Gatos Guerreiros - Sangue Irmão

Capítulo 2

Filhote Flamejante e Filhote de Pinheiro foram acordados logo pela manhã pela mãe.
— Acordem, pequenos! — miou ela em uma voz doce. — Hoje é o grande dia! Vocês finalmente virarão aprendizes!
Os dois filhotes se colocaram de pé em um pulo, subitamente despertos. Saíram correndo do berçário aos tropeções, se espremendo pela passagem estreita.
Estrela de Orvalho estava parado na entrada de sua toca, e assim que os viu, sorriu para eles e se dirigiu para a Pedra Grande, miando em seguida:
— Que todos os gatos com idade suficiente para caçarem a própria presa compareçam aos pés da Pedra Grande.
Vários gatos se aproximaram com olhares curiosos, muitos deles ainda sonolentos, recentemente acordados. Pele de Corça se aproximou com seus filhotes. Logo Filhote de Neve e Pluma Prateada se juntaram a eles, e os três filhotes ficaram lado a lado, inquietos.
— Filhote de Neve, Filhote de Pinheiro e Filhote Flamejante recentemente completaram seis luas — começou o líder do alto da pedra. — Já está na hora de eles se tornarem aprendizes do Clã da Montanha. Filhote de Neve, de um passo à frente.
A pequena gatinha branca se aproximou do líder. Sua pelagem causava um grande contraste com a pelagem branca pálida rajada do líder, e o tamanho de ambos também. Apesar de ainda ter apenas seis luas, Filhote de Neve era pequena para a idade.
— Filhote de Neve — miou o líder com sua voz autoritária. — Você jura ser leal ao Clã da Montanha, e proteger seus companheiros de clã mesmo a custo de sua vida?
— Juro.
— Então até que se torne curandeira, esta gata será conhecida como Pata de Neve, e sua mentora será Poça de Ervas.
A curandeira de pelagem castanha, que até então estivera observando tudo da entrada de sua toca, aproximou-se da recém aprendiz e trocou toques de nariz com ela.
— Filhote de Pinheiro — chamou Estrela de Orvalho com um sorriso para seu filho, e o filhote castanho se aproximou.
— Você jura ser leal ao clã e protegê-lo mesmo a custo de sua vida?
— Juro — miou o filhote, sua voz vacilando por um instante, porém ninguém pareceu reparar se não o pequeno Filhote Flamejante, que o olhou com um olhar questionador.
— Até que receba seu nome de guerreiro, este gato será conhecido como Pata de Pinheiro, e sua mentora será Casca de Salgueiro.
Pata de Pinheiro se aproximou do novo mentor de cauda erguida e exibindo um grande orgulho. Ele era grande, tão alto quanto o guerreiro, e trocou toques de nariz com ele.
— E por fim, Filhote Flamejante — miou Estrela de Orvalho e sorriu para o filho, que se aproximou de cabeça baixa. — Você jura sempre ser leal ao clã, e protegê-lo mesmo a custo de sua vida?
— Juro — respondeu temendo que sua voz vacilasse como acontecera antes com o irmão. Seu maior temor — como o de qualquer outro gato de clã, acreditava — era que sua lealdade fosse questionada desde já, apenas por um simples tremular de sua voz.
— Então até que seja nomeado guerreiro, este gato será conhecido como Pata Flamejante, e sua mentora será Manto de Poeira.
O novo aprendiz se aproximou de seu mentora, que exibia um sorriso radiante. Trocaram toques de nariz e sentaram-se lado a lado. Percorreu a clareira com seu olhar e encontrou seu irmão e sua melhor amiga, ambos o olhando também e sorrindo.
Voltou seu semblante para seu pai. Os olhos verdes de Estrela de Orvalho transbordavam orgulho mal disfarçado. Quando percebeu que o filho o observava, ele sorriu.
O clã cantou em alto e bom som o nome dos novos aprendizes, e antes que eles começassem a se dispersar, o líder emendou:
— Ainda não acabamos. Pata de Coruja e Pata de Madeira terão também sua nomeação de guerreiros hoje.
Os dois aprendizes se aproximaram sorrindo. Pata de Coruja era uma gata marrom escura de olhos verdes, e seu irmão, Pata de Madeira, também tinha a pelagem castanha, porem era rajado de preto. Tinha os mesmos olhos da irmã. Tanto os olhos quanto a pelagem eram herdamos da mãe, Árvore de Azevinho.
— Pata de Coruja e Pata de Madeira, já faz mais de seis luas que vocês tem treinado arduamente para este dia, e sua nomeação é mais do que merecida — miou Estrela de Orvalho oferecendo à eles um breve sorriso. — Pata de Coruja, você será conhecida como Asa de Coruja. E Pata de Madeira, você será Risca de Madeira. O Clã da Montanha lhes dá as boas-vindas como guerreiros.
O clã cantou o nome dos novos guerreiros, e finalmente Estrela de Orvalho os dispensou, indo para sua toca.