nos Estados Unidos e daqui cerca de dois dias mais duas pessoas que eu nunca ao menos vi, iriam morar aqui também. Eu precisava distrair seus pensamentos. Comecei a procurar vídeos legais de coreografias, eu sabia que nunca conseguiria dançar como meus idols. Porém eu precisava de uma distração.

-MAS QUE INFERNO.- Não consegui controlar o grito ao errar mais uma a coreografia que tentava aprender.- Eu sei que nessa parte eu tenho que colocar a mão na boca e rebolar, eu sei disso cérebro. Mas meu corpo não.- Estava falando sozinha, já estava ficando louca. Olhando o clipe era extremamente fácil, mas na prática era uma coisa mais complexa do que eu esperava.- Vou tentar de novo. - E mais uma vez coloquei no inicio do vídeo. E eu até estava indo bem, consegui fazer a parte que sempre errava e a empolgação foi tanta que não coube no pequeno quarto e acabei acertando a quina da cama. - O QUE EU FIZ PRA MERECER ISSO MINHA MÃE NATUREZA? É castigo por eu não gostar da parte ocidental do planeta e querer ir para a oriental?

- Eu acho que é apenas falta de atenção.- Uma voz que eu nunca havia escutado falou bem atrás de mim. Cheguei a cogitar que era a morte, mas ao olhar para trás vi uma pessoa de olhos pequenos e roupas bem estilosas.

"Meu Deus, a morte se veste de Kpop Idol?!"

Mas então percebi que estava sendo idiota, aquela era uma pessoa normal, que eu já tinha ideia de quem era.

- Você está bem? Por que está me olhando dessa maneira? - o rapaz alto e de pele bem clara me olhou de forma confusa.

- Deve ser porque você estava me espionando da porta do meu quarto e é um desconhecido?- Falei como se fosse óbvio para o rapaz a minha frente, fazendo com ele levantasse as sobrancelhas em surpresa. Reparei  isso porque seus pequenos olhos ficaram um pouco maiores. Fofo.

- Me desculpe, eu sou Sung Jiwon. E eu não estava espionando, sua porta que estava aberta. - Ele falou de modo formal. E por um momento achei que ele estava falando de modo debochado, fezendo com que eu não gostasse tanto dele. E daí que ele era tão lindo que parecia um dos meus Bias*? E daí que sempre tive quedas por coreanos e que bem agora tinha um lindo na minha frente? Nada disso importaria se ele fosse um idiota que estava tirando onda com a minha cara.

-É mas isso não quer dizer que você tem que parar nela e ficar me espiando. Até porque eu nem ao menos sabia que vocês chegariam hoje, não fale como se eu fosse culpada e você o certo. - Falei tentando mostrar que não permitiria ele ser idiota comigo.

- Eu sei, tanto que pedi desculpa. - Ele
falou olhando pra mim. Dessa vez realmente parecia estar sendo sincero. - Eu só não sabia que garotas ocidentais era tão sensíveis assim. 

O encarei confusa por alguns segundos, como assim? Ele queria morrer? Eu me irritei com a situação, não estava magoada ou seja lá o que ele pensou. Qual era o problema dele afinal? Ele era mesmo coreano? Coreanos não deviam ser legais assim como meus idols?! Ele estava destruindo minhas expectativas. E então eu escutei uma risada, e ao olhar para o garoto ele estava rindo, rindo dela. Eu poderia arrumar mais uma discussão boba por causa disso, rodar a baiana, mas ao olhar novamente para o garoto, juro que senti  meu coração acelerar. 

Ele estava tão lindo sorrindo. 

Ao olhar para ele, só se via um sorriso branco e duas linhas no lugar dos olhos. Seus olhos praticamente fechavam. E naquele momento, reparei que estava completamente ferrada. 

Por que aquele garoto tão implicante tinha que ter aqueles lindos olhos puxados?

// 

Oláaaaaaaaaaaa Migas. 

Essa não é uma história tão madura, mas ela é divertida de se escrever. E eu a adoro.

Não odeiem meu menino Jiwon. Ele só é mal compreendido, coitado.

*Kpopper= fã de Kpop/ grupo de kpop
*Bias= Seu(s) integrante(s) favorito(s) de um grupo
*Oppa= Pronome de tratamento que meninas usam com rapazes mais velhos
*Kimchi = Comida típica coreana

E eles falam em inglês entre si, por motivos de Alicia ser brasileira e Baek coreano. Os dois falam inglês, por isso os pais deles decidiram morar nos EUA. 

O Garoto dos Olhos PuxadosOnde histórias criam vida. Descubra agora