Prólogo

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Narrado por Werner Schünemann.

Neste ano de 2002, depois do meu papel como General Netto, no filme "Netto Perde Sua Alma" que gravei um ano antes, me preparei para o Festival de Cinema de Brasília onde o mesmo estava concorrendo em algumas categorias. Era uma grande noite, certamente e para minha surpresa, ganhei o prêmio de melhor ator. Isso me deixou extremamente feliz pelo reconhecimento do público, me comprometo muito em qualquer trabalho que recebo e acho que todo esforço vale a pena.

Dias depois da premiação, recebi um telefonema do grande diretor Jaime Monjardim me convidando para um jantar, na verdade, como trabalho a muito tempo com cinema e sei que ele está envolvido com teledramaturgia me causou um certo receio, entretanto, aceitei o convite de bom grado e por telefone mesmo marcamos o jantar de negócios, por assim dizer. De acordo com ele, tinha um presente para mim, mas não quis adiantar nada, o que me deixou bastante ansioso. Marcamos de nos encontrarmos aqui mesmo em Porto Alegre, optei por um de meus restaurantes favoritos, Peppo Cucina, uma cantina italiana maravilhosa muito bem localizada, cujos frequentadores são discretos. Liguei e fiz a devida reserva para não ser pego de surpresa sem vaga.

Antes do horário marcado eu já estava no local, entrei e fui direcionado pelo maître até uma mesa com dois lugares. E não demorou muito para avistar Jaime entrando pela porta, o mesmo maître o orientou. Ele vinha em minha direção com um envelope nas mãos. Prontamente levantei para comprimentá-lo.

- Ah! Mais que honra conhecer o gaúcho mais famoso do cinema tchê! - apertou minha mão e me deu um abraço com tapas firmes nas costas.

- Que isso, bondade sua, o prazer é todo meu, Jaime. – falei contente em seguida nos sentamos. O garçom logo veio em nossa direção para anotar nossos pedidos.

- Boa noite, o que os senhores desejam? 

- Jaime, aqui eles fazem um Agnellino maravilhoso! É um assado magnífico de filhote de cordeiro. E para acompanhar, uma Salada Caprese deliciosa. – sugeri gentilmente.

- Hum, um alemão com tantos gostos italianos.

- Adoro culinária italiana. Ah! Me traga uma garrafa de Carbenet Sauvignon. - pedi ao garçom. - Jaime, você vai experimentar o melhor vinho da região de Bento Gonçalves!

- É mesmo?

- Mesmo, mesmo! - respondi.

- Claro! Deve ser ótimo. - ele sorriu descontraído.

- Pode mandar preparar então. - olhei para o garçom que estava a anotar nosso pedido.

- Certo, estará pronto em torno de dez a quinze minutos. – o jovem afirmou.

- Excelente, é o tempo que eu preciso. - Jaime arqueou a sombrancelha ao dizer.

- Com licença.

- Toda! - respondemos em uníssono, o garçom nos deixou a sós.

-Werner, eu saí do Rio de Janeiro só para lhe fazer esse convite! - suas mãos estavam entrelaçadas e ele falou sério.

- Diga logo, estou ansioso. demais. Quanto mistério! Você não adiantou nada por telefone!

- Não, precisava vir aqui e conferir algumas coisas no sul, justamente para esse projeto.

-Ah, sim! - entendi o motivo.

- Primeiro, eu quero lhe parabenizar pelo prêmio porque você merece muito.

- Obrigado! - fiquei sem graça com o elogio, mas vindo dele é uma grande satisfação.

O garçom retornou à nossa mesa trazendo o vinho, nos serviu e prontamente se retirou deixando a garrafa sobre a mesa. Degustamos a bebida, que por sinal é fantástica.

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