Capítulo 11 DEGUSTAÇÃO

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            Fernanda estendeu a última peça de roupa no varal quando escutou o barulho do carro chegando. A manhã havia passado rápido demais e ela ainda tinha muita coisa para fazer até o final do dia. Tudo isso por conta de Liana, que há três dias vinha colocando abaixo uma parte do seu guarda-roupa por pura maldade. Fernanda perdia quase a metade da manhã arrumando todas as peças no seu devido lugar novamente.

Ela achava que na cabecinha de Liana isso iria afastar Fernanda do trabalho. Afugentar, por assim dizer. Colocar Fernanda num patamar que a faria desistir de fazer o trabalho todos os dias novamente e assim sair do trabalho deliberadamente. Só que isso não ia adiantar.

Fernanda pouco se importava se Liana derrubasse o seu armário de roupas todos os dias. Simplesmente juntava e ainda até gostava do tempo que passava dobrando e alisando as roupas. Era quase uma folga de ter que subir e descer escadas inúmeras vezes ou estar com os braços para cima estendendo elas no varal. O tiro de Liana havia saído pela culatra.

Apressou-se ao entrar para postar a mesa para o almoço dos três irmãos. E quando se retirou para dar privacidade à família, foi até o seu pequeno reduto em forma de casa e começou a colocar outra máquina de roupa para lavar em silêncio.

Ela estava feliz. Já havia completado um mês naquele serviço e recebido seu primeiro salário, que estava bem escondido no fundo do seu guarda-roupa escasso em casa. Junto com o envelope que havia conseguido, estava uma sacola embrulhada com uma peça de roupa para o seu bebê, comprada em um brechó para arrecadação de verbas para alguma entidade. Havia feito essa extravagância com o seu primeiro salário junto com uma bola de sorvete que estava desejando há alguns dias.

Sua gravidez estava lhe dando um único trabalho. O enjoo extremo pela manhã, acentuado com as viagens de ônibus que fazia diariamente. Tinha dias que ela mal chegava no trabalho e já tinha que ir correndo para o banheiro na casinha ao lado para vomitar. E hoje ainda tinha sido flagrada por Sérgio que estava trazendo os pães de sempre para o café.

Ele entrou em silêncio e escutou o barulho dela no banheiro com a revolta do seu estômago. Encontrou Fernanda sentada no chão e se recuperando de uma onda de vômito não bem vinda no momento. Levantou-se rápido, assustada, começando a se desculpar que quase tonteou e caiu novamente. Para a sua vergonha ficar ainda maior, foi Sérgio que a amparou para que não caísse e se machucasse feio.

Ele a ajudou a sentar enquanto perguntava se ela estava realmente bem. Fernanda teve que explicar que isso acontecia regularmente, mas que passava depois de alguns minutos. Minutos que hoje pela manhã, Sérgio passou ao seu lado se certificando de que ela estava realmente bem. Fazendo com que Fernanda ficasse ainda mais nervosa do que estava.

Ela fazia de tudo para que esses sintomas desagradáveis não aparecessem assim e a fizesse ficar exposta e gerando dúvidas se realmente ela era capaz de ficar no emprego. Imagine se fosse Vanessa que a pegasse vomitando e tonteando pelos cantos? Seria despedida naquele exato momento sem direito a nenhuma argumentação de sua conta.

Por isso que logo que sentiu o seu estômago melhorar e a sua manhã começar normalmente, levantou e começou a dobrar as roupas que haviam ficado de ontem para hoje. Dispensado, Sérgio seguiu o seu caminho, mas não sem dizer à Fernanda que se sentisse mal novamente, era para entrar em contato que ele voltava para casa. Só que isso não foi necessário. Era apenas um enjoo matinal normal decorrente de uma gravidez e segundo a mãe de Fernanda, um ótimo presságio e sinal de boa saúde da criança.

– Olá! – Sérgio apareceu na porta assustando Fernanda que deu um gritinho seguido de um pulo. – Desculpa, não quis te assustar. Só queria saber se estava tudo bem...

Ponto e Vírgula DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora