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Se você veio ler algum tipo de romance clichê, vai embora. Se você veio ler algum tipo de conto de fadas, vai embora. Se você veio ler histórias de líderes de torcida, nerds apaixonados e jogadores de futebol, vai embora. Se você veio ler uma história de superação, vai embora. Agora, se você veio ler a história de uma jovem fodida na vida, aqui é o seu lugar.

Meu nome é Lexy Oliver, eu tenho 17 anos e estou no último ano da Paradise School, a escola mais rígida do meu bairro. Sou filha de Ana Oliver e Patrick Algumacoisa, por que "Algumacoisa"? Porque o meu pai havia sumido quando eu era mais nova, abandonando a minha mãe grávida, e por conta disso eu quase não vim ao mundo, porque minha mãe não trabalhava e teve que se virar nos trinta, já que era muito nova e não fazia noção de nada. Hoje, minha mãe era dona do Reformatório Oliver, que abrigava jovens delinquentes que tinham entre 13 e 17 anos, portanto podia pagar a Paradise para mim. Se fodeu, Patrick Algumacoisa.

Todo dia era a mesma rotina: Acordar, ficar o dia todo na escola, chegar em casa a noite, estudar as matérias e ir dormir, para repetir tudo de segunda a sábado, mas veja o lado bom: Eu tinha um futuro maravilhoso garantido porque a base que a escola me dava era incrível e, bem, dava pra ter alguma atenção. Não, não é um clichê, mas a minha mãe trabalhava demais e eu acabava ficando sozinha e senhores, eu ODEIO ficar sozinha, dava uma sensação de pânico absurda. É, era melhor ficar na escola.

Minha escola não era ruim. A diretora era muito severa, então qualquer coisa de bullying era exterminado antes mesmo de "viralizar", podemos dizer assim. Não havia muita hierarquia como nos filmes, tipo uma Regina George ou algo assim, só haviam alunos mais conhecidos e os ghosts, mas isso acontecia em qualquer lugar. Eu estava na faixa do meio: Tinha os meus amigos, mas não tinha TANTOS! Na verdade, tinha quem eu queria ter comigo.

E nesse exato momento, estávamos todos brincando de jogo da garrafa. A roda estava: Eu, Ester, Scott, Emilly, Yasmin e Pedro. Funcionava da seguinte forma: Ester era a mais próxima de mim e era bissexual, Scott namorava Yasmin, Emilly era a meio patricinha e Peter era o tarado que sofria por não namorar ninguém. Era um pé no saco as vezes, mas era o melhor pé no saco que eu podia escolher para mim.

Emilly rodou a garrafa depois de ter que dar um selinho em Ester, e acabou caindo de Peter para mim. Dei um sorriso para o meu amigo, ficando empolgada já que ele fazia as melhores perguntas e dava os melhores desafios. Pedro se ajeitou, cruzando as pernas no chão e me olhou de forma desafiadora.

— Verdade ou desafio, jovem Lexy?— Perguntou ele, assumindo uma expressão pervertida.

Scott ficou tenso e encarou Pedro, eles não se gostavam muito desde o incidente com Yasmin bêbada.

— Veja lá o que vai fazer com ela— Disse Scott, nervoso, já que era meu melhor amigo ali e sempre tinha o extinto de me defender — Se você ultrapassar os limites...

Pedro revirou os olhos para ele e juntou as mãos, esperando a minha resposta. Pensei e repensei, porque de desafio eu já estava demais hoje: Já haviam me feito lamber o pé de Yasmin, fazer twerk no meio do pátio e falar que a diretora estava mais gorda.

— Verdade — Decidi, fazendo Pedro revirar os olhos— Não quero tomar no cu, desculpa.

Pedro colocou as mãos do lado da cabeça e ficou quieto por um segundo de tensão. Eu senti minha morte se aproximando. Ele ergueu a cabeça devagar e me encarou no fundo dos olhos, engoli em seco a saliva e comecei a repensar a minha escolha. Com a voz calma, Pedro perguntou.

— Lexy Anne Oliver, é verdade que você já beijou uma menina? E quem?

Todos os meus amigos me olharam imediatamente. Scott e Ester já sabiam a resposta, mas os outros ali não. Algumas pessoas que estavam por perto pararam só para ouvir a resposta. Comecei a ficar muito vermelha e um nó se fez na minha garganta. Pedro levantou dez dedos e começou a abaixar um por um, dando contagem regressiva. Eu abri a boca e fechei duas vezes, quase incapaz de falar. Yasmin e Emilly estavam com uma cara de nojo indescritível, assim como um garoto que eu tinha uma leve quedinha e ele estava próximo a mim. O último dedo de Peter abaixou. Ou eu respondia imediatamente, ou teria que pagar uma prenda. Como não respondi, ele suspirou e disse.

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⏰ Última atualização: Apr 07, 2017 ⏰

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