Percy

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Ela foi até Luke e eu a observei. Sei que devia contar tudo à ela, mas não posso e não vou contar tudo, porém preciso contar alguma coisa à ela, então vou conversar com ela mais tarde.
Ouço Jason chegar perto de mim por trás.
- Todos já voltaram aos seus postos. O que vamos fazer agora?
- Vamos socializar. - Um sorriso aparece em meu rosto enquanto vamos ao refeitório.
Algumas coisas boas aconteceram nos últimos 2 anos, eu conheci o Jason e a Hazel, entre outras coisas, porém uma delas, se não a melhor, foi o controle de emoções que adquiri, sendo um líder preciso mater o controle e passar segurança para os meus companheiros, mesmo que eu não me sinta realmente assim.
Ao chegarmos no refeitório  Jason parece finalmente entender o que eu quis dizer.
- Percy, você vai realmente fazer isso? O gosto disso é horrível.
Jason está se referindo a comida. Nós lobisomens não comemos comidas, pois depois da primeira transformação passamos a nos alimentar exclusivamente de carne, fazendo assim com que a comida se tornasse algo extremamente ruim.
Todos os lobos evitam comer comida, eu por algum motivo não evito, acho que sou masoquista....
- Não só eu, você também vai comer. Nós precisamos ver os habitos alimentares deles. Depois vamos pra arena esperar por eles e passar algumas aulas você vai ser o nosso saco de pancadas, ok? - Ele acena com a cabeça.
Jason na maior parte do tempo é o treinador dos lobos que chegam sem nenhum tipo de experiência, então ele sabe ser saco de pancada sem se machucar realmente.
Quando peguei o prato, desejei cinco cookies azuis e jogo dois na fogueira, enquanto "saboreio" meus cookies azuis, observo todos que estao sentados nas mesas, alguns estão sorrindo, outros sérios e tem os filhos de Atena que parecem discutir algo importante, Annabeth está entre eles, Luke está na mesa de Hermes e parece perdido em pensamentos.
Ao meu lado, ouço Jason arfar e olho em sua direção, ele está olhando fixamente para a mesa de Afrodite, mas tem muitas meninas lá, então não tenho muita certeza pra quem ele esta olhando, quando faço menção de perguntar ele levanta do banco e pega no meu braço indicando a saída, sem perguntar vou até a saída, assim que estamos do lado de fora ele fala:
- Preciso que veja uma coisa! Rápido!
Só aceno com a cabeça e corro para a floresta, assim que chegamos em um ponto mais afastado me transformo e logo sinto Jaison em minha cabeça, praticamente gritando suas memórias. Todos da matilha podem ouvir os pensamentos uns dos outros.
- Jason, calma!!! Eu sei exatamente o que esta sentindo, mas precisa se acalmar. - Quando olho pra ele na sua forma de lobo albino, ele esta andando de um lado para o outro quase pulando. Posso sentir sua hesitação em minha mente, ele não consegue decidir se fica ou se vai atrás dela para segui-la aonde ela for. - Você não quer assusta-la, não é?
Ele me olha em choque, e logo nega, ele não está organizando seus pensamentos.
- Presta atenção, lembra quando te contei sobre o que sentia pela Annie? - Mostro o que quero dizer mostrando à ele minhas memórias. - É isso o que aconteceu com você, achou sua metade, você sofreu um imprinting.
Depois de alguns minitos ele se acalma e me olha em dúvida.
- Eu não tenho que ficar longe dela, não é?
- Não, eu escolhi esse caminho você pode fazer diferente. - Minha voz/pensamento é calma.
- Como consegue fazer isso? É insuportável ficar longe dela!
- Prática. - Minha voz/pensamento fica neutra. - Vai falar com ela, acho que ela vai gostar de te conhecer. Só tome cuidado para não assusta-la,  - Se eu pudesse ver, veria um enorme sorriso em seu rosto.
- Vai! Mas tem que estar na arena às 2... - Mal termino de falar e ele volta a sua forma normal e corre de volta para o acampamento.
Sigo seu exemplo e volto ao acampamento, porém antes de chegar muito perto, paro e me concentro para poder voltar ao normal, porém ouço passos apressados, são leves, quase não fazem barulho ao se chocar contra o chão. Resolvo seguir quem está tentando sair e aviso os outros que ficam em alerta, para um possível ataque.
Logo noto quem é e pra onde vai, relaxo e a matilha relaxa junto.
"Mas porque ela estaria indo para a praia?"
Quando ela chega à orla da praia, simplismente se senta na areia e olha para o mar, não sei como sua expressão está, mas por ela ser a meu objeto de imprinting sinto tudo o que ela sente e ela está se sentindo sozinha e confusa.
Minha vontade é ir abraça-la e conforta-la, mas sei que isso não vai ser bom pra ninguém.
Resolvo apenas observa-la, porém depois de 10 minutos, não aguento o reflexo de sua angústia me consumindo. Volto ao meu corpo humano, (como destruí minha roupa quando me transformei mais cedo, estou somente com o presente que meu pai deu à todos nós, ela não rasga quando nos transformamos e podemos continuar usando depois) e ando até ela.
- O que faz aqui sozinha? - Ela parece levar um susto e levanta seu olhar.
- Nada que possa ser da sua conta. - Ela volta à olha o horizonte.
- Acho que precisamos conversar, Annie. Será que eu posso me sentar aqui? - Ela confirma com a cabeça, ainda relutante, seu olhar ainda esta no horizonte.
- Sabe, se você me disser porque esta brava comigo, talvez eu possa me explicar melhor. - Falo depois de estar sentado na areia ao lado dela. Eu sei foi uma ideia idiota, mas qual o melhor jeito dela baixar a guarda, se não mostrando algum sentimento.
Ela me olha de forma incrédula, mantenho minha expressão composta. Ela levantou e começou a andar de um lado pro outro e por último olhou pra mim como se eu tivesse matado a mãe dela.
- Você não deve estar falando sério?! Que droga Percy, você quer saber porque estou com raiva? Talvez seja porque meu melhor amigo foi embora sem ao menos me falar pra onde estava indo, se ia demorar, se ia ser perigoso, se precisava de ajuda. Você foi embora e me deixou aqui a ver navios, foi embora sem se preocupar se eu iria ficar bem ou não... - Mais ou menos no meio da frase lágrimas escorreram por seu rosto, mas no final ela parece perceber e se vira para o horizonte, limpado o rosto.
Me odeio por ter feito ela sofrer tanto...mas na hora pareceu certo....
Me levanto e fico à dois palmos de distância dela com meu peito direcionado para suas costas.
Toco em seu ombro, mas ela recua, minha mão fica no ar até cair ao lado do meu corpo.
Ela se vira com raiva pra mim.
- Fique com as suas desculpas, não preciso delas, nem de você.
Ela sai andando sem olhar pra trás, meu peito dói. Não queria que tivesse sido assim, queria ter me explicado. Se ela soubesse o quanto me odeio por não ter contado tudo à ela. Tiro esses pensamento da minha cabeça.
"Eu fiz o que era certo, ela merece ter uma escolha"
Me recomponho e me direciono para a arena, para minha primeira aula depois que fui embora.

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