Estava eu sentado ao piano a tocar uma das minhas músicas favoritas, talvez aquela que mais me inspira, quando a porta se abre e eu vejo um enorme vulto que se vira de costas e foge. Não sei o que é que era mas algo me dizia que não devia saber.
No dia seguinte acordei pensativo, um bocado desamparado, mas não podia dar-me ao luxo de preocupar-me com meros acontecimentos como o de ontem. Aquele vulto é algo que não tem importância.
Estava eu a meio das minhas aulas da tarde quando fui chamado de repente à sala de música. Lá estavam parados o director, os meus professores de música, teatro, dança, desenho e de línguas e duas pessoas que eu não conhecia.
- Toca alguma coisa para nós ouvirmos - pediu o director.
- Algo que te inspire - disse um dos desconhecidos.
Assim fiz o que me pediram e toquei a mesma música que tinha tocado no dia anterior. O vulto reapareceu.
Depois de tocar pediram-me que mostrasse algo que eu sabia ou tinha aprendido com os meus professores ali presentes. Mostrei as minhas pinturas, estátuas, coreografia, peça e textos.
Quando cheguei a casa reparei que nunca soube que eram aquelas duas pessoas e a razão de eu ter apresentados os meus trabalhos.
Na seguinte manhã, eu acordei muito energético, talvez tenha sido pela visita de estudo a uma escola de culinária ou então por alguma razão que eu desconheço.
Quando chegamos ao local da visita fomos separados em grupos que por sua vez foram separados em pares. Eu fiquei com uma rapariga nova que tinha entrado dois dias antes.
- O meu nome é James. Como é que te chamas? - perguntei.
- Roxy... - disse ela a medo.
Não percebi o receio dela, mas procurei manter um ambiente em que ela se sentisse segura.
Estávamos a sair de uma das salas quando alguém empurrou a Roxy.
- Estás bem? - perguntei cheio de preocupação - Estás a sangrar. Deixa-me levar-te à enfermaria.
Ela consentiu e eu acompanhei-a à enfermaria.
Ao sair da enfermaria passamos por um corredor aberto que estava visto que estavam todos nas aulas.
Quando dei por isso estava um monte de pedras a cair do céu. Não se via quem ou o que estava a largar as pedras só sabíamos que tínhamos de nos proteger.
Uma pedra gigantesca, talvez a maior delas todas, dirigia-se a nós. Eu saltei e cobri a Roxy.
Passaram-se vários segundos sem haver qualquer impacto. Ao fim de pouco tempo abri os olhos e clarifiquei a minha mente. Isso permitiu que eu conseguisse ouvir a voz de Roxy, que por mais estranho que pareça, estava a cantar. Olhei em volta e reparei que estávamos a ser protegidos por um género de carapaça brilhante. Toquei nas paredes e eram todas feitas de rocha. Parecia impossível, mas tinha acontecido.
Passei alguns dias sem conversar, ler, pintar, escrever, dançar, e outras tantas coisas que costumava fazer.
A certa altura decidi voltar à minha rotina habitual, mas agora tudo o que eu conhecia já não era aquilo que em tempos conheci.
Decidi tocar um pouco de piano para acalmar a alma, mas quando olhei para o piano e voltei a ver o vulto.
Comecei a correr por caminhos que desconhecia na tentativa de fugir ao tal vulto. Corria com todas as minhas forças. Eu estava ofegante e cansado ao ponto de desmaiar.
De repente choquei contra uma parede. Estava num beco sem saída e o vulto estava cada vez mais próximo. Ele estava tão próximo que sentia a sua presença a inundar o meu corpo e a roubar-me os pensamentos. Fui envolvido repentinamente pelo vulto e tudo ficou escuro. Adormeci.
- Toca... Toca.. Toca...
Aquela voz ecoava na minha cabeça sem ter sentido algum.
Acordei numa sala escura com quatro objectos à minha volta. O primeiro era uma jarra com água, o segundo era uma vela acesa, o terceiro era um vaso com terra e o quarto era um cata-vento. Aproximei-me do primeiro e a água elevou-se, do segundo e a chama cresceu, do terceiro e uma árvore nasceu, do quarto e o cata-vento rodou.
Não sabia o que é que se estava a passar à minha volta naquele momento. Estava num lugar desconhecido, provavelmente longe de casa, e coisas estranhas estavam a acontecer.
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Water Drop
FantasyJames é um artista completo. Ele toca piano, pinta quadros, faz esculturas e muito mais. Ele sente-se sozinho e agarrado a uma rotina que não lhe permite viver alegremente. Um dia uma figura estranha aparece e leva-o para um universo paralelo ond...