Abril

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Numa manhã de sábado, Lucia abriu os olhos sentindo-se em paz. Casada pela segunda vez com Carlos, ela se viu na cama espaçosa do quarto deles, em um apartamento da zona sul de sua cidade. Sentou-se e embolou os cabelos num coque relaxado, a essa altura o cabelo já batia na altura da cintura, e levantou para fazer o café. Preparou e ligou a cafeteira na cozinha planejada, ouvindo o som do chuveiro.

Quando chegou ao banheiro da suíte, viu Carlos se vestindo para o vôlei de todo sábado, na praia. Deu bom dia e começou a tirar a roupa para o seu banho. Carlos lançou-lhe um olhar de curiosidade. "O que aconteceu com ela?". Acostumado a ver a esposa sempre agitada e preocupada com algo, estranhou o seu estado naquela manhã. Respondeu ao seu bom dia, olhando o corpo bonito dela embaixo do chuveiro, pensando se o jogo valia a pena.

Foi tomar o café antes. Adorava o café dela, sempre no ponto, não muito forte e nem fraco, perfeito para despertar de um sono. Coisa que quando era solteiro não tinha. Chegou à cozinha e viu apenas água na cafeteira. Pousou a caneca que pegara na pia e pensou que Lucia nunca cometara aquele erro, nunca esquecera o pó. Franziu a testa ao ouvir um barulho vindo do banheiro. Correu rápido, a tempo de ouvir outro mais alto.

Chegando, viu Lucia tentando se levantar. Não pensou quando entrou para amparar a esposa perguntando o que havia acontecido. Ela riu, sentindo-se sublime e disse que escorregou ao tentar pegar o sabonete.
Carlos viu que ela machucara o braço direito e saiu do box segurando-a. Ela insistiu em voltar para terminar o banho, não sabendo o que fazer, Carlos esperou por ela. Quando ela saiu, ele cuidou do ferimento já limpo e perguntou o que havia acontecido com ela naquela manhã. Porque estava com aquele sorriso sonhador no rosto. Ela deu de ombros e respondeu que não era nada. Ele imaginou que ela precisava de café de verdade, então voltou para cozinha afim de prepara-lo ele mesmo.

Lucia saiu do banheiro, com short, top e toalha na cabeça. Carlos ficou com mais uma dúvida, se iria mesmo ao jogo, quando a viu entrando na cozinha. Primeiro pelo estranho estado dela, segundo porque ela estava linda daquele jeito. Entregou-lhe a caneca rosa dela com café. Lucia gemeu aprovando o café ao prová-lo. Carlos também provou o café e se forçou a engolir, depois jogou fora se perguntando como ela poderia ter gostado daquilo.

Lucia já estava sentada na mesa de seis lugares, na sala. Ele sentou-se ao lado perguntando se poderia ir ao jogo combinado, ela riu lindamente e disse que sim. Afinal, estava sentindo-se muito bem e ele não deveria se preocupar. Deu um beijo nela, quando essa se levantou para deitar no sofá e foi para o jogo após ela pegar no sono com a toalha ainda na cabeça. De repente isso ajudaria ela a voltar ao estado normal.

Chegando a praia, encontrou um casal de amigos e contou-lhes sobre Lucia, de uma forma bastante preocupada. Eles insistiram em acompanha-lo na volta para casa quando o jogo acabasse. Principalmente depois que Luciana falou que lera um artigo que aquilo não era bom. Um estado sublime poderia ser comparado a uma cura rápida de uma doença, e depois a inevitável morte. Não que isso fosse acontecer com Lucia, se apressou em acrescentar.

Após jogar por uma hora, foram para casa de Carlos. Lúcia acordou com o som da porta abrindo. Sentou-se e tirou a toalha da cabeça, riu para si mesma sentindo-se plena e bela. Em paz. Quando olhou para o casal e o marido, seu sorriso se alargou. Os amigos entenderam de imediato o que preocupava Carlos, e Paulo não foi capaz de não reparar a beleza de Lucia, quando ela ajeitou o cabelo longo e seu corpo perfeito. Carlos teve que se controlar, quando os pensamentos da noite invadiram a sua cabeça. Engoliu a seco e reparou no ambiente.

