Um conto por mês (DEGUSTAÇÃO)

Setembro

Naquele dia ela teve uma ideia. Colocaria em palavras escritas o que sentira, escreveria para que o vento não levasse como palavras ditas sem sentido, logo ela pegou caneta e papel e escreveu, chorando e desabafando para todos e ninguém ao mesmo tempo. Assim ela escreveu:

"Sabe aquele dia em você se sente sozinha? Aquele dia que você precisa de uma palavra amiga, de uma palavra de ânimo? Aquele dia que você está para baixo? Aquele dia...

Bom, ontem estava assim. Queria alguém que me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem, que tudo passaria e que tudo daria certo. Ontem, eu não via a luz no fim do túnel, o pote de ouro no fim do arco-íris e a esperança de uma vida melhor.

Devemos ter alguma coisa no que nos apegar, essa coisa que nos impulsiona a viver e a sorrir. Essa coisa que faz a gente caminhar, trabalhar, escrever, viver. Essa coisa que nos faz sorrir. Mas ontem, eu a perdi. Ontem, esse motivo vazou pelas minhas mãos e eu não sabia o que fazer. E pela primeira vez em minha vida, experimentei o sentimento de fracasso, impotência, de morrer. E é a pior coisa que podemos sentir!

Ontem, não queria motivos bons, não queria esse motivo para sorrir. Ontem, as lágrimas escorriam pelo meu rosto, demonstrando toda a dor que havia em meu coração. Ontem, eu não queria mais nada, não queria viver. Ontem, queria não existir, queria ficar na cama e sonhar. Porque o sonho é melhor que a realidade... No sonho tenho alguém por mim, tenho muitos amigos, tenho um amor, tenho beleza e diversão. Na realidade, não. Na realidade, tenho a depressão.

Solidarizei-me com quem toma o remédio para domar essa doença vil, esse sentimento que você não sabe de onde surge e te consome de forma total. Ontem, só queria alguém para me abraçar, alguém para cuidar de mim e me segurar. Ontem, experimentei a solidão também. Ruim não é? Além das orações, me via sozinha e ainda estou, mas sem esperança não podemos viver. Então vamos falar dela!

Qual é a sua esperança? Qual é o seu motivo de viver e sorrir? Qual é a sua razão para continuar?

Todos os dias, via meu filho, e pensei que fosse ele. Todos os dias, ia trabalhar e pensei que fosse meu emprego. Todos os dias, via minha família e pensei que fosse ela. Mas não. Não é nada disso! Descobri que não é nada que está ao meu lado ou ao meu redor. É o meu coração!

A solidão e a depressão, se instalaram lá, e como um vírus no computador vai danificando todo o equipamento. Esse sentimento ruim, danifica sua mente e seus pensamentos. Chegando ao cérebro, danifica os seus movimentos e chegando ao corpo, danifica suas atitudes. Aí, você para! E nada faz você sair do lugar, nada faz você se mover!

Enquanto outros textos falam para nos mover, fazer algo que gostamos ou sair por aí, eu digo: pare e reflita! Não adianta fugir do problema se ele está dentro de você. Será apenas uma distração, nada demais. Se o problema está dentro de você, não adianta distrair se não resolver.

Ok! Pensar demais no problema não adianta também, mas convenhamos, sem solução ele se tornará maior do que da última vez que o viu, se tornará mais pesado que do da última vez que tentou pegá-lo.

Então, vamos a solução: Pense nele, pegue ele, chegou a hora de resolver! Se for com alguém, converse. Se for com você, pensei no que pode mudar. No meu caso, é comigo, então como não posso mudar agora, traçarei metas.

Qual é a sua meta? Qual é o seu sonho?

O meu, são vários, então estabelecerei um cronograma para conseguir. Mas se você pode mudar, vá! Não espere nada, nem ninguém. Nessa vida aprendi que ninguém é por ninguém, se você não fizer por você ninguém fará. Isso é verdade! E mesmo que façam, te cobrarão depois. Então, vamos resolver! Vamos à luta e corramos a frente do prejuízo, porque atrás podemos alcançá-lo."

Essas palavras foram marcadas e registradas em um pobre papel com uma caneta de cor azul e uma letra fácil de ser lida. Poucas palavras mas com um enorme significado. Será que ela estava certa?

Até mês que vem...