Annabeth

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- Que droga!!! - Entro no meu quarto batendo a porta com força.
Não acredito que ele quer ficar com a Piper, ela nem faz o tipo dele. Se é que ele tem um tipo.
Porque eu estou com raiva? Eu devia deixar ele quebrar a cara com ela, ela nunca aceitaria ficar com ele, porque ela é mais inteligente que a maioria das filhas de Afrodite e não aceitaria ficar com um idiota como ele.
Eu nem devia me importar com quem ele fica ou deixa de ficar, ele não se importou, porque eu faria o mesmo?
Balanço a cabeça na falha tentativa de clarear meus pensamentos. Tomo um banho, decidindo dar o dia por encerrado e deito para dormir um pouco.

oOo
- Annabeth, acorda. Você tem visita. - Escuto ao longe a voz do meu irmão Matthew, me chamando.
Abro os olhos lentamente e o observo, ele não parece alarmado, então acho que não estamos sendo atacados.
- O que houve? - Minha voz está rouca de sono e tenho certeza que meu cabelo está um ninho de passarinho.
- Percy. Ele quer falar com você, disse que esperaria o dia todo e acho que vai levar à sério porque eu estou tentando te acordar a um bom tempo e tenho quase certeza que ele ainda está lá. - Suspiro.
Faz três dias que fujo dele, faz três dias que me tranco no meu quarto depois das atividades diárias, sei que esta errado, que não devia fugir, mas não quero acreditar nas coisas que ele vai me falar, pra depois ele ir embora e eu ficar mal de novo.
Mas como não tenho escolha resolvo encarar de frente, me levanto da cama e me olho no espelho.
- Vai levar um século para mim arrumar is... - Nem término a frase e ele já estende um toca preta, que dá certo, pois está um pouco frio e eu estou com um moletom escuro. - Obrigada... - Dou um beijo em sua bochecha, respiro fundo, recompondo minha expressão e saio do quarto vendo que ele está parado na nossa pequena sala. Tenho certeza que ele cresceu no tempo que passou fora.
Ele está de costas pra mim, pigarro levemente e ele se vira, devia estar olhando algumas fotos dos meus irmãos.
- Você está bem, certo? - Ele parece um tanto afoito, preocupado.
- Acho que sim...
- Eu vou jantar, me chama se precisar. - Matthew fala pra mim, mas está mandando um olhar ameaçador para o Jackson.
Percy está com as mãos nos bolsos, sua postura é relaxada.
- Relaxa, ele não vai fazer nada contra você, só está tentando me proteger. - Falo de forma amarga, mas é verdade.
Tem uma pequena geladeira discreta no canto da sala, atrás de mim, parece ser uma boa desculpa para dar as costas para ele.
-  Você precisa me dar uma chance pra eu me explicar... - Eu o interrompo antes que ele conte alguma mentira.
- Eu já disse, não precisa se explicar. Eu não quero ouvir suas desculpas. - Falo ainda de costas, finalmente pego uma garrafa a minha frente e bebo direto da garrafa, não ofereci pra ele.
Não ouvi seus passos, mas paro de beber assim que sinto sua respiração na minha nuca.
- Por favor....eu preciso e se depois disso você nunca mais quiser olha na minha cara, eu vou entender e vou respeitar sua decisão. Mas enquanto não me der uma chance eu não vou parar. - Ele tem a voz determinada, eu estou arrepiada com o sua respiração na minha nuca.
Mas me recupero e me afasto, indo para o lado oposto a ele. Olho fundo em seus olhos, ele parece sincero.
Com isso percebo o quanto senti sua falta, sua presença, me lembro de todas as vezes que ele me ajudou, de todas as vezes que esteve ao meu lado quando eu estava me culpando por me cortar...
Eu hesito.
- Por favor Annie, só uma chance. Eu prometo que vou dizer a verdade, vou responder todas as suas perguntas... - Nego com a cabeça e ele para de falar, seus ombros caem e ele desvia o olhar.
Eu quero o Percy antigo de volta.
- Eu não quero saber o que aconteceu, eu não quero promessas vazias - Ele abre a boca, mas o impeço de falar com um movimento com a mão. - E eu não quero me decepcionar de novo, mas eu quero o meu melhor amigo de volta... - Última parte sai como um lamento, minha visão está borrada pelas lágrimas. Ele chega mais perto, me envolvendo em um abraço apertado, mas acolhedor.
- Vou ser um bom amigo, vou ser seu melhor amigo. - Enrolo meus braços na altura do seu abdômen, enterrando meu rosto em seu peito nu.
Ele anda assim agora, raramente está vestido, tem acontecido alguns ataques, os lobos sempre dão conta.
