Um dia (a)normal

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Ah, o amanhecer! Uma linda Aurora no céu de Los Angeles... A primeira luz do dia é sempre a mais bonita. Mas não é a primeira pra quem passou a noite em claro decorando um roteiro.

Ouviam-se ruídos vindos do quarto, o som inconfundível de Rose despertando do seu sono de beleza. Ela SEMPRE derruba alguma coisa no chão ao acordar! O que sempre acorda Jennifer, mas essa manhã ela não precisou do despertador ambulante que ela chama de amiga.

— Bom dia... — Rose bocejou e logo reparou no zumbi em frente ao computador. — Credo, criatura! Vem cá, você não passou a noite em claro, né?!

Ela deu um gole no café e sem olhar para Rose, respondeu.

— Bom dia.

Rose bufou e não pensou duas vezes ao fechar o computador.

— Ei! — Ela gritou.

— Relaxa, o Word tem salvamento automático e você vai poder terminar de decorar as falas pra sua audição depois. Agora... O que acha de se arrumar pra trabalhar? Já se ligou no horário?

O barulho do interfone era ensurdecedor, Colin se revirou várias vezes tentando dormir novamente. Mas, como alguém exercendo muito bem sua profissão, o porteiro de Colin não desistiu até que ele atendesse.

— O QUE É?! — Gente como a gente, Colin fica mal humorado quando não o deixam dormir.

— Desculpe-me, senhor... É que a senhorita Rebecca está subindo. — E  desligou.

Que inferno... Namoros arranjados são uma merda. Agora... Namoros arranjados pela minha mãe! Merda ao quadrado. Ele pensou e a porta logo se abriu.

— Meu amor! — Rebecca abriu os braços sorrindo. — Sentiu saudades?

Colin forçou um sorriso ao lembrar-se que sua mãe havia lhe pedido encarecidamente que tentasse namorar com Rebecca.

— Rebecca... Querida... — Os dois se abraçaram da maneira mais 'real' possível.

- E então... Pronto?! - Ela o olhou de cima a baixo e torceu o nariz ao vê-lo de roupão e pantufas. - Claramente você não está pronto. - Murmurou.

- Pronto... Pronto... Pronto... - Colin repetiu a fim de tentar de lembrar porquê ele teria que estar pronto, mas não obteve sucesso e perguntou. - Pronto pra quê?

- Você não se lembra?! É claro que você não lembra... - Mader deu um gritinho e murmurou a última frase, mania dela que Colin simplesmente odiava. - Eu te pedi pra ir comigo fazer compras! Te liguei várias vezes! Você não presta mesmo atenção em mim, não é?!

O telefone tocou enquanto Colin bebia com alguns amigos. O som estava alto e mesmo assim ele foi atender.

- Alô?! - Ele tapou o ouvido para tentar escutar a pessoa do outro lado da linha.

- É a décima vez que eu ligo. A melhor liquidação da cidade é semana que vem e eu preciso de você pra me ajudar. Desculpa insistir tanto... MAS VOCÊ VAI, NÉ?!

- Quê?! Vou aonde? Quem tá falando? Fala mais alto!!

- Colin Arthur Geoffrey O'donoghue, a liquidação é semana que vem e se eu perder essa vou ter que esperar até ano que vem pra renovar meu armário de sapatos! Você vai comigo! - E desligou.

O fato é que Rebecca nem sempre foi muito paciente. Todas essas várias vezes das quais ela falou não tiveram real confirmação de Colin.
Mas ele não pode jamais descordar dela. Toda vez que tenta, acaba lembrando de seus pais.

Rebecca ficou na sala de estar esperando o namorado se trocar.
Aí então os dois foram, andando mesmo, até a tal loja da tal liquidação.

Jennifer saiu quase voando de casa.

Atrasada, estava correndo super distraída, pensando no que tinha que fazer ao chegar no trabalho.

- Eu sei, desculpa... É que a senhora sabe que eu tive que me ausentar porque precisei ir ao médico. Eu juro que vou amanhã! - Jennifer, ontem, tentava evitar um desconto no salário por ter faltado ao trabalho.

- Você faltou nos últimos três dias, Morrison!! - Sua chefe gritava ao telefone.

- Me desculpa, sério! Eu juro pra senhora que irei amanhã! Sem falta!

E lá estava ela, toda atrapalhada.

Na mesma calçada, Rebecca andava tranquilamente enquanto Colin era arrastado como um cachorro pela namorada.

Não entendo como possa ter tanta coisa pra fazer lá... É só uma cafeteria,
e...

O pensamento de Jennifer foi interrompido por um tombo provocado por ninguém mais ninguém menos que Colin O'donoghue.

- EI! OLHA POR ONDE ANDA! - Colin gritou.

Jennifer se levantou.

- OLHA VOC... - Os dois se olharam e por um milésimo de segundo, o mundo parou. Parou de girar, parou.

Rebecca não estava gostando nada daquilo e os olhava como uma professora repreende alunos bagunçeiros.

- Acho que deu, né!? Colin, vamos indo e deixe essa... - Rebecca fez uma pausa e observou Jennifer dos pés à cabeça como quem tentava achar a palavra menos educada possível. - ...estranha seguir seu caminho.

O encontro incomum com a estranha provocou um sorriso no rosto de Colin. Assim como no rosto de Jennifer.

Seria o destino?

Shakespeare ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora