Capítulo 1 - Robbie

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"Preciso falar com você, me atenda!"

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"Preciso falar com você, me atenda!"

A voz grave e sussurrada de Lincoln não parava de perturbar minha sanidade e brincar com minha paz. Por qual motivo, após tantos anos sendo nada mais que uma sombra em meu passado, ele tinha que ressurgir trazendo consigo lembranças amargas de um período que lutava para esquecer?

— Ei, Miller! — A voz irritada reteve meus pensamentos, enquanto o par de luvas flutuava em seus punhos a minha frente. — Vai continuar me fazendo perder tempo ou pretende em algum momento me dar o prazer da sua atenção?

O humor ácido e debochado da pergunta de Nico não passou batida por mim, assim como sua falta de paciência. Mirei nas luvas de foco vermelhas presas em suas mãos, tentando decidir se as socava com toda raiva acumulada em mim ou se apenas desistia, já que era óbvio que o dia estava perdido.

As batidas aceleradas em meu coração nada tinham a ver com o treino mal sucedido, assim como o suor frio que deslizava por minha espinha. Por que agora, Lincoln? E por qual razão me importava com isso? Tantos questionamentos para nenhuma resposta. Afrouxei as bandagens dos meus pulsos deixando Nico para trás, enquanto caminhava até um dos bancos dispostos na área de treino da academia, já aguardando o sermão que sabia estar por vir.

— Desembucha. — O modo como ele me encarava era engraçado, já que o aperto dos pequenos olhos asiáticos quase os fazia desaparecer.

— Você sabe que não somos amigos, não é? — Minha intenção não era ser rude, contudo isso não deixava de ser verdade. Por muito tempo vivi sozinha, me adaptando à realidade que me foi imposta. Eu não tinha amigos, não os poderia ter já que a qualquer momento eles poderiam ser prejudicados por minha causa. Como agora, por exemplo, com os esqueletos guardados em meu armário ameaçando serem expostos.

— E quem disse que quero ser seu amigo, Robbie? — A sugestão estava presente em sua pergunta, como todas as outras vezes em que ele trazia o assunto a tona.

— E quem disse que quero ser qualquer coisa sua, Nico? — Sorri, tentando aliviar o clima tenso entre nós. — Achei que já tinha aceitado o fato de que sou mulher demais para você.

A risada rouca e alta que deixou seus lábios finos, reverberou por um espaço considerável da academia. Precisava admitir que ver sua reação descontraída a minhas palavras me deixou aliviada. Sim, não me permitia ter amigos, porém isso não significava que não os desejasse ou que gostasse de tratar as poucas pessoas que me rodeavam mal.

Sempre me interessei por artes marciais ou qualquer tipo de luta que permitisse ter controle sobre meu corpo e minha força. A vontade de aprender a me defender sozinha era tão grande que, assim que pude, me matriculei na academia e fiz quase todas as lutas disponíveis no catálogo, até por fim, parar no boxe.

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