Como era hora do almoço sentaram-se a mesa, mas não havia comida. Carlos sempre levava a esposa para almoçar fora quando seu enteado estava com o pai, mas sempre havia cheiro de comida deliciosa sendo preparada. Carlos estranhava mais uma vez o erro da esposa, sempre cuidadosa com a casa e a família. Sempre ativa, porem hoje estava apática.
Luciana perguntou o que havia com Lucia. Essa deu de ombros e falou que estava em paz. Falou que terminara a monografia da pós-graduação no dia anterior, seu filho passara de ano e concluira os relatórios dos alunos. Apenas não havia preocupação em seus pensamentos. Sorriu lindamente fazendo os homens presentes pensarem em coisas pecaminosas.

Neste momento, levantou-se dizendo que pegaria alguma coisa, mas quando deu um passo caiu desmaiada. Carlos foi rápido segurando a cabeça da esposa antes de bater no chão. Bateu-lhe no rosto para acordá-la, mas não adiantou. Pegou Lúcia no colo e com a ajuda de Paulo colocou-a no carro. Correram para emergência, onde Lúcia entrou de maca, com Carlos ao seu lado. Mesmo que aqueles seguranças do hospital falassem para sair, ele não obedeceria. Olhou para eles desafiando, e pelo olhar hostil, os seguranças decidiram não entrar em seu caminho. Sábia decisão, pensou Carlos.

Enquanto Carlos se preocupava, Lúcia sonhava que andava por um corredor todo branco e limpo, ela preocupou se seus sapatos manchariam o chão imaculado. Olhou para frente e viu uma luz muito forte no final, sem que a notasse, já se encaminhava para ela. Andou um pouco mais e viu uma figura vinda em sua direção. Ela andou devagar, com cuidado, porem em momento algum sentiu medo. Chegando mais perto, percebeu que se tratava de uma menina de três anos de idade. Os olhos escuros e cabelos combinando, não poderia ser um anjo, né? Mas era tão fofa e tão linda que Lucia não resistiu em pega-la no colo, sim era um anjinho lindo com o corpo todo rechonchudo e bochechas graciosas. A menina segurou o rosto de Lucia com suas mãos fofas e exclamou "Mamãe". Lucia abraçou-a, com lagrimas nos olhos, e não quis soltá-la nunca. Percebeu que em seus braços a menina ia retrocedendo as idades ate se tornar um bebe recém-nascido. A luz se apagou e o corredor desapareceu.

Ouviu vozes ao redor. Lúcia sentiu que estava deitada e abriu os olhos sentando-se rápido. Carlos segurou e forçou a deitar novamente alegando que estava com o soro na veia. Lúcia virou rápido para ele e Carlos sentiu o choque e uma tranquilidade, sua mulher voltara ao normal. "Estou grávida de Luiza.". Ele piscou estupefato pela segurança dela, confirmou que ela estava grávida, mas não havia como saber o sexo do bebe. Lucia olhou ao redor e perguntou o que faziam no hospital.

Carlos riu e lhe deu um beijo, agradecendo por ela voltar à normalidade frenética de sempre, quase gargalhou, mas franziu a testa perguntou como sabia que o bebê era menina. Lúcia começou a contar o sonho, mas logo parou perguntando por que estava com aquelas roupas, ali. Carlos revirou os olhos e foi poupado de ser irônico pois o médico entrou. Ela rapidamente perguntou sobre a gravidez quando viu o medico ao seu lado. Ele confirmou que estava tudo bem, mas lamentou pela linda barriga de Lucia. Carlos e Lucia perguntaram "O que?" ao mesmo tempo.

Assim Lúcia e Carlos descobriram que iriam ter uma linda menina e que amariam-a sempre. Não sem antes Lúcia segurar Carlos para não bater no médico. Depois contariam a menina, quando tivesse idade, como ficaram sabendo. O filho de Lúcia riu muito pensando ser piada da mãe, e riu mais ainda quando o padrasto confirmou.

Nesse mês, Carlos e Lúcia nos contaram como foi a sua descoberta. Espero que tenham gostado.
Até mês que vem...

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