Eu gosto de muitas coisas nos humanos; os admiro o tempo todo. Eu gosto dos humanos tentando arrumar explicação pra tudo como se realmente fossem conseguir; gosto deles sorrindo; gosto deles cantando no karaokê; gosto de ver encontros, gosto de ver o primeiro beijo de uma mãe em seu filho recém nascido e o primeiro beijo de um encontro, gosto de ver seus problemas e tentar entender, e até risco dançar com eles nas baladas piscando o tempo todo. Eu gosto muito.
As vezes queria ser humano.
"Ei, Luz"
Mas se eu fosse, eu nunca teria conhecido ele.
"Ei, escuridão", eu disse sorrindo olhando ele deitado debaixo de uma nuvem em formato de dragão.
"Quer brincar de adivinhar os desenhos das nuvens?"
"Claro", se eu tivesse um coração, ele estaria alegre. "O que aquela nuvem parece?", Perguntei.
"Um tipo de peixe com cara de batata com narigão...?", ele respondeu virando o rosto, com dúvida.
"Um tipo de peixe com cara de batata com narigão?? Hahahaha"
"Claro que é, olha só..."
E ficamos assim por um bom tempo. Sabe-se sei lá quanto.
Ele se espreguiçou.
"Melhor irmos. A vida precisa continuar, o tempo já está parado demais"
"M-mas...", Eu disse sem saber o que fazer.
Ele me olhou e depois sorriu, dizendo: "Vamos continuar mais tarde"
Assenti dando um sorriso enorme.
E então ele foi.
Depois de algum tempo, o vi debaixo de um guarda sol em uma praia, me sentei próxima a ele só que na areia. Paramos o tempo.
"Vamos continuar?", Perguntei ansiosamente.
Ele olhou pra cima.
"Mas não tem nuvens"
Olhei e concordei:
"Não tem nuvens..."
"Não fique triste. Podemos brincar de outra coisa. Me segue"
Ele foi para debaixo de um barco enorme no meio do mar, fiquei sobrevoando próxima a ele
"A brincadeira é assim", ele começou, "vamos competir quantos peixes azuis e vermelhos encontramos. Você conta os vermelhos e eu os azuis"
Fizemos o tempo voltar a andar.
O barco seguia o seu caminho e nós íamos contando os peixes.
"13... 14...", Eu contava.
"28, 29... 30...", Ele contava.
"Isso é injusto, sabia?", Fiz bico.
"A vida não é justa", ele rebateu sorrindo vitorioso
"Sabe, eu na verdade posso ver todos os peixes desse mar que estão sobre a minha Luz. Eu sei também quantos provavelmente eu vou ver"
"Shiiiiiu, não estraga a brincadeira", ele disse ainda focado nos peixes.
Relevei.
"Se fôssemos humanos, isso seria um encontro", eu falei
"Se for pensando assim, sempre tivemos encontros. Todo momento temos um novo"
Foi um estalo em mim. É verdade o que ele disse... Isso me fez ficar mais alegre e quente do que nunca. Temos encontros todos os dias.
"Então, se fôssemos humanos, seríamos um casal?", Perguntei segurando o sorriso.
Ele sorriu e eu soltei meu sorriso retribuindo o dele.
Nos noticiários humanos dizia que aquele dia foi o mais quente de todos os tempos.
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Luz e Escuridão
General FictionDuas pessoas opostas, mas sempre juntas. É impossível fugir do que te completa, e, por mais que doa, você nunca quererá ir embora.