Ela gostava de música. Não, ela amava música! A ponto de cada momento de sua vida ter uma trilha sonora. Exemplo disso, era ela no ponto de ônibus e cantava em sua cabeça "Quem sabe ainda sou uma garotinha? Esperando o ônibus da escola, sozinha...". Quando via um rapaz bonito na rua, cantava "Se o homem já chegou na lua, por que eu ainda não tenho seu endereço?". E assim vivia. Não que vivesse no mundo da lua, era o da música mesmo.
Só havia um problema, ela não gostava de músicas atuais, as que faziam sucesso. Corria de sertanejo universitário como correra do rato que uma vez vira na rua. Funk, gostava do ritmo, mas as letras a arrasavam. As músicas antigas faziam a sua cabeça girar. No momento em que viu o filme Footlose, gostou tanto da música que baixou no celular. Ah, outro defeito dela, não era a música principal do filme que ela gostava, era aquela que passava despercebida durante o filme todo. Assim, depois de muita pesquisa na internet, a música Let's Hear It For The Boy era o seu toque.
Gostava de músicas internacionais, pela melodia e só baixava-as depois que lia sua tradução. Fora criada ouvindo Beatles, Bee Gees, Led Zeppelin... Os nacionais: Gonzaguinha, Simone, Roupa Nova, Djavan, Legião Urbana...
Mas ela não era fã da banda ou do cantor, era fã da musica. CD não lhe interessava, se apenas uma música ela gostava. E quando gostava, ela amava! Claro, havia um gênero favorito e adivinha qual era? Samba de raiz!
Para uma jovem menina, ela não era antenada nas músicas de sucesso, mas Fundo de Quintal, Almir Guineto, Monarca, João Nogueira eram ótimos de se ouvir e sambar.
Graças a Deus pela internet,e ela poder fazer sua playlist aleatoriamente. Ouvia uma vez, memorizava, procurava e baixava. Ficava orgulhosa quando pegava o ônibus cheio, seu celular chamava e algumas pessoas cantavam junto com a música. Engraçado, demorar para atender o celular apenas para ouvir a música tocar.
Tudo isso começou no seu primeiro beijo e o rapaz cantava "deixa acontecer naturalmente...". E ela ria. Com seu primeiro namorado a música era "venha me beijar, meu doce vampiro...", por causa das marcas em seu pescoço. O segundo era "o jeito é dar uma fugidinha com você...". Para o vizinho bonito era "pode vir quente que estou fervendo..." e para aqueles que não a quiseram, "tô aproveitando cada segundo, antes que isso aqui vire uma tragédia...". Na hora de um namoro mais quente sonhava com o rapaz cantando "quero te pegar no colo, te deitar no solo e te fazer mulher..."
O melhor era quando queria chorar a solidão. Aí até o You Tube sabia o que ela iria ouvir. Começava com More Than Worlds, passava por Heaven e terminava com Halleluiah. Não esquecendo de Angels. E quanta lágrima derramava! Levava todo mundo a chorar junto. Descobriu uma música da Mariah Carey que as lágrimas inundavam o quarto. Não, não era Hero. Era When You Believe.
Sempre, em tudo ela colocava uma trilha sonora, em tudo o que fazia e vivia. Se o momento era bom, "já que você está tão feliz, dá um grito...". Se era ruim, "erga essa cabeça, mete o pé e vá na fé...". Mas em todos os momentos, e esta música virou o lema de sua vida, era "a vida é pra quem sabe viver, procure aprender a arte...". É ela gostava de música. Não, ela amava!
Esse mês o conto foi dela. Essa sem nome e rosto, apenas com gosto. E muito bom por sinal! Por ela, com certeza, você já cruzou na rua. É aquela com fone no ouvido e o passo no ritmo da música. Foi aquela que demorou a atender o celular, ou aquela sem noção de sua voz que canta alto enquanto caminha. Com certeza você já a viu por aí.
Ate mês que vem...
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Um conto por mês (DEGUSTAÇÃO)
Short StoryNão seria bom começar o mês com leveza? Um conto por mês lhe trará isso e um pouco mais. Com historias divertidas, cotidianas e com um toque de romance, você começara o mês com mais entusiasmo. Venha se empolgar, emocionar e até chorar com personage...