Eu não estou soluçando, mas meu rosto ainda esta molhado. Ele se afasta e seca minhas lágrimas com os polegares, apesar das mãos grandes, são macias ao toque e ele é bem carinhoso.
- Meninas bonitas não deviam chorar. - Ele sorri ao final da frase que ele sempre me falava, depois que eu chorava quando me cortava. Sorrio também.
- Senti sua falta...
- Eu sei sabidinha, eu também. - Ele beija minha testa, gosto disso. - E então, tem desenhado muitos prédios ultimamente?
- Alguns... - Meu sorriso cresce, ele sabe como me distrair. - Vem!
Levo ele até o meu quarto e mostro meus desenhos pra ele, vou explicando como fiz cada um deles, até perceber que ele está parado diante de tudo sério, sem reação.
- Que foi? - Ele não me responde, apenas pega meu braço firme, mas sem me machucar. Sei que ele percebeu, mas fecho meus olhos na falha esperança de que ele deixe isso passar, que ele não insista em discutir isso.
- Você prometeu.... - Minha manga foi levantada, ele deve estar vendo o curativo. Não consigo falar, meus olhos ainda estão fechados.
- Annie, olha pra mim. - Nego com a cabeça - Olha pra mim. Você escolheu fazer isso, tem que arcar com as consequências.
Ele tem razão, eu sei que tem, mas não quero ver a decepção em seus olhos.
Abro os olhos, mas não os direciono para ele. Desço a manga da blusa. Ele não esta me olhando, começa a andar de um lado para o outro no quarto. Sei que esta bravo e decepcionado.
- Eu tive bons motivos... - Minha voz sai falha e baixa.
Ele vira, mas parece não haver raiva só tristeza, decepção. Isso dói.
- Deveria saber que nunca são bons motivos, pelo menos não pra mim. Deve ser para o Luke, não pra mim.
- Luke não sabe. - Ele me olha incrédulo, desvia o olhar e respira fundo.
- Quando eu acho que não pode ficar pior...você disse que contaria à ele... - Ele parece falar com ele mesmo - Mentiu pra mim...tudo bem, agora estamos quites. - Acho que ele ainda esta bravo, mas mudo de ideia com sua próxima frase - Mas eu pedi pra você contar, porque era para o seu bem. Ele pode ajudar, vocês são noivos.
Sento na minha cama.
- Namorar não quer dizer nada, é só um status... - Ele faz uma cara confusa, os músculos das suas costas sem contraem e ele passa a mão no cabelo bagunçando mais ainda, se é que é possível. Senta do meu lado e pede uma explicação com o olhar - Gosto dele, mas ele idealiza uma Annabeth que não existe. Eu não sou mais aquela garotinha frágil e despreparada...
- Isso - Ele aponta para o meu pulso - mostra que você é mais frágil do que pensa.
- Pode ser, mas eu sei me controlar quando estou em público, tento passar a imagem de alguém independente, alguém que não precisa de ajuda, que pode se virar sozinha. - Ele me interrompe.
- Até ver uma lâmina. Eu quero te entender Annie, mas se cortar pra fugir do mundo a sua volta não é solução, você só está provando pra ele que tem razão...
- Eu sei que não é solução, mas a dor aqui - aponto para meu pulso - ameniza a dor daqui - Estou apontando para o lado esquerdo do meu peito.
Ele nunca me perguntou porque ou como eu tinha coragem. Quando ele descobriu só pediu pra eu parar e pedir ajuda caso precisasse.
Ele nega com a cabeça pra depois me abraçar.
- Eu pensei que estivesse feliz, porque Annie? - Respiro fundo sentindo sua fragrância amadeirado e marinha ao mesmo tempo.
- Brigas com meu pai, brigas com Luke, saudade de você, culpa por não ter te impedido de ir...
- Você não devia sentir isso, nada do que você fizesse teria me impedido. - Ele me interrompeu, mas sua voz estava calma como se falassemos do que comemos no almoço.
Me afasto pra olhar em seus olhos verde mar de novo. Ele está falando sério, eu quase pedi uma explicação pra aquilo, mas resolvi não o fazer, se ele mentir e for embora novamente não sei o que sou capaz de fazer.
- Eu ainda posso me explicar se você quiser... - Não percebi que o encarava com receio, não sei o que responder.
- Você.... - Não consigo terminar minha pergunta, pois alguém bate na porta do chalé como se o mundo fosse acabar.
Não me surpreendo ao encontrar Jason do outro lado.
Percy aparece atrás de mim em um segundo, fico arrepiada com sua proximidade.
- O que houve? - Seu tom não é dos mais felizes, sinto sua preocupação, mas também seu descontentamento.
- Eles chegaram.... - E essa frase muda tudo.

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