Textos e Vinhos

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Narrado por Werner Schünemann.

Por mais incrível que possa aparentar, ainda experimento em meu corpo avidamente a sensação do beijo que em cena, Eliane e eu demos vida, fechei os olhos com um pouco de força me recriminando por continuar com os pensamentos voltados para a troca de energia com aquela bela mulher. A fim de não voltar a pensar mais detalhes sobre o ocorrido, peguei minhas roupas e em seguida as vesti, ficando pronto para ir embora. Assim que saí do camarim, encontrei com o Luís que sorridentemente veio ao meu encontro.

- Werner. - acenou se aproximando.

- Oi Luís. - sorri e nos cumprimentamos.

- Estou indo comer alguma coisa, quer vir? - preciso mesmo sair daqui o mais rápido, não quero encontrar a Eliane, ficaria sem graça perto dela, espero que ela não pense que fui atrevido e realmente preciso comer alguma coisa depois de tanta gravação, estou exausto.

- Claro, vamos sim. - nos direcionamos para o mesmo restaurante do qual vi ela passar no primeiro dia em que cheguei, aqui mesmo no Projac. Almoçamos tranquilamente, falamos sobre diversos assuntos, inclusive a respeito da vida boêmia e noturna no Rio de Janeiro, para um homem casado e sozinho por um longo espaço de tempo como eu, é uma tentação esmagadora, mas sou leal à Tânia e preciso fazer de tudo para me manter assim.

De repente, olhei pela janela e vi Eliane passar perto do restaurante como na primeira vez, porém, agora estava acompanhada do Tarcísio e da Nívea. Observei seu andar gracioso, seu belo e largo sorriso enquanto falava, sua beleza exuberante e a forma leve como gesticula com as mãos, exaltando sua descendência italiana pelo lindo sobrenome. Perdi a noção de realidade e fitei cada passo seu até perdê-la de vista.

- Werner. - parecia que no fundo uma voz me chamava. - Werner. - chamou mais uma vez me trazendo de volta à consciência.

- Desculpa Luís. - ele riu de mim. - Como está sendo gravar com ela? - tremi quando perguntou, pois percebeu meus olhares para Eliane.

- Com quem? - riu mais uma vez. - Ora, Eliane, não foi ela que te fez quase quebrar o pescoço agora de tanto que você olhou. - o encarei encabulado.

- Está sendo ótimo, ela tem me ajudado muito. - disse timidamente, ele me olhou sabendo que não respondi por completo sua pergunta.

- Ela é linda não é? - indagou-me.

- É uma mulher muito bonita sim. - ao me ouvir, sorriu sem mostrar os dentes e tomou mais um gole do seu suco.

- Ela é muito discreta Werner, gosta de privacidade, ninguém conseguiu até hoje domar o coração da fera. - brincou ao falar.

- Ela parece ser uma pessoa maravilhosa mesmo, estamos aos poucos construindo uma amizade, isso vai ser bom porque vamos passar muito tempo juntos e uma relação amigável é muito importante para que o projeto dê certo. - essa conversa está me deixando sem jeito, tento me esquivar de qualquer jeito de suas perguntas que sei bem aonde querem chegar.

- Sabe, a Eliane é uma mulher muito cobiçada, extremamente profissional e muito dedicada. - assenti de maneira positiva compreendendo sua fala.

- Eu vi o jeito que você olhou pra ela. - engoli seco.

- Impressão sua Luís, conheço pouco a Eliane, tenho todo respeito do mundo por ela, nossa relação é restrita apenas ao estúdio. - falei tentando não transparecer o embaraço.

- Ela é minha amiga a anos. Sabe aquele tipo de amigo a gente protege? - me olhou sério. – Que a gente quer ver feliz?

- Sei sim. - respondi. Percebo que ele tem um carinho muito grande por ela e me adverti como quem percebe meu interesse por esta mulher, mesmo que seja apenas excitação passageira.

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