Cap 4

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P.O.V. Lilith Maia

Às 7h00 acordo com meu despertador e dessa vez não estou atrasada para meu trabalho. O dia anterior foi uma loucura. Foi totalmente da minha rotina pacata.
Ponho um vestido verde rodado e uma jaqueta por cima, acompanhado de minhas meias e botas confortáveis.
Assim que chego no trabalho o Sr. Jones me chama a sua sala.

— Bom dia, senhorita Lili.
Ele me cumprimenta e oferece que eu me senta à poltrona a sua frente, olhando a vista do parte pela janela da biblioteca.

— Bom dia Sr. Jones. Como o senhor está?
Eu vejo ele com o semblante triste e carregado.
Ele suspira ao dizer

— Precisamos conversar sobre um assunto, que adiei por muito tempo. Peço que seja muito compreensiva, por mais que eu acredite que nunca vá me perdoar.

— Sim, sr. Jones. Tentarei ser compreensiva e te ajudar o máximo possível.

Sua iniciativa já me preocupa, mas eu aceno com a cabeça para que ele continue.

— Eu era jovem quando conheci Maria, sua mãe. Eu era um ninguém, que tinha apenas um bar quebrado e dívidas a pagar. Ela foi como uma luz em minha vida. Mas eu tinha muito problemas com dívidas e me vi sem saída. Eu me alcoolizei e me droguei. Quando você nasceu eu fui internado em uma clínica de reabilitação. Onde conheci boas pessoas que tinham feito más escolhas. Era longe da nossa cidade e eu acabei perdendo o contato com você e sua mãe. E eu fiquei tão envergonhado... eu fui um homem terrível por abandonar vocês, me perdoa... eu estou doente, por mais que eu não beba mais. Eu fiz um transplante cujo meu corpo não aceitou... os negócios vão mal e eu tive que pegar um empréstimo cujo não consegui pagar. Aí a 3 anos nos reencontramos... e você começou a trabalhar para mim, mas nunca soube como contar a você.

Ele chora e diz cada palavra com dor. Me levando a chorar também, de ódio a tristeza.

— Você... quer dizer que foi o progenitor que nos abandonou? Você não sabe o que passei com sua ausência... muito menos o que passei em presenciar a morte da minha mãe. Meu pai sempre foi e será meu tio Mark.
Meu coração se parte em migalhas quando ele se ajoelha a minha frente e implora por perdão

— Me perdoe... eu te imploro! E eu mal tenho tempo para recuperar o que se foi perdido... Adam Khaled... ele comprará minha biblioteca. Ele é um bom homem e cuidará de tudo. Eu terei que me internar novamente... e não sei se dessa vez sairei vivo do hospital.
Ele faz com a voz fraca e semblante abatido.

— Aaron... eu não sei se consigo te perdoar, mesmo sabendo que você teve seus motivos. Nada justifica o que você fez... mas como prometi serei compreensiva.
Falo entre soluços.

Agora sou eu que tô chorando, o abraço em forma de consolo.
Por que isso só acontece comigo? Chega a ser clichê a minha vida. No dia que eu descubro ter um pai ele está indo embora, agora de forma definitiva.

— Minha menina Lili... eu peço-te que fique ao lado de Adam. Ele sim me conhece e teve clemência por mim. Ele cuidará de você. Sei que ele te protegerá de todo mal que o mundo pode oferecer, mais que seu tio Mark, que se ocupa tanto com suas viagens. Trabalhe para ele, ele enviou um contrato para que trabalhasse diretamente para ele como sua assistente pessoal. Não se preocupe com nada. Não há homem tão poderoso quanto ele nessa cidade.

No final deu uma risada fraca. Como não havia percebido o estado em que está?
Suas orelheiras abaixo de seus olhos, suas mãos trêmulas e fracas, seu corpo definhando por baixo de seus ternos, que passam a imagem de um homem forte.

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