Fugir, era a sua única saída.
Caçar, era o seu trabalho.
Ela se escondia.
Ele a encontrava.
Heather Miller nunca foi do tipo de garota que corria dos problemas que a vida insistia em jogar na sua cara, muito pelo contrário, ela praticamente se atira...
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Ferrada.
Esse era meu atual nome e sobrenome.
Quando a ligação de Lincoln me tornou ciente do que ele tinha aprontado, soube que a merda há muito já havia sido jogada no ventilador e a qualquer momento ela estava prestes a respingar em mim. Ele não só tinha se envolvido com pessoas extremamente perigosas, como também decidiu me pôr como sua "calção" de problemas sem qualquer aviso prévio. Agora, a minha cabeça estava a prêmio.
Nemo se aconchegou em meu colo, aéreo aos fatos que mudaram nossas vidas nas últimas horas, transmitindo uma paz que me fez ter inveja. Deslizei meus dedos entre seus pelos pretinhos, sentindo o calor do seu corpo e aproveitando a sensação de maciez que eles proporcionavam.
Desde pequena, aprendi das piores maneiras possíveis a não acreditar em ninguém muito menos criar laços profundos com elas. Com exceção de Nemo, estava indo bem. As pessoas procuravam acreditar em vidas de finais felizes e esqueciam da realidade, até ela dar um soco forte em sua face e dizer em alto bom som: estou aqui, vadia.
E o que era para ser apenas uma viagem de férias em família, se transformou em pesadelo. Meus pais eram aventureiros e se conheceram assim, em uma viagem com um grupo de jovens que praticavam escaladas. O que começou como amizade, logo se tornou namoro e algum tempo depois, eles se casaram.
Todos os anos, os dois escolhiam um local para comemorar "o grande encontro"— era assim que se referiam ao tempo em que estavam juntos — e meu pai havia decidido nos levar a uma reserva conhecida por seu camping seguro, pelas trilhas, cachoeiras e cavernas subterrâneas.
Com nove anos de idade, já havia conhecido mais lugares que alguns mochileiros. Parecia ser exagero, mas eles amavam viajar, explorar, conhecer novas pessoas e outras culturas e nada disso mudou após meu nascimento, muito pelo contrário, faziam questão de me incluir e me fascinar com cada nova aventura que realizávamos juntos.
O caminho até a reserva foi tão divertido, que conseguia lembrar da sensação dolorida em minhas bochechas de tanto sorrir naquele dia. Fizemos amizade com algumas pessoas no camping e todos os dias, ir a trilhas, nadar em cachoeiras e histórias ao redor da fogueira era o nosso roteiro.
A viagem já tinha se tornado uma das minhas favoritas, contudo, ainda faltava um único passeio, aquele que tinha nos levado até ali: conhecer a gruta do Infinito. A caverna era chamada assim por conta da profundidade que possuía, além de ser conhecida pela dificuldade de acesso até a grande lagoa azul cristalina que estava em seu interior.
Poucas pessoas tinham coragem de se embrenhar nas aberturas estreitas que permitiam a entrada no local. Meus pais estavam tão ansiosos, que podia sentir a vibração vinda deles por conhecer um lugar quase que sagrado. O dia estava lindo, o sol estava quente e a mata parecia ter vida. Caminhamos por algumas horas, até encontrarmos sua entrada principal, um buraco largo e escuro que se estreitava ao longo do trajeto.